Réu no ato golpista, Garnier considera Aldo “um grande patriota” Almir Garnier, ao lado de Bolsonaro e do general Paulo Sérgio, durante desfile de tanques fumegantes na Esplanada, em 2021 | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil 8 DE JANEIRO

Réu no ato golpista, Garnier considera Aldo “um grande patriota”

Ex-ministro da Defesa de Dilma Rousseff recebeu ontem ameaça de prisão de Alexandre de Moraes durante depoimento a favor do ex-comandante da Marinha

Arrolado como testemunha de defesa do ex-comandante Almir Garnier, da Marinha, na ação penal sobre os atos golpistas, o ex-ministro Aldo Rebelo chegou a receber, ontem, ameaça de voz de prisão por parte de Alexandre de Moraes, que entendeu ter sido desacatado.

Não é de hoje a estreita relação de Aldo com os militares, que já foi ministro da Defesa de Dilma Rousseff por sete meses, de 2015 até o impeachment, em 2016. O ponto de convergência entre a velha turma do PCdoB, caso de Aldo, com as Forças Armadas está na defesa do nacionalismo.

Elogio público a Aldo

E em plena campanha do governo de Jair Bolsonaro contra a urna eletrônica e pela defesa da implantação do voto de papel, Garnier fez um elogio público a Aldo em agosto de 2022, na porta das eleições presidenciais. Foi numa audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. Estavam presentes todos os comandantes das Forças e o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira.

Garnier classificou Aldo como um “grande patriota”.

“Prezado deputado Pedro Vilela, alagoano ilustre, cuja família tem raízes em terras de muitos ilustres parlamentares da vida nacional, inclusive o nosso amigo, o ministro da Defesa Aldo Rebelo, grande patriota e um homem de grande cultura, com quem aprendi muito. Sei que Vossa Excelência é muito ligado a ele” – disse o militar. Vilela era o presidente da comissão que organizava a audiência.

Garnier foi o único dos três comandantes à época do final do governo passado que aceitou aderir a uma tentativa de impedimento da posse de Luiz Inácio Lula da Silva, segundo depoimento de seu Baptista Jr, da Aeronáutica.

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Durante o depoimento como testemunha de defesa, Aldo foi questionado se seria possível Garnier mobilizar sozinho as tropas para apoiar o plano golpista. Aldo respondeu que era necessário considerar o que é uma “força de expressão”na língua portuguesa.

“É preciso levar em conta que, na língua portuguesa, nós conhecemos aquilo que se usa muitas vezes, que é a força da expressão. A força da expressão nunca pode ser tomada literalmente.”

Insatisfeito com a ponderação, Moares questionou se o ex-ministro estava na reunião quando Garnier usou a expressão. Aldo negou. “Então, o senhor não tem condição de avaliar a língua portuguesa naquele momento. Atenha-se aos fatos”, orientou Moraes.

A testemunha rebateu o ministro, afirmando que não admitiria a censura. Moraes, então, alertou que Aldo poderia ser preso por desacato caso não se comportasse.

Por fim, o ex-ministro negou a possibilidade de um comandante ser capaz de mobilizar as tropas por decisão unilateral.

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