Defesa do senador e filho do presidente Jair Bolsonaro tenta provas que anulariam o chamado “caso Queiroz”
por Rodrigo Borges Delfim em 12/12/20 11:06
A família de Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a ser notícia a partir de uma reportagem da revista Época. A publicação noticiou que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) ajudou o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, na defesa no “caso Queiroz”, que revelou a existência de um suposto esquema de “rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro que envolveu o então deputado estadual e seu assessor, Fabrício Queiroz.
No programa Almoço do MyNews, o jornalista Guilherme Amado, autor da reportagem, contou que tudo começou em 25 de agosto, quando advogadas de Flávio foram ao Palácio do Planalto para uma reunião com o presidente Bolsonaro e com Alexandre Ramagem, diretor da Abin. No encontro, elas entregaram uma petição na qual pediram, “em nome da segurança institucional”, que a agência ajudasse na obtenção de provas que provariam a inocência do senador.
A hipótese sustentada pela defesa de Flávio é que o senador foi alvo de uma investigação ilegal por parte de auditores da Receita Federal e que embasaram o inquérito sobre o caso Queiroz. Dessa forma, teriam argumentos para pedir a anulação do processo contra o filho do presidente.
A reunião de agosto foi confirmada em outubro pelo ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, mas classificada como um encontro formal e que nenhuma ação da Abin foi realizada além da entrega da petição.
A reportagem da Época, no entanto, obteve dois documentos da Abin —posteriores a essa reunião — que orientam a defesa de Flávio Bolsonaro sobre como obter as tais provas que acreditam existir e que provariam a inocência do filho do presidente.
Nos documentos, conta Amado, a Abin chega a orientar como os advogados devem se comportar nas reuniões com as autoridades do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), que faz a gestão de dados federais. Sugere ainda que elas peçam pela Lei de Acesso à Informação os documentos ao Serpro, faz uma série de acusações contra servidores e um ex-secretário da Receita, dizendo que eles fazem parte da tal organização criminosa. Também sugere que servidores da Receita sejam substituídos em razão do caso.
“Uma atuação que mostra que a agência foi muito além do que aquilo que o general Heleno disse que ela fez”, complementa Amado.
Segundo Amado, alguns parlamentares já afirmam que vão acionar a PGR (Procuradoria-Geral da República) pedindo investigação sobre o caso. Eles entendem que tanto Ramagem quanto Heleno deve explicar o envolvimento da Abin no caso. Também esperam que o próprio presidente Bolsonaro se pronuncie.
“O presidente não tem como dizer que agiram à revelia dele. O pedido para que a Abin fosse envolvida foi feito numa reunião com ele, confirmada pelo próprio GSI, e o filho dele era quem recebia esses relatórios”, comenta o jornalista.
A pergunta central a ser respondida, segundo esses parlamentares, é se é legal um órgão de Estado se envolver diretamente na defesa de um filho do presidente da República? “Eles suspeitam que não”, finaliza Amado.
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