Trump vs. Harvard Cena do filme "Legalmente Loira", de 2001 | Foto: Reprodução/Metro-Goldwyn-Mayer Distribution Co. FUGA DE CÉREBROS?

Trump vs. Harvard

Os Estados Unidos estão a ponto de perder suas importações mais brilhantes!

Assim como nas principais nações globais, os EUA também vivem um momento de polarização intensa. Uma parte considerável da população norte-americana, os eleitores de Trump, vivem um grande ressentimento com a elite econômica e intelectual deste país. 

Para esse público ressentido, a elite representa um retrocesso econômico e cultural, responsável por ter levado a indústria estadunidense para a China e por ter trazido uma agenda progressista e liberal – agenda Woke – que desmantela os valores tradicionais e conservadores da sociedade norte-americana.

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Donald Trump capitaneou esse ressentimento popular, e fabricou inimigos internos para elevar sua popularidade. Essa atitude fez com que os EUA passassem a correr o risco de perder o fluxo de seu principal produto de importação: os cérebros brilhantes dos estudantes internacionais.

Atualmente, nos EUA, mais da metade das startups com receitas milionárias foram fundadas por ao menos um imigrante que estudou neste país. Entre os anos de 2023 e 2024 a economia norte-americana ganhou cerca de $45 bilhões de dólares por conta de estudantes estrangeiros que movimentaram toda uma economia direcionada para suas estadias e alocações nas universidades. Estimativas apontam que 41% desses estudantes ficam nos EUA após a graduação, e, são absorvidos, principalmente, nas indústrias de tecnologia e ciência, contribuindo com importantes pesquisas. 

Trump, consistente sempre na sua narrativa, em recente ordem executiva, decidiu suspender todas as entrevistas de vistos de estudantes internacionais. Sua equipe informa que a decisão é temporária, porém, as consequências serão definitivas. 

Trump também declarou “guerra” às universidades mais “tops” do país, que para ele são os bastiões do progressismo e do globalismo, só atendem a uma elite economicamente muito privilegiada e espalham mensagens antissemitas.

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A inimiga número um neste imbróglio é Harvard, que é uma das instituições mais prestigiadas do mundo, e está no imaginário das pessoas como um local de referência e reverência. Seus ex-alunos vão de ex-presidentes a prêmios Nobel. A universidade é tão tradicional que chega a ser mais antiga que a própria independência dos EUA.

O alto prestígio que essa universidade representa é consequência da liderança intelectual norte-americana conquistada juntamente com a hegemonia política e econômica deste país.

A influência mundial dos EUA faz parte do conceito de poder conhecido como Soft Power, ou poder de convencimento, termo cunhado por Joseph Nye (professor de Harvard) para se referir a habilidade que um país possui de convencer ou influenciar outras nações por meios culturais e ideológicos. Todos aqui estão familiarizados com o modelo exportação do estilo de vida americano ou “American Way of Life”, almejado por grande parte das pessoas. Os EUA galgaram esse espaço e agora o está destruindo.

A vaga de potência global cultural parece estar desocupada, porém, como diz o ditado: não existe vácuo de poder. 

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As atitudes de Trump já estão repercutindo em números. Um site chamado Studyportal que ajuda estudantes a buscarem formações acadêmicas ao redor do mundo reportou que a escolha por universidades norte-americanas está no seu nível mais baixo. Os dados ainda sugerem que existe uma migração desses estudantes para universidades britânicas. A China já declarou que aceitará os estudantes de Harvard que tiveram seus vistos suspensos.

A decisão de Trump é preocupante e contrária à valorização do conhecimento. 

A nação norte-americana pode perder sua competitividade intelectual por uma birra eleitoral.

Os EUA são uma sociedade fundada em princípios democráticos e liberais, Trump parece contrariar isso e coloca em advertência a capacidade da liderança intelectual dos EUA no século 21.

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