Preponderante na vitória de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, por seu domínio nas redes sociais, o deputado federal André Janones (Avante-MG) foi apontado, até por alguns aliados, como quem se excedeu na radicalização e usou até práticas da direita no enfrentamento contra o adversário Jair Bolsonaro e seu grupo político.
Dois anos e meio depois, o parlamentar reconhece que ultrapassou até limites éticos, nas suas palavras, mas que não se arrepende nem um pouco. Ao contrário, faria outras 300 vezes.
“Se ultrapassei o limite ético em 2022? Sim, ultrapassei. Concordo. São métodos que eu não gostaria de me submeter. Se eu faria novamente? Sim, trezentas vezes mais. O que estava em jogo era a democracia, o risco de perdê-la. Então, vale quase tudo”, contou André Janones em entrevista ao Segunda Chamada, do Canal MyNews, programa apresentado pelo jornalista Afonso Marangoni.
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O deputado foi provocado a falar sobre o futuro que está aí, em 2026. A extrema-direita cresceu, segue com um proceder desrespeitoso com as boas práticas de comportamento e continua apelando às fake news. Janones ensina que para vencer um adversário com essas características é preciso jogar com a arma do adversário e que a campanha presidencial de 2026 promete ser mais dura. E diz que, se não pode bater abaixo na cintura, na altura da cintura é a receita.
“Não existe outro meio de combater, não dá para fazer bonitinho para combater as fake news. Se eu tivesse feito de outra forma, em 2022, hoje não estaria aqui dando essa entrevista porque teríamos instalado no Brasil uma ditadura. Eles partiram para uma tentativa de golpe. E não me arrependo. Fiz e faria novamente. Nessa guerra você precisa jogar com as armas do adversário também. O outro lado não tem limite. Eles batem abaixo da cintura. A esquerda defende bater acima. Eu defendo bater na cintura. Nem acima, nem abaixo. No limite. É desigual lutar contra eles”, declarou Janones.
Em 2026, a campanha nas redes será em outros termos, mais difícil, mais veloz e um desafio mais complicado. A extrema-direita avançou, tem nomes que se destacam nas redes, enquanto a esquerda ainda patina nesse universo da internet. Janones cita nomes.
“Mudou tudo para 2026. A velocidade agora é outra, muito maior . O desafio será muito maior. A extrema-direita cresceu. Quantos Nikolas temos hoje no país? Temos dezenas. A direita não é só um nome. São dez da extrema-direita nas redes sociais. A esquerda não consegue chegar a cinco. No máximo, um ou dois. O desafio nosso será muito maior”, relatou o deputado mineiro, se referindo ao conterrâneo Nikolas Ferreira (PL-MG), um político jovem e que “surfa” nas redes com destaque.
Sem meias palavras, Janones se considera um “populista” nas redes, que não se preocupa em “falar bonito”, mas dar seu recado e ser compreendido. Diz que seu estilo é o que falta ao governo, considerado por ele “analógico” na interação nas redes com a população.
“Sou um populista, mas não com cotação negativa. O principal objetivo da comunicação não é falar bonito, mas ser compreendido. É o que falta no governo. Apoio e continuarei apoiando o governo Lula, apesar dos números das últimas pesquisas. Para mim, o grande pecado é a comunicação. Temos um governo analógico. ‘Mas o Lula sequer tem celular’. O Lula não tem que ter celular. O presidente pode ser analógico, mas o governo não pode ser. Comunicação é timing. Não se pode chegar tarde. O Sidônio melhorou a comunicação? Melhorou, é só olhar os números. Mas o governo está com dificuldade em contar sua história”, afirmou.