Ex-comandante da Força Aérea lembrou que Bolsonaro ‘estava frustrado’ com o resultado eleitoral, em que foi derrotado pelo presidente Lula
O ex-comandante da Força Aérea Brasileira Carlos de Almeida Baptista Junior disse que participou de reuniões com teor golpista no Palácio da Alvorada no fim do governo Bolsonaro. A declaração foi dada nesta quarta-feira, 21, durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal no âmbito da ação penal da tentativa de golpe.
Baptista Junior lembrou que Bolsonaro “estava frustrado” e “deprimido” com o resultado eleitoral, em que foi derrotado pelo presidente Lula. Segundo ele, a partir do dia 11 de novembro, o teor das reuniões ficou desconfortável, já que começou a achar que o objetivo de qualquer medida de exceção era para impedir a posse do presidente eleito. “Fiquei bastante preocupado”, disse.
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O brigadeiro também confirmou que, em determinado momento, o então comandante do Exército chegou a falar que poderia prender o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Se o senhor fizer isso, vou acabar lhe prendendo”, disse Baptista Junior. “Não é uma coisa simples esquecer”, declarou.
Baptista Junior considerou que o ex-comandante de Marinha Almir Garnier Santos tinha uma postura passiva nas reuniões com teor golpista, mas confirmou que ele chegou a dizer que “as tropas da Marinha estariam à disposição do presidente”. Diante da insistência do advogado Demóstenes Torres, que defende o almirante, disse: “Não fiquei sabendo a toa, doutor, que a Marinha tem 14 mil fuzileiros.”
O ex-comandante da Aeronáutica também disse que ele tinha uma “linha de corte” clara: nenhuma medida poderia afetar a posse do presidente eleito. Em um “brainstorm”, confirmou que foi aventada a possibilidade de prisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.