Num momento em que o jornalismo profissional sofre ataques de todos os lados, da desinformação à asfixia financeira, é um alívio e uma esperança ver nomes como Guilherme Amado apostando em um voo solo.
O jornalista, que passou pelas redações de Época, Veja, O Globo, Metrópoles e construiu uma carreira respeitada no jornalismo investigativo, acaba de lançar seu próprio canal: Amado Mundo.
Guilherme chega ao ecossistema do jornalismo independente com aquilo que esse ambiente mais precisa: credibilidade, experiência e faro de repórter. E chega com coragem porque não é fácil abrir mão do conforto de uma estrutura já consolidada para construir algo próprio em um mercado onde a audiência é exigente, os algoritmos são impiedosos e os custos, cada vez mais altos.
E eu sei exatamente do que estou falando. Há sete anos, decidi também empreender no jornalismo, criando o canal MyNews. Ao longo desse tempo, aprendi que o maior desafio não está apenas na produção de conteúdo de qualidade, algo que os independentes amam fazer, com paixão, esforço e um senso profundo de responsabilidade com a informação, mas naquilo que nunca nos ensinaram: administração, finanças, recursos humanos, planejamento estratégico. São áreas fundamentais para manter o jornalismo vivo e sustentável, mas que nos exigem reaprendizados diários.
Nesse ponto, Guilherme já larga com uma vantagem: sua experiência como cofundador da Redes Cordiais, organização voltada à promoção de um debate público mais saudável nas redes, mostra que ele entende a importância de estrutura, planejamento e impacto. Não é só sobre fazer jornalismo, é sobre garantir que ele continue existindo, com autonomia e sustentabilidade.
O lançamento do Amado Mundo é também uma declaração de princípios: é possível, sim, fazer jornalismo com independência editorial, transparência financeira e compromisso com o público. Mas é preciso mais gente com coragem e preparo para ocupar esse espaço. É por isso que a chegada de Guilherme Amado ao jornalismo independente é tão significativa. Não apenas por ele, mas por tudo o que representa.
Tomara que seja apenas o começo de um novo capítulo, para ele, para o jornalismo e para todos nós que acreditamos que informação de qualidade é uma das últimas linhas de defesa da democracia.
Conversei com ele em Lisboa e você pode ver a íntegra deste papo aqui.
O canal Amado Mundo já está no ar no YouTube e nas principais redes sociais. Vale acompanhar. Vale apoiar.