Arquivos bruno cavalcanti - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/post_autor/bruno-cavalcanti/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Fri, 10 Jun 2022 11:34:22 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 Elza Soares exala jovialidade em disco póstumo que preserva discurso moderno da artista https://canalmynews.com.br/bruno-cavalcanti/elza-soares-exala-jovialidade-em-disco-postumo-que-preserva-discurso-moderno-da-artista/ Thu, 19 May 2022 13:58:38 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=28530 Gravado dois dias antes da morte da cantora no palco do Theatro Municipal de São Paulo, álbum precede DVD.

O post Elza Soares exala jovialidade em disco póstumo que preserva discurso moderno da artista apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Quando saiu de cena aos 91 anos em janeiro deste ano, Elza da Conceição Soares (1930-2022) já ocupava merecido trono do pódio das grandes intérpretes brasileiras. O mesmo trono que lhe fora negado repetidas vezes ao longo de uma carreira repleta de altos e (muitos) baixos. Entretanto, para a cantora que subiu ao palco do Theatro Municipal de São Paulo entre os dias 17 e 18 de janeiro, os revezes de uma vida sofrida já eram passado.

LEIA TAMBÉM:

Desde que virou a mesa em 2015 com o lançamento de A Mulher do Fim do Mundo, álbum em que mergulhou em estética noise dentro do samba feito por músicos paulistanos, Elza nunca mais deixou apagar a chama da fênix que ressurgiu uma vez mais das cinzas – e dessa vez para sempre. 

Entronizada como uma entidade da música brasileira, a artista experimentou a renovação de seu público e pico de popularidade experimentado com pompa e circunstância apenas em meados das décadas de 1960 e início dos anos 70 antes que um relacionamento abusivo e uma sucessão de tragédias familiares abalasse sua trajetória.

Com a trilogia iniciada por A Mulher do Fim do Mundo e completada por Deus é Mulher e o irregular Planeta Fome, Elza experimentou reposicionamento de imagem frente a uma juventude engajada em pautas sociais, de comportamento, gênero e, claro, em discussões como racismo, sexismo, machismo e homofobia.

E é essa juventude que ao entrar em contato com Elza Ao Vivo no Municipal (Deck) vai ter acesso a uma parcela ínfima da obra construída por esta senhora cantora que lançou discos interessantíssimos desde que despontou no mercado fonográfico em 1960 com o álbum Se Acaso Você Chegasse (Odeon), lançado no embalo do sucesso do single homônimo com a canção composta por Lupicínio Rodrigues (1914-1974) e Felisberto Martins (1904-1980) e gravada originalmente por Cyro Monteiro (1913-1973) 22 anos antes.

Foto do final: Silvia Izquierdo

Este é apenas um dos clássicos sambas que Elza repagina neste disco no qual foge ao saudosismo que costuma pautar projetos do gênero. A artista não se priva de voltar a abordar sucessos do quilate de Malandro (Jorge Aragão/ Jotabê) e Salve a Mocidade (Luiz Reis), mas, do alto de seus 91 anos, sabe que nada será como antes, e busca novos arranjos e interpretações para as obras. 

A crônica de Aragão é vertida numa cantiga (herança do show A Mulher do Fim do Mundo), enquanto o samba exaltação ganha ritmo moldado pelas distorções das guitarras pilotadas por Rovilson Pascoal e Ricardo Prado

Ressignificada, A Carne (Seu Jorge/ Marcelo Yuka/ Ulisses Cappelletti) se mantém em ritmo fervente, enquanto Comportamento Geral (Gonzaguinha) mantém a modernidade eletrônica do registro lançado pela artista há três anos em seu álbum Planeta Fome. Estas são duas das canções que intensificam o discurso social bisado pela artista em toda a sua trajetória.

