Para António Guterres, a expansão dos ataques pode acender uma chama incontrolável e é preciso evitar que isso aconteça
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) António Guterres pediu na quinta-feira 21 que se “dê uma chance à paz”. A declaração foi dada em sessão de emergência do Conselho de Segurança a pedido do Irã. O português disse que os confrontos entre Israel e Irã estão se intensificando rapidamente, com um número terrível de vítimas.
Para o secretário-geral, o mundo está a passos largos de uma crise, a caminho do caos. Para Guterres, a expansão deste conflito pode acender uma chama incontrolável e é preciso evitar que isso aconteça. Ele expressou alarme com os casos de civis mortos e feridos, casas, bairros e infraestruturas arrasados, além de ataques a instalações nucleares.
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O dia foi marcado por dezenas de ataques entre forças israelenses e iranianas. Agências de notícias informaram que hospitais dos dois lados sofreram com os ataques e sirenes, explosões, artefatos no céu e fumaça foram observados. Neste sábado, 21, o conflito chega ao nono dia sem sinal de cessar-fogo.
António Guterres destacou a ameaça da questão nuclear reiterando que a não-proliferação é essencial para a segurança de todos. Ele acrescentou que o Tratado de Não-Proliferação Nuclear é um pilar da segurança internacional. Ele pediu que o Irã respeite o tratado, após ter declarado de forma repetida que não busca armas nucleares.
O chefe da ONU disse que é preciso reconhecer que existe uma brecha de confiança. A única maneira de preenchê-la é por meio da diplomacia, estabelecendo uma solução confiável, abrangente e verificável. Essa abordagem inclui o acesso total aos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica.
Guterres fez um apelo pelo fim dos combates e em favor do retorno de negociações sérias. Ao reiterar que o momento é decisivo, instou ao Conselho a agir com unidade e urgência em prol do diálogo. A subsecretária-geral para os Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo, disse que 100 locais e instalações nucleares foram alvos de ataques em território iraniano.
Ela declarou que 224 pessoas foram mortas e mais de 2,5 mil ficaram feridas em ataques israelenses em todo o Irã. O Ministério da Saúde acrescentou que 90% das vítimas eram civis. Já sobre Israel, citou o Gabinete do primeiro-ministro dizendo que ataques iranianos mataram 24 pessoas e feriram outras 915, a grande maioria civis. Os ataques também danificaram casas, levando ao deslocamento de israelenses.
A ONU alerta que qualquer alastramento do conflito poderá ter enormes consequências para a região e para a paz e a segurança internacionais. No âmbito econômico, o impacto global de um potencial interrupção do comércio através do Estreito de Ormuz descrito pelo Banco Mundial como a “passagem de petróleo mais importante do mundo”.
*Com informações da ONU News