Heleno se cala diante de Moraes e só responde a advogado Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno fica frente a frente com ministro Alexandre de Moraes | Foto: Ton Molina/STF

Heleno se cala diante de Moraes e só responde a advogado

Alexandre de Moraes também brincou com advogado de Heleno sobre horário do almoço

O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, decidiu ficar em silêncio nesta terça-feira, 10, no interrogatório da tentativa de golpe na Primeira Turma no Supremo Tribunal Federal. Ele é o primeiro dos oito réus do “núcleo crucial” a não responder as perguntas do relator Alexandre de Moraes, do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e da defesa dos corréus.

“Só estou aqui para esclarecer a vossa excelência que ele vai fazer uso parcial ao direito ao silêncio. Vai responder única e exclusivamente às perguntas de sua defesa”, disse o advogado Matheus Milanez a Moraes. Nas falas ao advogado, ele negou participação em qualquer tipo de trama golpista.

Leia mais: “Garnier nega apoio a golpe, existência de minuta, mas que reunião foi “estranha”

Quando Milanez pediu a palavra, o ministro brincou com o advogado: “Doutor, o horário do almoço ainda está longe”. Ontem, no fim da sessão, reclamou do longo tempo do interrogatório e pediu para que o início das oitivas de hoje fosse mais tarde. “Eu minimamente quero jantar, Excelência, porque eu só tomei café da manhã, quase”, disse.

Mais cedo, Moraes já tinha ironizado o advogado afirmando que estaria “fazendo votos” para que ele tenha “jantado tranquilamente”, em referência ao pedido feito para postergar o início da sessão desta terça-feira.

Antes de Heleno, foi a vez do interrogatório de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. A Alexandre de Moraes, ele disse que não se lembrava de ter recebido ou tratado de uma “minuta golpista”. Segundo ele, a apreensão do documento em sua casa foi uma “surpresa”.

“Na verdade, ministro, não é ‘minuta do golpe’, eu brinco que é a ‘minuta do Google’ […] Eu levava duas pastas pra minha residência, uma delas contendo a agenda do dia seguinte, eventuais minutas de discurso, coisas nesse sentido, e outra com documentos gerais que vinham no Ministério”, disse em resposta a Moraes.

“Eu realmente nem me lembrava dessa minuta. Me lembrei quando foi aprendido pela Polícia Federal. Foi uma surpresa. O senhor, não sei se estava acompanhando, mas isso era voz corrente na Esplanada dos Ministérios. Estava difícil trabalhar, inclusive a gente recebia minutas, ideias e uma série de coisas pelo WhatsApp, papel”, pontuou.

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