Deputado que conduziu o presidente da Câmara até sua cadeira, ontem, o líder do PDT, Mário Heringer dá detalhes do enfrentamento com os bolsonaristas
O deputado Mário Heringer (PDT-MG), líder desse partido na Câmara, não queria que o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) subisse à Mesa para reassumir o comando da Casa. Entendia o pedetista que o campo estava minado de bolsonaristas. Motta decidiu ir e Heringer disse “então vou junto”.
Nesse relato ao Canal MyNews, o líder do PDT, que aparece nas imagens conduzindo Motta até sua cadeira e se indispondo com bolsonaristas no trecho, conta detalhes dessa caminhada do presidente, que, em determinado momento chegou a tentar voltar para seu gabinete. Uma cena constrangedora e lamentável da política nacional.
“Relutei com o Motta para ela não subir naquele momento. Tinha muito bolsonarista ali. Ele me disse: ‘Mário, não posso esperar mais, tenho que subir’. E disse que ‘sozinho você não vai, vou contigo'”, contou.
Heringer relatou a primeira “barreira” que enfrentaram logo que chegaram em cima.
“O Zé Trovão (PL-SC) nos parou. E disse ao Motta que ele não iria passar. E interferi”, afirmou.
Depois, o desafio de tirar Marcel Van Hattem (Novo-RS) da cadeira da presidência, cena que todo o país viu. O parlamentar de extrema-direita, na cara do Motta, disse que não iria sair.
“Disse a ele: ‘você não pode ficar aí’. É muito constrangedor. E ignorou. Não bastasse, ele ainda perguntou pro Hugo: ‘O que você vai falar aqui?’. Aí, os ânimos se acirraram. Não é papel do Marcel ser o tutor da cadeira”.
O terceiro “empecilho” foi afastar o Luiz Philippe de Orleans e Bragança, que também chegou a sentar na cadeira do presidente em algum momento. Os dois quase foram às vias de fato, mostravam as imagens.
“Tinha um monarquista do meu lado (Luiz Philippe) me constrangendo. E ele estava muito disposto a brigar comigo. Chegou a tirar os óculos e colocar no bolso”, afirmou o pedetista.
O deputado Marcos Pollon (PL-MS) foi outro que embarreirou a volta de Motta à presidência. Ele ocupou uma das cadeiras da Mesa, mesmo com o presidente ali, em pé e atrás, não se levantou. Pollon é o líder da bancada dos CAC, que significa Colecionador, Atirador e Caçador.
Heringer afirmou que toda a cena foi patética e que desde que está na Câmara, chegou em 2003, nunca viu nada parecido.