Extrema-direita avança sobre comissões estratégicas no Congresso, ameaçando direitos humanos e indígenas. Talíria Petrone denuncia os bastidores dessa disputa acirrada e alerta para os riscos democráticos. Saiba o que está em jogo e por que essa batalha é decisiva para o futuro do Brasil.
A semana no Congresso Nacional tem sido marcada por embates acalorados e decisões estratégicas sobre a definição das comissões e a votação da Lei Orçamentária Anual (LOA). Em entrevista ao Programa Segunda Chamada, do canal MyNews, a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) denunciou os movimentos da extrema-direita para capturar espaços fundamentais e impedir avanços sociais na Casa e aumentar seu poder.
Segundo a parlamentar, o PSOL, por estar fora do “blocão” e ter uma bancada menor, fica com as últimas escolhas na distribuição das comissões. Tradicionalmente, o partido assume a Comissão de Legislação Participativa ou a Comissão dos Povos Originários, ambas essenciais para dar voz à sociedade civil e aos indígenas. No entanto, a movimentação da direita tem tornado essa disputa ainda mais acirrada.
VEJA TAMBÉM: Lula dá posse aos seus novos ministros: Gleisi Hoffmann e Padilha
Nos bastidores, circulam informações de que o Partido Liberal (PL) quer tomar para si a Comissão dos Povos Originários, um movimento que Talíria classifica como alarmante. “O partido anti-indígena assumir essa comissão é grave. Isso compromete políticas fundamentais e enfraquece a luta dos povos da floresta”, alertou a deputada.
Outro ponto crítico envolve a Comissão de Relações Exteriores, que Eduardo Bolsonaro (PL-SP) deseja presidir. Para Talíria, essa ideia é um atentado contra a diplomacia e a estabilidade democrática do Brasil. “Estamos falando de um parlamentar que operou para desestabilizar nosso país, que flertou com tentativas golpistas e agora quer ser a voz do Brasil no exterior. Isso é inaceitável”, afirmou.
Além disso, o PL pretende assumir a Comissão de Direitos Humanos, o que, segundo a deputada, é um verdadeiro escárnio. “Colocar a extrema-direita para comandar uma comissão que deveria proteger os mais vulneráveis é um tapa na cara do povo brasileiro”, criticou. Para impedir essa tragédia política, Talíria revelou que já há articulações com o Partido dos Trabalhadores (PT) e setores mais moderados do Congresso para barrar essa ofensiva.
A parlamentar destaca que o interesse do PL por essas comissões tem um viés claro: a construção de palanques para disseminar pautas conservadoras e alimentar o caos. “Eles querem usar essas comissões para impulsionar sua agenda anti-ciência, anti-povo e anti-direitos humanos. É a política do ódio travestida de institucionalidade”, disse Talíria.
Ela lembra que a Comissão dos Povos Originários pode ser instrumentalizada para negar a crise climática e enfraquecer as políticas de proteção ambiental. Já a Comissão de Direitos Humanos pode virar palco para retrocessos nas pautas de gênero, aborto, diversidade e proteção às minorias. “Eles não têm propostas concretas para melhorar a vida das pessoas. Vivem de alimentar narrativas falsas e de se posicionar contra avanços civilizatórios”, denunciou.
A deputada também fez um alerta sobre o estado frágil da democracia brasileira, citando a tentativa de golpe recente e o avanço global da extrema-direita. “Não podemos esquecer que tentaram envenenar o presidente da República e assassinar ministros do Supremo Tribunal Federal. Isso não foi só retórica, foi um plano real de desmonte da democracia”, ressaltou.
CONFIRA: Lula exige que Trump ‘fale manso’ e pede respeito do presidente americano
Para ela, os desafios não terminam agora. As eleições de 2026 serão decisivas, e além de reeleger Lula, será fundamental mudar a composição do Congresso. “Precisamos de um Congresso que represente o povo, que lute por justiça social e por direitos. A extrema-direita quer nos silenciar, mas não vamos recuar. A luta contínua”, concluiu.
Os próximos dias prometem ser decisivos na definição das comissões e na resistência democrática no Congresso. Assim, o debate sobre poder segue com o pau quebrando, e a batalha por um Brasil mais justo e igualitário está somente começando.