Com alegado Alzheimer, Heleno ironizou Centrão, foi ministro e articulou golpe

Está nas mãos de Alexandre de Moraes conceder ou não prisão domiciliar ao general Augusto Heleno, preso numa sala no Comando Militar do Planalto. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, se convenceu de que o militar condenado a 21 anos por tentativa de golpe padece de Alzheimer e defende a transferência para sua casa.

No pedido, Heleno argumenta sofrer essa doença, caracterizada pelo esquecimento, desde 2018. Mas nesse período, até recentemente, não pareceu, ou não foi alegada, como empecilho para uma sequência de fatos dos quais foi protagonista. Listamos alguns.

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No mesmo 2018, Heleno se destacou na convenção do PSL, no Rio, que oficializou a candidatura de Jair Bolsonaro. No seu discurso ironizou e atacou o Centrão ao entoar uma versão própria comparando esse grupo político a corruptos: “Se gritar pega Centrão, não fica um meu irmão”. Bolsonaro venceu e precisou do Centrão, que protegeu seu mandato e, no Congresso, não o afastou do cargo.

Em 2019, com a posse do novo governo, assumiu o ministério do comando do GSI. Nesse cargo, chegou a ir a audièncias na Câmara e mostrou energia no enfrentamento com a oposição. Num desses episódios, bateu boca com a deputada Sâmia Bonfim, do PSol paulista.  Questionada pela parlamentar da razão de não ter repudiado declaração de Eduardo Bolsonaro a favor de novo AI-5, Heleno respondeu, irritado: “A senhora vai me torturar para eu falar?!”.

Na conhecida e gravada reunião de julho de 2022, propôs uma “virada de mesa”, dando um soco na própria e propôs infiltrar agentes nas campanhas eleitorais. Foi interrompido pelo próprio Bolsonaro, que disse que tratariam desse assunto em outro momento.

E, na sequência, outras tramas e preparativos para um golpe. Mas não era sabido que o general Heleno, apesar de tudo, era acometido por Alzheimer.