CPMI do Banco Master é o teste de fogo para a dignidade do Congresso

Quando o dinheiro da classe média trabalhadora, conquistado com esforço diário, horas extras e renúncias silenciosas, simplesmente desaparece, a divisão entre esquerda e direita perde o sentido. Nesse cenário, homens e mulheres acordam cedo, trabalham a vida inteira e guardam cada real com sacrifício. Eles planejam realizar sonhos, custear tratamentos médicos ou, acima de tudo, garantir segurança na velhice. Justamente por isso, a proposta de uma CPMI para investigar o Banco Master deve surgir como um raro ponto de convergência no Congresso. Essa investigação possui o potencial de se tornar um marco para milhares de brasileiros. Ela pode depurar o mercado de capitais e reconstruir a confiança da sociedade em seus representantes.

Além disso, a iniciativa das deputadas Heloísa Helena e Fernanda Melchionna coloca o Parlamento diante de uma escolha histórica: continuar refém de disputas políticas estéreis ou assumir o papel de fiscalização que a Constituição lhe atribui. Dessa forma, uma CPI forte, plural e tecnicamente qualificada pode sinalizar que existem limites para abusos financeiros. Com isso, o interesse público passaria a prevalecer sobre alianças circunstanciais, pressões econômicas e omissões convenientes.

Atualmente, o Banco Master representa o caso mais barulhento de abusos financeiros dos últimos anos, tanto pelo volume de recursos quanto pelo perfil das vítimas. Entretanto, ele está longe de ser um episódio isolado. Na verdade, o que se revela é um ambiente permissivo, onde práticas duvidosas se repetem e se sofisticam enquanto aproveitam brechas regulatórias e a lentidão institucional.

A série A Grande Mentira, exibida pelo canal MyNews, expôs essa escalada ao mostrar como promessas de segurança escondem riscos elevados e estruturas opacas. Como resultado, essa sucessão de casos coloca em xeque não apenas as instituições financeiras, mas também os mecanismos de controle e fiscalização do Estado.

Em última análise, ao investigar esses esquemas a fundo, a CPMI pode transcender o sistema financeiro. Desse modo, ela ajudará a iluminar relações e omissões que atravessam órgãos reguladores e alcançam o Judiciário. Mais do que apenas apontar culpados, essa investigação tem o poder de proteger o cidadão comum, restaurar a confiança no mercado e resgatar a dignidade do Parlamento — um ganho raro, urgente e indispensável para a democracia brasileira.