Deputado Henrique Vieira (PSol-RJ) é alvo de chacota, deboche e escárnio por parte de aliados do ex-presidente: “Numa solidariedade tóxica, como se isso fosse bonito e engraçado”, disse o psolista
O deputado Pastor Henrique Vieira (PSol-RJ) segue para mais uma missão, pelo terceiro ano consecutivo, pouco recomendável e desejável a amigos. O parlamentar vai para mais um período de embate com o núcleo mais duro, rudimentar e virulento do bolsonarismo: a turma da bancada da bala, que se junta na Comissão de Segurança Pública da Câmara, um verdadeiro campo minado.
Quase a totalidade dos 61 integrantes indicados para essa comissão até agora compõem a bancada que defende bandeiras pró-armamentista, a favor da redução da maioridade penal e contra a saída temporária para presos com esse direito, a “saidinha”.
Entre esses 61, estão: 2 generais, 6 coronéis, 2 capitães, 11 delegados, 3 sargentos, 1 cabo e 3 policiais federais. Todos esses usam essas patentes nos nomes parlamentares, casos do Delegado Caveira (PL-PA) e General Pazuello (PL-RJ), por exemplo.
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O Pastor Henrique é o líder do governo Lula na comissão, que tem alguns indicados do PT, mas que estão longe da mesma atuação aguerrida do deputado do PSol, que defende posicionamentos bem diferentes dos bolsonaristas presentes nesse colegiado.
A atuação do deputado psolista incomoda os aliados do ex-presidente , que tentam silenciá-lo e usam do deboche e do escárnio para tentar desqualificar suas falas nesse reduto bolsonarista. Foi o que ocorreu na última quarta-feira. O Canal MyNews presenciou o tratamento dispensado ao parlamentar por seus pares.
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Quando o pastor requer a palavra, logo surgem reações paralelas como “vou tapar os ouvidos” ou “não falou ainda esse homem” ou “excelente discurso, pastor”, como aconteceu e está registrado nesse vídeo.
Logo que foi usar a palavra na sessão que escolheu o Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), um extremista de direita, presidente da comissão, o Pastor Henrique, sem ter dado uma palavra, ouviu do Sargento Fahur (PSD-PR):
“Não falou ainda esse homem?”
Na sequência, ouviu de outro bolsonarista, Cabo Gilberto Silva (PL-PB):
“Muito bem, pastor. Parabéns, bom discurso”, e aplaudiu na sequência, com ironia e deboche.
O Pastor fez seu desabafo com esse proceder dos oponentes:
“De todo esse pessoal aqui, ouvi expressões aqui ‘vou colocar algodão no ouvido’, ‘vou sair para lanchar’, desmerecendo o meu trabalho, a minha posição. Repare, eu sequer comecei a falar. O fato de um parlamentar se inscrever, e isso acontece semanalmente aqui, gera uma espécie de chacota. Num ambiente que eu sou absolutamente minoritário”.
“Solidariedade tóxica”
E seguiu:
“Numa espécie de solidariedade tóxica, como se isso fosse bonito e engraçado. Ainda assim, não quero reproduzir na mesma lógica ou responder na mesma moeda por consciência e até pela fé que carrego no meu coração. Não fui ensinado a responder o mal com o mal, a violência com a violência, a humilhação com a humilhação. Prefiro esperar a minha vez e defender as minhas ideias”.
E expôs que seguirá defendendo a população periférica, as mães vítimas de violência, o desarmamento, atacando as milícias e contra a redução da maioridade penal
“Vou continuar dizendo que machismo, racismo e LGBTfobia são modos de violência no país. Vou continuar dizendo que ser negro é ser alvo e que há uma seletividade penal contra pretos e pobres neste país. Até aqui, são as minhas ideias”.