Presidente só reassumiu o cargo após às 22h desta quinta e criticou o ato, dizendo que a “obstrução física não fez bem a Casa”
Depois de 30 horas de motim e ocupação da Mesa Diretora da Câmara por um grupo de parlamentares bolsonaristas, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), conseguiu reassumir sua cadeira na noite desta segunda-feira, quando passava das 22h.
Mas, antes de chegar para ocupar o lugar, Motta enfrentou uma uma tentativa isolado de recuo no acordo. É que Marcel Van Hattem (Novo-RS) resistiu e não queria largar o assento do presidente. Motta chegou a dar passos atrás.
Num discurso em meio ao tumulto no entorno da Mesa, Motta criticou a ocupação dos bolsonaristas, e afirmou que a democracia não pode estar ameaçada nem pode ser negociada e que a obstrução não foi boa para a instituição.
“Projetos pessoais não podem estar à frente do povo. O que aconteceu, de obstrução física, não fez bem a essa Casa. O dia começou obscuro e termina com clareza”, afirmou Motta no seu discurso.
Os bolsonaristas pressionam os presidentes das duas casas a colocar na pauta de votação o projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro, que beneficiaria Jair Bolsonaro, apesar de nem ter sido condenado.
Durante essas 30 horas, os aliados do ex-presidente usaram uma “mordaça”, de esparadrapo, simbolizando uma não existente censura a eles. A todo momento, eles retiravam o ornamento, ora para comer, tomar água ou dar entrevistas.
No final, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que houve um acordo entre os líderes de alguns partidos para pautar semana que vem o fim do foro privilegiado, que levaria para a primeira instância ações contra parlamentares, que hoje respondem no STF. E falou também que há acordo para votar a anistia.
“O momento do país é gravíssimo, temos um Poder Legislativo de cócoras para o Poder Judiciário. Essa ocupação feita pelos guerreiros parlamentares teve como objetivo principal a volta das prerrogativas do Congresso Nacional. E foi fruto de um acordo. Obtivemos compromisso de líderes de alguns partidos para votar o fm do foro privilegiado semana que vem. E também a anistia”, disse Sóstenes.
Durante o dia, foi ventilada hipótese de Motta punir com suspensão de mandato os deputados envolvidos com o motim, mas Motta não tocou nesse assunto no seu discurso.