Julgamento de Bolsonaro não é espetáculo de torcidas organizadas O STF ouve essa semana os depoimentos dos réus do núcleo mais importante da ação dos atos golpistas, onde Bolsonaro e generais estarão frente a frente com Alexandre de Moraes | Montagem: Arte/MyNews CONTAGEM REGRESSIVA

Julgamento de Bolsonaro não é espetáculo de torcidas organizadas

Dias próximos às sessões do STF prometem clima tenso; entenda como será o julgamento, o que está em jogo e a cobertura do MyNews

O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa em 2 de setembro no Supremo Tribunal Federal (STF), em nove dias virou um evento. Mas atenção este julgamento não pode ser reduzido a um espetáculo de torcidas organizadas. Mais grave ainda seria resumi-lo a uma disputa entre “bolsonaristas” e “lulistas”. Não se trata de um embate político. Trata-se do julgamento de crimes, um atentado direto contra o Estado Democrático de Direito.

Esta semana que antecede do “julgamento da história” – porque pela primeira vez um ex-presidente e oficiais das Forças Armadas serão julgados acusados de implementar um golpe de Estado – é promissora de tensão, que já está no ar e no comportamento do grupo ligado a Jair Bolsonaro.

A condução desse processo deve ter o máximo rigor da lei. Só assim será possível inibir futuras aventuras golpistas e deixar claro que a Constituição de 1988 não é um texto decorativo, mas a regra que sustenta a democracia brasileira. A complacência do passado com episódios de ataques, inclusive verbais, às instituições abriu caminho para que uma massa desavisada fosse manipulada pelos idealizadores do golpe de 8 de janeiro de 2023.

O que será julgado

Bolsonaro e sete aliados respondem por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado e destruição de patrimônio público tombado. O processo mira o “núcleo crucial” da trama que buscou impedir a posse de um governo legitimamente eleito.

O julgamento será conduzido pela Primeira Turma do STF, com relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

O rito

A sessão de abertura começa com a leitura do relatório por Alexandre de Moraes, seguida das sustentações orais da acusação e da defesa. Depois virão os votos dos ministros na seguinte ordem: Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente da turma.

Não é uma disputa de narrativas

Às vésperas do 7 de setembro, data em que o Brasil celebra sua independência, o julgamento carrega um peso simbólico ainda maior. Mas é um equívoco grave, tanto à direita quanto à esquerda, tratá-lo como mera briga entre campos políticos. O que está em análise não é uma narrativa partidária, mas uma tentativa real de ruptura institucional.

O compromisso deve ser com a Justiça, e não com torcidas. Transformar o processo em palanque significa enfraquecer a democracia. Conduzi-lo com serenidade e firmeza, ao contrário, reafirma que a lei vale para todos, inclusive para quem ocupou o cargo mais alto da República.

A cobertura do MyNews

O MyNews acompanhará cada etapa com transmissão ao vivo e análises em tempo real. O diretor de jornalismo do canal, Evandro Éboli, e sua equipe em Brasília receberão analistas, políticos e juristas para ajudar a compreender a complexidade desse julgamento histórico. A proposta é oferecer informação qualificada, em vez de espetáculo, reforçando o papel do jornalismo independente em momentos decisivos para a democracia brasileira.

Cronograma previsto para as sessões

  • 2 de setembro — abertura pela manhã e continuação à tarde;
  • 3 de setembro — sessão matutina;
  • 9 de setembro — manhã e tarde;
  • 10 de setembro — manhã;
  • 12 de setembro — manhã e tarde.

Como acompanhar

As sessões são públicas e podem ser assistidas por meio de transmissão no site do STF ou por canais de imprensa credenciados. A leitura do relatório inicial será feita por Alexandre de Moraes, seguida das sustentações orais — primeiro da acusação, depois da defesa — e, por fim, dos votos dos ministros na ordem: Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin (como presidente da turma).

 

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