Ex-presidente Jair Bolsonaro depôs, nesta terça (10), como réu no processo que apura a tentativa de golpe em 2022; veja os principais destaques
Ex-presidente Jair Bolsonaro depôs, na tarde desta terça-feira (10), como réu no processo que apura a suposta tentativa de golpe em 2022. Acompanhado de seus advogados, ele se sentou a frente do Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do processo, e Luiz Fux.
Como réu, Bolsonaro teve direto ao silêncio, podendo se recusar a responder as perguntas.
Em resposta, Bolsonaro apresenta uma fala do ministro do STF Flávio Dino que, após perder as eleições para Governador do Maranhão em 2010, afirmou, sem apresentar provas, ter sido vítima de fraude nas urnas eletrônicas.
À época, Dino disse que o sistema precisava ser aprimorado para ser “melhor auditado”.
Em seguida, o ex-presidente apresentou um relatório dos peritos federais que, supostamente, atesta a vulnerabilidade do sistema eleitora sem o voto impresso.
Após o ministro ler uma troca de mensagens em que o o ex-presidente acusa ministros do STF de receberem milhões de dólares em propina, Bolsonaro pede desculpas e diz que não haviam provas.
“Me desculpe, não tinha essa intenção”, respondeu o réu, afirmando que estava apenas desabafando em uma conversa privada.
Ex-presidente responde que tinha contado com Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), mas que nunca conversou com ele sobre uma suposta operação da corporativa nas rodovias do Nordeste para impedir eleitores de exercerem o direto ao voto no 2º turno das eleições de 2022.
No dia 09 de agosto de 2023, Silvinei foi preso pela Polícia Federal (PF). De acordo com a investigação, o ex-diretor-geral da PGR teria determinado “policiamento direcionado” durante uma reunião de gestão no dia 19 de outubro de 2022. Ele foi solto um ano depois, em agosto de 2024, por determinação de Moraes, que entendeu que os motivos que levaram à prisão preventiva não se sustentavam mais.
Sem responder ao questionamento diretamente, Bolsonaro diz que gostaria de ter acesso a suposta minuta. De prontidão, o ministro relator afirma que o documento foi juntado aos autos.
O ex-presidente, então, diz que nunca considerou agir contra as disposições previstas em lei ou na Constituição.
Moraes insiste, afirmando que, em entrevista coletiva após a decisão da Primeira Turma do STF que aceitou a denúncia contra os réus do núcleo 1, o ex-presidente disse que teve acesso ao documento. Ele pergunta, então, se a minuta foi apresentada ao co-réu Almir Garnier, ex-comandante da marinha.
“Foi passado na tela”, responde Bolsonaro.
A reunião com os três comandantes foi um ponto bastante explorado durante o interrogatório do tenente-coronel e ex-ajudante de ordens Mauro Cid, na tarde de segunda-feira (9). Na ocasião, o réu colaborador afirmou que o esboço da minuta foi entregue ao ex-presidente pelo ex-assessor de Assuntos Internacionais Filipe Martins.
Ainda segundo Cid, após receber e ler o documento, Bolsonaro “enxugou” o texto para retirar a previsão de prisão das autoridades do Poder Judiciário e do Poder Legislativo e manter, apenas, a detenção de Moraes.
Durante breve momento de descontração, o ex-presidente pediu autorização para brincar com Moraes. Após rápida autorização dos advogados, o ex-presidente convida o ministro do STF para ser seu vice-presidente em 2026.
Rindo, Moraes disse que declina a proposta.
Bolsonaro diz que se não houvesse dúvidas sobre as urnas, hoje ele não estaria no banco de réus no STF . Moraes o rebateu:
“Não há problema com a urna elletrônica e esse inquérito não tem nada a ver com isso. Nada a ver”
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