Jornalismo Independente
Sean Combs, produtor musical e empresário | Foto: Nicolas Richoffer/Wikimedia Commons
VITÓRIA DA DEFESA
O magnata da indústria musical foi absolvido das acusações mais graves de associação criminosa e tráfico sexual
O produtor musical, cantor, rapper e empresário Sean Combs foi condenado, na manhã desta quarta-feira (2), pelo crime de transporte para fins de prostituição cometido contra duas ex-namoradas, a cantora Cassie Ventura e Jane (pseudônimo utilizado para preservar a identidade da vítima).
A justiça dos Estados Unidos (EUA) denunciou o bilionário por cinco delitos, mas o júri entendeu pela inocência nas acusações mais graves de conspiração para extorsão (suspeita de comandar um esquema criminoso para facilitar o tráfico sexual, a distribuição de drogas, a coerção e a violância) e de tráfico sexual por meio de força, fraude ou coerção, também envolvendo as ex-namoradas. Após a leitura do veredito, Combs se ajoelhou no chão, apoiando as mãos e a testa no assento da própria cadeira, aparentemente rezando.
O julgamento, que não pôde ser filmado ou fotografado, durou dois meses. O réu estava preso de forma preventiva desde setembro. A decisão dos jurados, considerada uma vitória para a equipe de defesa, foi celebrada por apoiadores do cantor que estavam do lado de fora da corte federal.
Sean John Combs, também conhecido como P. Diddy, Puff Daddy e Brother Love, é um rapper, compositor, compositor, produtor musical e empresário norte-americano de 55 anos. Ele começou sua carreira na indústria da música como estagiário da Uptown Records, uma das gravadoras mais famosa dos EUA, em 1990. Mas, apenas quatro anos depois, fundou sua própria gravadora: a Bad Boy Records.
Em um primeiro momento, Combs tentou, sem sucesso convencer o rapper Tupac Shakur, considerado um dos maiores e mais influentes rappers de todos os tempos, a assinar com sua gravadora. Diddy acabou descobrindo e lançando o rapper Notorious B.I.G (Christopher Wallace), que se também se tornou um dos maiores nomes do hip hop. Tupac e B.I.G acabaram se tornando os principais personagens da rivalidade entre as gangs da Costa Oeste e da Costa Leste, ambos foram assassinados à tiros em situações semelhantes em 1996 e 1997, respectivamente.
Após o assassinato de B.I.G, Combs lançou um de seus álbuns mais famosos, “No Way Out”. O álbum foi premiado com um Grammy e, com o sucesso, o produtor fez ainda mais fortuna com empreendimentos de bebidas alcoólicas e do ramo da moda. Combs se cercou de outras celebridades, como o cantor Jay-Z e o ator Ashton Kutcher. Segundo a “Vanity Fair”, a festa de 50 anos do empresário, em 2019, contou com a presença de Beyoncé, Kim Kardashian, Leonardo DiCaprio, Snoop Dog, entre outros famosos.
Combs foi formalmente acusado pela primeira vez por sua ex-namorada Cassie Ventura, em novembro de 2023, por abuso sexual. De acordo com ela, o empresário “exigia que ela se envolvesse em atos sexuais forçados” e a obrigava a manter relações sexuais com outros homens enquanto era gravada. O processo foi encerrado com um acordo, mas motivou outras pessoas a denunciarem Diddy por estupro e outros abusos sexuais.
Alguns meses depois, a CNN, rede de TV norte-americana, divulgou as imagens de um sistema de seguranças de um hotel em que Cassie parece estar fugindo pelos corredores de um hotel. No vídeo, Combs aparece apenas com uma toalha amarrada na cintura, agredindo a então parceira para levá-la de volta ao quarto. O episódio teria acontecido em março de 2016.
Durante depoimento como testemunha de acusação no julgamento desde ano, Cassie e Jane relataram participar de “maratonas de sexo” regadas a drogas com garotos de programa. Elas relataram que os momentos costumavam ser gravados e podiam durar horas, até mesmo dias, e que Combs se irritava caso elas se negassem a participar.
Em março de 2024, agentes federais vasculharam as casas de Combs em Los Angeles e Miami e encontraram centenas e frascos de óleo de bebê e lubrificante a base de água. Ao longo do julgamento, testemunhas de acusação afirmaram que os itens sempre eram utilizados durante os encontros sexuais narrados pelas vítimas. Segundo os depoimentos, as mulheres e garotos de programa eram orientados a passar o óleo por todo o corpo durante e entre as relações sexuais.
