União da brasilidade Capa do álbum Khletxhaka | Foto: Divulgação DIVERSIDADE RÍTMICA

União da brasilidade

Hoje trataremos do álbum Khletxhaka, que traz a musicalidade do povo Fulni-ô e que foi produzido via edital de música do Programa Funarte Retomada 2023

Hoje trataremos de um trabalho raro, o álbum Khletxhaka (produzido via edital de música do Programa Funarte Retomada 2023, do Ministério da Cultura). Obra que traz a musicalidade do povo Fulni-ô, uma das poucas comunidades indígenas do Nordeste do Brasil que ainda preserva a sua língua materna, aqui unida ao coletivo Ponto BR que reúne mestres da cultura popular.

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Khletxhaka (que se lê klétiaká) significa cantar na língua materna dos Fulni-ô, o yaathe, que eles preservam como o sangue que os mantém prontos a lutar para sobreviver. Já o Ponto BR tem destaque na cena musical desde sempre e, principalmente, ao ganhar o Prêmio da Música Brasileira (Melhor Grupo Regional), em 2012.

Voltemos a Khletxhaka. As composições afro-indígenas foram reveladas admiravelmente: a diversidade rítmica é o ponto alto (“Obaluaê/Luxtutwa”, fx.7). Harmonias e melodias se destacam por suas criatividades (“Yaathelha Setesotwalha”, fx.9). As notas mais graves pontuam cada arranjo – é empolgante ouvir a pegada do contrabaixo de Renata Amaral (“Setsô Fulni-ô”, fx.1).

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O naipe de percussões cria momentos em que a dinâmica ganha força (“Tombador/Yakhlethxaxtô”, fx.5). Outro destaque são os cantos uníssono ou aberto em vozes, contagiantes, ora no canto yaathe, ora nos versos em português (“Woo Ihialha/Vamos Cirandar”, fx.4).

A ancestralidade dos Fulni-ô, mesclada a cocos, cirandas, maracatus e carimbós do Ponto BR, representa a força descomunal que resiste pela sensibilidade e pela emoção com que nos toca a alma. Posso lhes afirmar que os ouvir em suas manifestações é algo que nos traz esperança envolta em lágrimas.

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Aquiles Rique Reis

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Para ouvir o álbum, clique aqui.

Ficha técnica 

Povo Fulni-ô: Txacumaiá Fulni-ô / Aritana Veríssimo; Tyase Fulni-ô / Yoran Verissimo; Thulni Fowá; Fulni-ô / Lenildo Marques; Fitxyá Fulni-ô / Francisco Ribeiro; Sawê Fulni-ô / Lenildo de Matos; Lefesaka Fulni-ô / Leone Lúcio de Sá; Fowá Fulni-ô / Jaelson Veríssimo; Taxiá Fulni-ô / Ramon Quintas. Ponto BR: Mestra Zezé Menezes, Mestre Walter França, Mestre Ribinha de Maracanã, Eder “O” Rocha (bateria), Henrique Menezes, Renata Amaral e Thomas Rohrer (rabeca, sax soprano e ranckett). Direção geral: Renata Amaral e Tâmara Jacinto; direção artística e musical: Renata Amaral. Produção artística (Povo Fulni-ô): Txacumaiá Fulni-ô / Aritana Veríssimo. Produção musical, mixagem e masterização: André Magalhães. Produção executiva: Aline Fernandes e Tâmara Jacinto. Gravação Estúdio 185: André Magalhães e Beto Mendonça. Instrumentistas (voz e percussão): Mestra Zezé Menezes; Mestre Walter França; Mestre Ribinha de Maracanã; Henrique Menezes; Renata Amaral: Txacumaiá Fulni-ô, Tyase Fulni-ô, Thulni Fowá Fulni-ô, Fitxyá Fulni-ô, Sawê Fulni-ô, Lefesaka Fulni-ô, Fowá Fulni-ô, Taxiá Fulni-ô: voz e maracá. Design gráfico e capa: Andrea Pedro. Realização: Acervo Maracá e Onã Cultural. Fotos: Lela Beltrão.

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