Postura dos advogados surpreende e termos usados contra relatório e PF vão desde de “espanto”, “disse-me-disse” e “ganhar as manchetes”
A defesa de Jair Bolsonaro subiu o tom e foi para acima da Polícia Federal na manifestação encaminhada ontem ao ministro Alexandre de Moraes, que cobrou explicações por supostas quebra de medidas cautelares pelo ex-presidente. Não foram poucos os adjetivos dos advogados, que afirmaram que o propósito da investigação da PF é “massacrar” o ex-presidente.
A agressividade como estratégia surpreendeu pelo comportamento até agora da defesa, comandada pelo advogado Celso Vilardi, menos enfática. Algumas vezes, mais lembrava uma nota de repúdio ou resposta. Não foi uma vez só que a investigação buscou “servir mais às manchetes” e de se tratar de uma “peça política”
“O relatório da Polícia Federal causa espanto. É uma peça política para desmoralizar Bolsonaro. Quer queiram ou não, ele é um líder político”, diz a certa altura a peça da defesa.
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Os advogados de Bolsonaro buscam desqualificar as investigações, que apuraram, segundo a PF, também envio de mensagem de Braga Netto ao ex-presidente, já em prisão domiciliar, e o documento de pedido de asilo político a Argentina. E cita o “massacre” contra seu cliente.
“Parece incrível, mas boa parte do relatório dedica-se a um disse-me-disse sem qualquer relevância para a investigação. Leis são lançada ao lixo. O objetivo é o massacre”.
Num momento, recorrem a um termo muito empregado por Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma, quando ele era defensor de Luiz Inácio Lula da Silva, na ação que o levou à prisão em Curitiba: o “lawfare”, que, numa tradução livre, é o uso de meios legais para intimidar ou atrapalhar um oponente.
Ao tratar do documento com um pedido de asilo de Bolsonaro ao presidente argentino, Javier Milei, chamado pela defesa de “rascunho de pedido de asilo”, acusação negada, Vilardi afirmou na manifestação que o propósito foi ganhar as manchetes:
“Mas o objetivo, convenhamos, foi alcançado: manchetes no Brasil e no exterior anunciando que o ex-presidente planejou uma fuga. Nada mais falso, mas nada mais impactante, sobretudo há pouco mais de 10 dias do julgamento. Fato é que, com ou sem rascunho, o ex-presidente não fugiu”.