Evandro venceu nas urnas. André, nos algoritmos. Fortaleza vira laboratório da esquerda para 2026 e símbolo da disputa entre razão e emoção na política digital.
“O nosso grande trabalho é descentralizar a concentração de renda para que as políticas públicas possam chegar efetivamente nas pessoas e elas possam ter sua autonomia financeira”, disse Leitão em entrevista exclusiva ao MyNews.
Metade da população de Fortaleza tem forte dependência de políticas sociais e transferência de renda.
“Isso não é feito num estalar de dedos. São necessárias políticas públicas, fiscal e monetária no governo federal. Mas, no que concerne ao governo municipal, temos que dar acesso às pessoas ao emprego e ao empreendedorismo — e aí precisamos capacitar”, acrescentou o prefeito.
Fortaleza foi a única capital brasileira onde o PT saiu vitorioso em 2024. Uma conquista significativa para um partido que enfrenta desafios crescentes no Sudeste e precisa manter o domínio no Nordeste para sonhar com a continuidade no poder.
Com mais de 2,5 milhões de habitantes, a cidade é um ativo estratégico. Mais do que um colégio eleitoral expressivo, tornou-se um termômetro da tensão entre a institucionalidade petista e a retórica disruptiva da nova direita.
📍 Assista à entrevista completa com o prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão, no MyNews:
O MyNews foi até Fortaleza conversar com o prefeito, que garantiu que a cidade será vitrine e aliada do presidente Lula para sua reeleição. Para isso, está investindo fortemente em saúde, segurança e tecnologia.
A Ativaweb Inteligência Digital mergulhou nos dados para entender o que acontece depois do voto. Usando a ferramenta Ativa Data Insight, foram analisados milhares de dados públicos do Instagram entre maio e junho de 2025, revelando o novo campo de batalha: a disputa por atenção, engajamento e pertencimento nas redes sociais.
Evandro Leitão mostra força na base local: cerca de 68% de seus seguidores estão em Fortaleza, confirmando a aderência ao eleitorado que o elegeu. Seu conteúdo institucional, focado em entregas, prestação de contas e eventos, mantém a coerência de um gestor público.
No entanto, enfrenta um desafio: engajamento médio de apenas 0,88%, com tendência de queda.
“A racionalidade não viraliza”, resume Alek Maracajá, sócio da Ativaweb. “O discurso técnico é importante, mas não basta. Em tempos de hiperconexão, o emocional pesa mais que o argumento.”
André Fernandes segue como um fenômeno digital. Derrotado nas urnas, mas vencedor nos algoritmos. Com 2,2 milhões de seguidores e uma taxa de engajamento de 8,32%, opera como influenciador político.
Sua base é difusa — apenas 10,58% está em Fortaleza —, mas altamente mobilizada. Seus conteúdos inflamados, com moralismo religioso e indignação performática, o colocam no centro da atenção digital.
“A eleição não é mais um duelo de propostas. É uma guerra de códigos narrativos que disputam afeto, indignação e pertencimento”, diz Maracajá.
Com o futuro em mente, a grande pergunta é: Fortaleza será apenas uma vitrine para Lula ou se tornará um laboratório de reconexão emocional com o eleitorado?
A cidade pode ser o ponto de partida para uma nova estratégia do campo progressista — mais conectada, simbólica e atenta às dinâmicas digitais.
O contraste entre os estilos de comunicação revela uma mudança profunda no jogo político:
Fortaleza mostrou que vencer uma eleição é diferente de vencer a narrativa. Evandro venceu no voto. André domina no feed. E Lula sabe disso.
A capital cearense será peça-chave na engrenagem petista para 2026 — tanto como símbolo de resistência quanto como experimento de reconexão.
“A política saiu do palanque e entrou no feed. Quem ignora essa mudança não perde só a eleição — perde a narrativa.”
— Alek Maracajá