Em relação à derrubada do IOF, 87% se mostraram favoráveis; esses são levantamentos da Ativaweb, exclusivo para o MyNews
Nas redes sociais, a sociedade reagiu de imediato e de forma e tamanho bastante negativos à aprovação ontem pelo Congresso Nacional do aumento do número de deputados federais de 513 para 531 parlamentares. De forma massiva, 96% repeliram a proposta aprovada por deputados e senadores. Apenas 4% reagiram positivamente.
O levantamento, feito pela empresa de estudos digitais Ativaweb, exclusivo para o Canal MyNews, mostrou que o sentimento das redes é consideravelmente favorável à derrubada do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras): 87% estão a favor da medida, que significou uma derrota fragorosa para o governo.
Ou seja, se o IOF ganha apoio nas redes, o aumento de deputados recebe uma rejeição acachapante. A Ativaweb analisou 5.789 menções públicas captadas nas plataformas Meta (Instagram e Facebook) e X (antigo Twitter), durante a quarta-feira, ontem, quando se deram essas as votações dessas duas matérias. A análise foi concluída às 22h30.
O publicitário e analista digital Alek Maracajá, diretor da Ativaweb, avalia que, enquanto a derrubada do IOF foi celebrada como vitória popular, o aumento do número de deputados foi percebido como desconexão total com a realidade da sociedade.
Para Maracajá, a rejeição quase unânime sobre o aumento de deputados evidenciou um consenso negativo transpartidário nas redes sociais. Os termos “dinheiro da saúde” e “dinheiro nosso” dominaram os comentários, apontando para uma narrativa emocional e de cunho social, que associa aumento de gastos públicos à retirada de recursos essenciais
“Apesar de a medida só valer a partir de 2027, a leitura pública foi de prioridade política fora de tempo, o que alimenta o sentimento de elitização do Congresso. O placar apertado no Senado (41 votos favoráveis, exatamente o mínimo necessário) reforçou nas redes a sensação de manobra, o que potencializou a revolta”, explica o analista.
Já sobre o IOF, a análise de Maracajá avaliou que o tema tributário tem apelo popular imediato, principalmente por se tratar de tributação em operações rotineiras (câmbio, crédito, transferências). Termos como “Lula derrotado” e “vergonha” revelam não apenas oposição ao imposto, mas desgaste da imagem institucional do governo frente à classe média conectada. A difusão mais intensa ocorreu entre 14h e 21h, concentrando-se em perfis de direita, influenciadores econômicos e páginas de crítica fiscal.
O estudo destaca a atuação de Hugo Motta, presidente da Câmara, que comandou a derrota do governo e pautou o IOF descumprindo acordo de que a votação do mérito não se daria agora, nesse momento.
“Em bolhas de direita e páginas de oposição ao governo, sua atuação foi vista como habilidosa e estratégica, elevando seu capital político”, diz.
A Ativaweb identificou 54% de sentimento positivo nas menções a ele, com apenas 14% de menções negativas, vindas principalmente de apoiadores do governo.
“Em ambiente de crise, qualquer aumento de gasto político é visto como afronta. E o algoritmo transforma isso em desgaste acelerado. O Congresso ouviu as redes no caso do IOF, mas errou o tom na ampliação de cadeiras. O digital exige não só decisão, mas percepção”, conclui Maracajá.