O deputado Pedro Paulo durante entrevista no Fórum de Lisboa, nesta quarta | Foto: Cezar Fernandes/MyNews

Motta sinaliza aliado de Haddad um nome para a saída fiscal

Presidente da Câmara cita Pedro Paulo (PSD-RJ) como alguém para auxiliar, e até tocar, matérias fiscais na Câmara; ele já relata a reforma administrativa

De Portugal pode estar saindo uma saída para a crise governo versus Congresso após o episódio do decreto do IOF. E um nome novo surge nesse cenário, o do deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), anunciado e escalado por Hugo Motta, presidente da Câmara, para uma das missões mais difíceis e estratégicas em 2025, além de tocar a reforma administrativa, missão já ocupada pelo parlamentar fluminense.

Pode “sobrar” para Pedro Paulo a tarefa de costurar uma saída fiscal para o país, conduzindo esse trabalho na Câmara. Uma função complexa e cheia de armadilhas políticas, mas pode ser só o começo desse papel ainda maior. A julgar pelas palavras de Hugo Motta, o nome de Pedro Paulo tende a crescer no centro das discussões sobre o equilíbrio fiscal do país.

“Minha missão hoje é a reforma administrativa”, disse Pedro Paulo, nessa manhã, em Lisboa. Mas ele não esconde que está preparado para voos mais altos, com boa dose de ânimo. Se Hugo Motta quiser entregar a ele um pacote mais amplo de mudanças fiscais, ele já tem propostas prontas para colocar na mesa. E falou com desenvoltura sobre o tema.

Uma delas é o corte linear de 10% nos chamados gastos tributários — as renúncias fiscais concedidas pelo governo.

“É a única forma de enfrentar os lobbies. Com um corte horizontal, você não escolhe quem vai perder. Todos perdem um pouco”, explica.

Pedro Paulo também defende uma discussão mais ampla sobre os vínculos constitucionais que engessam o orçamento e sobre a possibilidade de desvincular os benefícios sociais do salário mínimo. A reforma administrativa, nesse contexto, seria o primeiro passo de uma revisão mais ampla do modelo de gasto público brasileiro.

Nesta entrevista ao MyNews, Pedro Paulo detalha o que está em jogo, o que está sendo desenhado nos bastidores e o que ainda falta para o Brasil finalmente encarar com seriedade o desafio fiscal. Ao contrário do discurso nós contra eles, sua linha é de unirmos todos. Cada um precisará dar sua contribuição, inclusive o judiciário com seus super salários.

Próximo de Haddad

Pedro Paulo é um do vice-líderes do governo na Câmara e é muito próximo da Haddad, a quem não poupa elogios. Na entrevista em Portugal, o deputado falou ainda em mexer nos repasses de saúde e educação, com a clareza de que é uma medida nada simpática ao mundo petista.

“Sei que não é fácil, sou político também. Mas é preciso conversar”.