Eneá Stutz, em ofício à ministra, criticou as “mudanças feitas e as orientações políticas” em relação ao colegiado; pasta não se manifestou
A professora da Unb e pesquisadora Eneá Stutz, que presidiu a Comissão de Anistia de 2023 a início de 2025, deixou o colegiado. A agora ex-conselheira encaminhou seu pedido de desligamento em uma ofício à ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo, com críticas às mudanças feitas pela titular da pasta no colegiado e nas orientações políticas relativas ao trabalho desse colegiado.
O MyNews teve acesso ao pedido e comunicado de desligamento de Eneá e reproduz abaixo o trecho crítico sobre os trabalhos do ministério e da comissão.
“Assim, tendo em vista a decisão de V. Exa. no sentido de fazer mudanças na gestão da Comissão, bem como nas orientações das políticas públicas relativas à atuação da Comissão de Anistia, considerando-se que discordo dos encaminhamentos que têm sido adotados, bem como da própria gestão escolhida por V. Exa, entendo que não tenho mais contribuição a dar no Conselho da Comissão de Anistia, sendo certo que continuarei a colaborar com o campo da Justiça de Transição na reflexão acadêmica e junto aos movimentos da pauta, como tenho feito nos últimos 15 anos”, escreveu Eneá Stutz no ofício.
Na sua gestão, Eneá deu visibilidade ao trabalho da comissão com julgamentos de grupos específicos, como os indígenas, dos chineses perseguidos no Brasil, de camponeses e de perseguidos nas favelas do Rio e também do antigo grupo de aviação Panair, que fechou durante a ditadura.
O Ministério dos Direitos Humanos foi procurado ontem pelo MyNews para se manifestar sobre o tom crítico da mensagem de desligamento de Eneá Stutz, mas, até o momento, não se pronunciou. O espaço segue aberto. A Comissão de Anistia é vinculada a esse ministério.