Grupo do ex-presidente, com Zé Trovão e outros, compareceu em peso para garantir vitória de Gilberto Nascimento contra Otoni de Paula, próximo de Lula
Mais parecia uma reunião do PL, de Jair Bolsonaro, com as presenças dos moderados aos radicais desse grupo. Mas se tratava da eleição do novo líder da bancada evangélica no Congresso Nacional. Foi com o apoio em peso de bolsonaristas, com dois filhos congressistas do ex-presidente presentes – Eduardo e Flávio – e com voto de Zé Trovão, entre outros, que a oposição elegeu o deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP) presidente dessa frente.
Por uma margem folgada, Gilberto venceu com 117 votos a seu favor, contra 61 dados a seu oponente Otoni de Paula (MDB-RJ), um ex-bolsonarista que contou com o apoio menos escancarado de governistas. Foi a primeira vez que a disputa pela liderança da bancada evangélica foi a voto. As três horas da sessão de votação, fechada para a imprensa, foi acompanhada pelo Canal MyNews, por uma porta de vidro, o que permitiu captar imagens e algumas manifestações.
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Numa das cenas, os próprios bolsonaristas ironizam a presença de tantos deles naquela votação. O deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB), na cadeira da presidência dos trabalhos e no microfone, diz:
“Deputado André Fernandes (PL-CE), Eduardo (Bolsonaro), Paulo Bilynskyj (PL-SP), Flávio Bolsonaro…Vocês têm certeza que aqui é a bancada evangélica? Tem certeza?”, ironizou Gilberto Silva. Próximos a ele, Eduardo e Flávio riram.
Em pé a seu lado, o deputado Delegado Caveira (PL-PA) fez o sinal das armas com as mãos, enquanto outro parlamentar, não identificado e mais ao fundo, afirmou:
“É a bancada BBB, da Bíblia, do Boi e da Bala”.
Gilberto Nascimento teve sua vitória facilitada pela desistência da deputada Greyce Elias (Avante-MG), que retirou sua candidatura e apoiou o nome bolsonarista, que acabou eleito. Ela foi anunciada vice-presidente da frente, ao final da apuração.
Otoni de Paula, aliás, era a apreensão em pessoa durante as horas de votação. Conferindo a lista dos “evangélicos votantes”, ele disparava ligações de celular, andando de um lado ao outro, chamando os parlamentares para votar. Com o apoio do governo, apareceram, do PT, Maria do Rosário (RS), Bohn Gass (RS) e Nilto Tatto (SP).
Contudo, o PL foi com toda sua tropa para derrotar Otoni, que revoltou os evangélicos bolsonaristas por participar de um culto com o presidente Lula, no Palácio do Planalto, recentemente.
Ao final, Gilberto Nascimento garantiu que será um líder da bancada evangélica independente, não atrelado ao governo ou ao bolsonrismo.