Senador Humberto Costa (PT-PE) descartou que o deputado federal do PSol vá para a Esplanada; o dirigente elogiou o atual secretário-geral da presidência, Márcio Macêdo
Novo presidente do PT, o senador Humberto Costa (PE) praticamente descartou qualquer chance de o deputado federal Guilherme Boulos (PSol-SP) se tornar ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Em entrevista ao Canal MyNews, Costa afirmou não acreditar que o parlamentar psolista seja nomeado por Lula e elogiou o atual titular da pasta, Márcio Macêdo.
“Não acredito que ele deva ser ministro. Não temos nada contra o Boulos. Não acredito que esse passo seja dado nesse momento”, afirmou Humberto Costa à coluna.
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Interinamente no comando da legenda, até julho, Costa diz que sua principal função é conduzir o partido “sem nenhum racha” no processo até lá. O senador, perguntado, não disse se apoia o nome do ex-prefeito Edinho Silva, de Araraquara (SP), favorito para disputa e com apoio de Lula e José Dirceu.
“Fui apoiado para ser presidente interino. Meu compromisso é conduzir esse processo até a realização do PED (Processo de Eleições Diretas)”, disse o dirigente do PT, que afirmou ainda que, até lá, outros nomes deverão aparecer.
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Sobre a indicação de sua antecessora na direção do PT, a deputada Gleisi Hoffmann, para a articulação política com o Congresso Nacional, Humberto Costa, afirmou que, apesar de a acharem uma “pessoa difícil” e sem diálogo com outras forças politicas, ele confia na sua “versatilidade” e diz se tratar de uma “pessoa muito maleável”.
Qual a principal prioridade do senhor nesse mandato-tampão à frente do PT?
HC – Nossa principal prioridade será a questão da organização, do processo de eleição direta, da unificação do partido em torno d para não termos nenhum racha. Essa é a nossa preocupação principal.
O senhor acha que há risco de racha? O Edinho Silva é um nome de confiança ou precisa ser melhor costurado isso ainda?
HC – Temos ainda um bocado de tempo até as inscrições das candidaturas. Ele é um nome que tem se apresentado, não sei se outros nomes se apresentarão para essa disputa. Outras correntes também estão discutindo a apresentação de seus nomes nesse processo e vamos trabalhar para tentar ter um processo unificado, mesmo que tenha mais de uma candidatura. Importante é que no final tenhamos um processo unificado e de reconhecimento em quem ganhar o processo concreto. Outra questão, que é nossa preocupação, é transformar nosso processo interno, que geralmente é uma disputa política ferrenha, que ele seja grande espaço de mobilização partidária, grande espaço de discussão, de fazer com que centenas de milhares de pessoas possam votar e assim discutir que encaminhamento dar ao partido e que essa mobilização seja maneira de esquentar os motores do partido para 2026.
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O nome do Edinho tem o apoio do senhor? O senhor pode vir a ser candidato?
HC – Fui apoiado para ser presidente interino. Meu compromisso é conduzir esse processo até a realização do TED.
O senhor conduziu as eleições do ano passado pelo PT e, em 2026, haverá uma eleição ferrenha no Senado. O bolsonarismo vem forte querendo fazer muitos senadores e colocar na pauta temas como impeachment do ministro do STF. Como avalia?
HC – O nosso entendimento é que teremos que marchar em uma lógica que é de o partido discutir suas candidaturas, ocupar esses espaços e a gente passar a fazer essa discussão sobre candidaturas da base do governo Lula. Mais importante do que as candidaturas do PT devem ser as que vão garantir apoio de senadores ao futuro governo do presidente Lula.
Lideranças de partidos de sustentação do governo ameaçam em debandar, caso do PP. O senhoe acha que há esse risco e como não perder esses apoios?
HC – Esses partidos estão participando do governo, tem ministérios importantes nesse meio. São 12 ministérios do governo Lula com o Centrão. Ministérios importantes, com orçamentos sólidos, importantes. Então, acredito que será levado em consideração por eles também. Mas o que deve pesar mais é a avaliação política do governo. O governo estando bem, a capacidade de atração política que ele tem é muito grande. Nós acreditamos que, com o passar dos meses, o governo deve recuperar a sua avaliação positiva e aí a gente vai ter com mais facilidade partidos se interessando a compor a nossa base de sustentação e nossa candidatura para o ano que vem.
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Como o senhor avalia a possibilidade de Guilherme Boulos virar ministro (da Secretaria-Geral da Presidência)? Não é um risco?
HC – Não acredito que ele deva ser ministro. O ministro Márcio Macêdo (atual da SGR) está fazendo um bom trabalho. Suponho que o presidente deva mantê-lo. Não temos nada contra o Boulos. Não acredito que esse passo seja dado nesse momento.
A deputada Gleisi na articulação política é a pessoa certa no lugar certo nesse momento?
HC – Sim, acho que sim. Tem muita gente dizendo que a Gleisi é uma pessoa difícil, que não tem diálogo com outras forças políticas. Mas eu acompanhei esse mandato dela como presidente do PT e o que posso lhe dizer é que é uma pessoa, sim, de ter um bom diálogo, é uma pessoa versátil, é dura, faz o enfrentamento que é preciso fazer. Mas também é uma pessoa muito maleável para o entendimento e a negociação, quando isso é o negócio mais importante.