Ingrid Gaigher e o impacto de Vale Tudo: “As novelas ainda influenciam o Brasil” Foto: arquivo pessoal

Ingrid Gaigher e o impacto de Vale Tudo: “As novelas ainda influenciam o Brasil”

No ar com a personagem Lucimar, a atriz contou em exclusiva para o MyNews, a importância das telenovelas no país e na sociedade

No ar e no papel de Lucimar, na novela Vale Tudo, Ingrid Gaigher levou leveza, humor e temas de relevância pública à sua personagem. Na maior parte do tempo, ela busca o melhor para o filho e enfrenta diversos embates sobre a pensão alimentícia dele. O caso ganhou destaque e provocou um aumento de 300% nas buscas relacionadas à Defensoria Pública nas redes sociais.

Ao MyNews, a atriz e também diretora fala sobre a importância de interpretar Lucimar, se acompanhou a versão original de Vale Tudo (1988/1989) e como iniciou sua carreira. Ingrid conta que começou no balé e no teatro ainda criança.

Ingrid: Minha carreira artística começou na dança. Comecei aos sete anos a estudar balé clássico e sempre soube que a dança seria um caminho para o teatro. Tinha essa consciência desde muito cedo. Aos 16 anos, procurei a CAL (Casa das Artes de Laranjeiras), que foi minha faculdade, mas me solicitaram para esperar dois anos, já que só é permitido ingressar a partir dos 18. Quando completei 18, entrei na CAL e, dito e feito, lá descobri que também sabia cantar. Fiz cursos de aprofundamento em teatro musical e comecei a trabalhar na área logo após me formar.

Entrada em Vale Tudo

Ingrid: Foi graças à dança que entrei nos musicais. Dos musicais, segui para o audiovisual, depois para o cinema e as séries, até surgir a oportunidade de fazer Vale Tudo. Escrevi um solo teatral chamado Canções para Matrimônio — Volume 1, que está disponível completo no YouTube. A produtora de elenco Patrícia Racha foi me assistir, lembrou da minha veia cômica, já que nesse espetáculo eu interpretava uma personagem com lados cômico e dramático, e me indicou para o teste de Vale Tudo, no qual acabei sendo escolhida para viver a Lucimar. 

Sobre a versão de 1988

Ingrid: Eu não acompanhei a novela de 1988, mas estava muito ansiosa pela expectativa natural de comparação entre a versão original e a nossa. Tenho muita facilidade em imitar, pegar trejeitos e vozes, então evitei ao máximo reproduzir o trabalho da Maria Gladys, que foi irretocável e um grande sucesso.

Importância da Lucimar

Ingrid: A Lucimar atual conversa muito com as mulheres de 2025. Ela mantém o lugar que esse arquétipo sempre ocupou na nossa sociedade, o da mulher batalhadora, que trabalha como faxineira, mas tem uma personalidade forte. Isso dialoga com as mulheres brasileiras, que vivem em uma cultura que as convida ou exige que sejam fortes, criativas e versáteis, precisando se desdobrar em cinco ou dez versões para dar conta de tudo, seja para pagar as contas ou cuidar da família, responsabilidade que ainda recai majoritariamente sobre as mulheres.

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Assim como a Lucimar de 1988, a versão atual ocupa um lugar de representatividade muito marcante da mulher brasileira. Conseguimos, mesmo com uma comicidade mais branda que a original, trazer leveza, esse aspecto solar da personagem, sua característica fofoqueira e carismática, mas também todo o drama que existe por trás dessa presença luminosa. Acho isso muito positivo, porque realmente representa as mulheres de hoje, sobretudo as brasileiras.

Dimensão de Vale Tudo e recepção nas ruas

Ingrid: Percebi que, na verdade, a gente esqueceu da dimensão que a novela brasileira tem para o nosso público. Não só pela importância cultural, mas também pela capacidade de alcançar todos os cantos do Brasil. A novela não serve somente para entreter, ela ocupa um espaço gigantesco na nossa cultura, tão fundamental quanto o futebol. Acho que a gente naturalizou isso e acabou esquecendo que somos uma verdadeira indústria, a nossa Hollywood brasileira são as novelas.

Acho muito potente termos um veículo que se comunica de forma tão pulverizada e diversa, capaz de chegar a todos os estados desse país continental. A Lucimar trouxe esse sintoma do poder que as novelas têm. Não é somente entretenimento, é também uma forma de comunicar imaginários, possibilidades, saídas, soluções e denúncias. Considero essencial relembrar isso, especialmente em tempos de influencers e debates sobre o poder da influência. As novelas também influenciam e podem exercer esse papel de maneira positiva.

Fiquei muito emocionada e ganhei ainda mais força depois que vivi a possibilidade de transformar a realidade através do meu trabalho.

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