Hoje trataremos do EP Conversa com o Vento (Lançamento ZL MUSIC New York), do flautista e saxofonista Humberto Araújo
Hoje trataremos do EP Conversa com o Vento (Lançamento ZL MUSIC New York), do flautista e saxofonista Humberto Araújo. Ele, um entusiasta da música contemporânea, nos traz neste trabalho o choro brasileiro e outros gêneros que têm no choro o seu espelho, como samba-canção, bossa nova e valsa choro.
Humberto, com sua visão libertária de mundo, enquanto observa a vida e seus desvãos, cria e toca musica brasileira. Pelo release, sabe-se que os novos temas recém-gravados “nascem na dicotomia entre a nostalgia e a felicidade plena, sugerindo a meditação, a contemplação e a carinhosa busca pela preciosa paz, tão ausente nos tempos de hoje”.
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Ouvindo o EP (as quatro faixas e os arranjos são todos de Humberto), não há como discordar de seu bom senso. Ainda mais que as composições parecem “pedir” versos que seriam bem-vindos, pois exporiam ainda mais a alma de um autor preocupado com a existência de sua gente.
“Conversa Com o Vento”: o tema começa com a flauta em Sol acompanhada pelo violão. O piano dedilha notas. Aqui e ali, a melodia segue com toques do piano. Com o baixo acústico marcando o tempo, tudo segue ritmado pela percussão. Valendo-se de alguns trinados, a flauta se dá aos improvisos, consistentes que só eles – a sonoridade do sopro é leve, fluida.
“Estranho Choro”: a flauta e o violão trazem a melodia delicada. Somada ao sax soprano, a flauta vem com ele em duo aberto. Resta o soprano que improvisa e devolve a bola para a flauta, para logo se ajuntarem novamente em duo. Novo improviso, agora do acordeom, tendo a acompanhá-lo o baixo e a flauta. O arranjo é bonito! Meu Deus!
“Choro de Alegria”: a flauta em Sol e o violão iniciam. Num ritmo suave, a flauta desliza o seu som. O piano elétrico dá o ar de sua graça, o baixo acústico vem com ele. A flauta improvisa. O piano elétrico estende o lençol para que a flauta deite e role ao final.
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“Alfama Deserta”: acompanhada pelo violão, a flauta em Sol leva o tema ao proscênio. Mais uma vez o arranjo traz o piano elétrico para incitar a bela melodia. A flauta em Sol improvisa. O baixo acústico segura as pontas. A flauta e o piano elétrico fecham a tampa do álbum.
Produzir música e deixar-se arrebatar por ela, pensando globalmente, buscando entender o porquê de tanta fome e tanta miséria que subjuga povos inteiros, massacrando-os com a estupidez da força bruta, é o que ilumina a obra sedutora de Humberto Araújo – simples assim.
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Ficha técnica: Humberto Araújo (flautas e flauta em Sol, violão, sax soprano e percussão); Fernando Moura (piano e teclados); Rômulo Duarte (baixo acústico); Luciano Maia (acordeom); Ivan Machado (baixo); Claudio Andrade (piano elétrico), Rômulo Duarte (baixo acústico). Gravação: Oshun do Tejo Studio Productions – Lisboa; mixagem: Rodrigo Campello (Ministereo Studios – Rio de Janeiro); foto e arte: Milton Taylor.
Aquiles Rique Reis
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