40 milhões de famílias pagam mais do que deveriam aos credores Notas de 200 e 100 reais | Foto: José Cruz/Agência Brasil

40 milhões de famílias pagam mais do que deveriam aos credores

Crédito captado pode ser 70% mais barato; imóveis quitados e desconhecimento mantêm brasileiros reféns de dívidas caras, o que impede mais dinheiro no caixa das famílias

No Brasil, há uma dívida impagável e uma riqueza mal utilizada. Enquanto o noticiário insiste nos números do endividamento, poucos percebem o paradoxo escancarado: cerca de 40 milhões de famílias têm imóveis quitados, mas continuam pagando juros altíssimos em modalidades como cheque especial e rotativo do cartão. Para Sergio Furio, fundador da Creditas – uma fintech de crédito -, o problema não é o crédito em si é o mau uso dele.

“É impressionante. São 40 milhões de famílias que poderiam estar tomando crédito com juros até 70% menores”, afirma. Segundo ele, falta conhecimento, confiança e política pública para conectar patrimônio a planejamento financeiro.

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O crédito não é o vilão

Há décadas, o crédito no Brasil carrega má fama. É visto como armadilha, armada por bancos e alimentada pela pressa e pela desinformação. Mas o crédito quando bem entendido e bem estruturado é um instrumento legítimo de alavancagem financeira, para pessoas, para empresas e para países.

“Estamos falando de pessoas que já pagaram por seus imóveis, que têm patrimônio, mas continuam pagando juros de 140% ao ano em linhas emergenciais. Isso sufoca o orçamento familiar e trava o empreendedorismo”, diz Furio.

A Creditas aposta numa modalidade ainda pouco explorada no país: o home equity, ou crédito com garantia de imóvel. As taxas, embora ainda altas, giram entre 20% e 25% ao ano contra os 140% das linhas tradicionais.

De imóvel parado a padaria aberta

Furio conta o caso emblemático de um cliente, dono de uma padaria lucrativa, que queria abrir uma segunda unidade. Se esperasse juntar dinheiro, abriria só após os 60 anos. Com um imóvel de R$ 400 mil já quitado, contratou R$ 100 mil em home equity. Um ano depois, a nova padaria já gerava receita suficiente para pagar o financiamento.

“Isso é crédito bem utilizado: transforma o patrimônio imobilizado em crescimento, sem comprometer a saúde financeira do cliente”, resume.

Na Creditas mais de 450 mil pessoas já acessaram crédito com garantia imobiliária, somando R$ 7 bilhões injetados na economia com juros até 70% menores. É uma gota num oceano: o Brasil tem R$ 3 trilhões em dívidas, dos quais R$ 150 bilhões estão concentrados em crédito caríssimo.

Mais caixa, menos estresse

Além da economia com juros, há um efeito psicológico relevante. “O estresse com dívidas impagáveis corrói a saúde mental das famílias. E ninguém enlouquece por causa de uma dívida de longo prazo. O que adoece é a conta que vence amanhã”, diz Furio.

O crédito mal utilizado impõe um custo oculto: fragiliza orçamentos e destrói relações pessoais, enquanto ativos valiosos seguem improdutivos. “O medo de perder o imóvel é compreensível, mas muitas vezes o risco maior é continuar preso ao crédito errado.”

Uma decisão estrutural

A Creditas define limites de comprometimento de renda para evitar o superendividamento: no máximo 30% da renda mensal pode ser usada para pagar o financiamento. A empresa quer ser mais do que uma fonte de crédito busca ser uma plataforma de crescimento pessoal e profissional, tanto para clientes quanto para funcionários.

“A missão é ser uma empresa centenária, mas o impacto já é real. Cada família que aprende a usar o crédito de forma inteligente representa um pedaço de Brasil que deu certo”, diz Furio.

A má compreensão do crédito no Brasil revela um desafio de base: educação financeira e transformação cultural. É preciso deixar de tratar o crédito como vilão e passar a enxergá-lo como ferramenta poderosa, o grande problema no Brasil é que o custo do dinheiro é alto e ao tomar o crédito errado é fácil tornar o sonho em pesadelo.

Quarenta milhões de famílias poderiam estar pagando menos juros, sobrando mais no fim do mês e abrindo espaço para sonhar. A boa notícia? Os ativos já existem. Falta apenas transformar essa riqueza parada em fôlego real para o presente e para o futuro.

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