Em 2024, a Revista Legado acompanhou a entrega do Prêmio Almirante Álvaro Aberto à cientista na Serra da Capivara
A arqueóloga Niède Guidon, que dedicou sua vida a consolidar a arqueologia brasileira e a preservar a Serra da Capivara, no Piauí, morreu, aos 92 anos, nesta quarta-feira (4). A informação foi confirmada pelo parque, mas a causa da morte não foi divulgada.
Filha de mãe brasileira e pai francês, Niède nasceu em Jaú, São Paulo, e se formou em História Natural pela Universidade de São Paulo. Na década de 1960, ela viu, pela primeira vez, as pinturas rupestres da Serra da Capivara em uma exposição no Museu Paulista.
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Anos depois, em 1977, ainda encantada com as pinturas rupestres brasileiras, Niède, que terminou o doutorado na Université Paris 1 Pantheon-Sorbonne sobre as pinturas em Várzea Grande, retornou ao Brasil como Chefe da Missão Franco-Brasileira do Piauí e coordenadora do Acordo CNPq-CNRS para a Universidade Federal do Piauí, onde criou a
pós-graduação em Arqueologia.
Niède participou ativamente da criação do Parque Nacional Serra da Capivara, destinado à preservação dos vestígios arqueológicos da presença humana na América do Sul, tendo, até mesmo, sido alvo de ameaças de proprietários de terra que não aceitavam a desapropriação do terreno.
Em maio de 2024, a arqueóloga recebeu o mais renomado prêmio científico do Brasil: o Prêmio Almirante Álvaro Alberto de Ciência e Tecnologia. Niède não pode comparecer presencialmente a entrega do prêmio, mas recebeu seis membros da direção do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na Serra da Capivara.
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O atual presidente do CNPq, Ricardo Galvão, acompanhou cada momento da entrega da premiação e escreveu, para a Revista Legado, um artigo dedicado à trajetória da antropóloga e à exaltar sua contribuição para o estudo da pré-história da América do Sul.
“Niède recebeu a premiação de nossas mãos com humildade, em companhia de suas colegas pioneiras nos trabalhos na Serra da Capivara, Anne Marie Pessis, atual Diretora Presidente da FUMDHAM, Daniela Cisneros e outras. Como uma pesquisadora de espírito nobre, realçou que o prêmio, na verdade, era um reconhecimento para toda sua equipe, que sempre trabalhou com grande dedicação e desprendimento na pesquisa arqueológica em condições bastante adversas”, relatou Galvão. “Ela encantou-se com o presente, colocando-o em cima de sua mesa de trabalho ‘para atrair ainda mais pesquisadores para este maravilhoso sítio arqueológico’, alertando que ainda há muito mais a ser descoberto.”
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