Ministro de Lula sofreu dupla ofensiva do Congresso, dos presidentes da Câmara e do Senado, e balança no cargo; mas o presidente não é pautar demissão de auxiliar por pressão externa
O esforço do ministro Fernando Haddad para manter de pé o ajuste fiscal está prestes a colapsar. E não por falta de dados, nem de argumentos técnicos, mas por ausência de algo mais fundamental: apoio político. O episódio do IOF escancarou o que muitos já percebiam nos bastidores — o presidente Lula nunca comprou, de fato, o modelo de política fiscal que seu próprio governo anunciou com pompa no início do mandato.
O aumento do IOF, que precisa ser aprovado pelo Congresso, mas que agora subiu completamente no telhado, é uma medida impopular. Como são, aliás, quase todas as ações necessárias para equilibrar um orçamento pressionado por gastos obrigatórios e receitas instáveis.
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O problema é que, mais uma vez, Haddad foi lançado ao campo de batalha sem retaguarda. Nem Lula, nem os principais líderes do governo entraram em campo para defender a proposta. E o que deveria ser uma prioridade — garantir os recursos previstos para 2025 — virou mais um embate solitário da Fazenda.
E, a partir desta quinta, está tendo que engolir a declaração do presidente da Câmara, Hugo Motta, que classificou suas medidas tributárias de “gambiarras”. Pesado.
Outro porém: o debate fiscal segue sendo conduzido por atalhos. Toda vez que o buraco aparece, a solução imediata é aumentar impostos. Não se discute corte de despesas, revisão de incentivos, nem uma reforma administrativa consistente. A equação tem sido sempre a mesma: receita maior a qualquer custo. E o custo político, quem paga é Haddad — que já avisou que, se o IOF cair, não há alternativa fácil para cobrir o rombo.
2026 está aí, e não suporta medidas impopulares
Enquanto isso, Lula segue fiando suas convicções numa política de estímulo à demanda — aumenta-se o consumo, espera-se o crescimento e com ele a arrecadação. Pode funcionar? Talvez. Mas está em absoluto desacordo com o arcabouço fiscal aprovado pelo próprio governo, que parte do pressuposto de controle de despesas e metas críveis. O impasse agora é menos técnico e mais político: afinal, qual é a política fiscal deste governo? A que está no papel ou a que Lula acredita?
A dúvida se agrava com um dado que nenhum analista ignora: a campanha de 2026 já começou. E, com ela, o espaço para decisões impopulares diminui, a coerência técnica cede, e a racionalidade passa a ser comandada pela política. Nesse cenário, o risco é um só — o ajuste virar apenas discurso, e o país, mais uma vez pagar a conta da hesitação com escalada de juros e inflação, não necessariamente nesta ordem.
Haddad, em condições normais, deveria colocar o cargo à disposição.
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