Do final da década de 1970, a artista pesca O Morro (Mauro Duarte/ Ivone Lara), pérola rara de um baú repleto de preciosidades que ganha lufada de ar fresco nas mãos da banda formada por Felipe Roseno e Mestre da Lua (percussão), Lucky Luque (sintetizadores), Thomas Harres (bateria) e os supracitados Pascoal e Prado sob a direção musical de Rafael Ramos – que assina a produção do álbum.

Embora tenha priorizado sua liberdade artística, Elza sempre foi mais potente sob a produção e a direção musical de grandes músicos. Foi assim quando encontrou Zé Miguel Wisnik em 2000 e virou a mesa da música popular ao mergulhar em estética hip hop com o excelente Do Cóccix até o Pescoço, ou quando se jogou na pista sob a produção de Arthur Joly em baticum eletrônico que deu vazão ao interessante Vivo Feliz (2003).

É de Vivo Feliz, inclusive, que Elza pesca Lata D’Água (Elza Soares), canção autoral na qual remete à lata d’água que carregou na cabeça ao longo da juventude e serviu de veículo para conhecer sua potência vocal. Embora tenha registrado, em gravação definitiva lançada no registro do show Beba-Me (2007), o clássico samba homônimo composto por Luiz Antônio (1921-1996) e Jota Júnior (1923-2009) e lançado pela cantora Marlene (1922-2012) há 70 anos, o samba assinado pela compositora bissexta soa mais contundente frente ao discurso da artista.

Capa do álbum. Foto: Victor Affaro

É esse discurso que intensifica a excelente releitura de Dura na Queda (Chico Buarque) e mantém ativo o grito de sobrevivência de Maria da Vila Matilde (Douglas Germano, 2015). Entretanto, nem só do discurso sobrevive Elza Ao Vivo no Municipal. Elza ainda é a sambista cheia de gingado que revolucionou a música popular ao injetar o jazz no samba sem perder sua brasilidade.

Ecos desta intérprete suingante ressurgem em Lata D’Água, Balanço Zona Sul (Tito Madi) e em Saltei de Banda (Zé Rodrix/ Luiz Carlos Sá), o melhor registro do álbum e a melhor lembrança deste disco repleto de pontos altos. O samba rock Saltei de Banda comprova que a artista se manteve fiel ao sambalanço pelos versos de Rodrix e Sá.

Ainda que escorregue em interpretação protocolar (Banho, de Tulipa Ruiz), Elza Ao Vivo no Municipal chega ao fim com o canto de Elza Soares ainda tinindo aos 92 anos enquanto clama para cantar até o fim ao som de Mulher do Fim do Mundo (Rômulo Fróes/ Alice Coutinho). É sintomático que a artista encerre de forma apoteótica seu registro no palco do Theatro Municipal, um anticlímax à abertura quase camerística ao som de Meu Guri (Chico Buarque) em interpretação dilacerante de voz e do piano de Fábio Leandro.

Meu Guri abre o disco, mas, com a mesma potência, poderia ser a canção derradeira, atestando a potência da voz vitoriosa de Elza Soares, intérprete que, sem os percalços que a vida, o machismo e o racismo estrutural que o Brasil lhe impuseram poderia ter sido há muito mais tempo aquilo que Elza Ao Vivo no Municipal atesta: a maior intérprete da música popular tupiniquim.

O post Elza Soares exala jovialidade em disco póstumo que preserva discurso moderno da artista apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Planalto prevê desidratação de Lula em próximas pesquisas, mas acende alerta após Genial/Quaest https://canalmynews.com.br/bruno-cavalcanti/planalto-preve-desidratacao-de-lula-em-proximas-pesquisas-mas-acende-alerta-apos-genial-quast/ Sat, 14 May 2022 12:30:38 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=28429 Campanha de Bolsonaro acredita que o presidente ainda se aproximará do petista, mas já não espera mais uma virada.

O post Planalto prevê desidratação de Lula em próximas pesquisas, mas acende alerta após Genial/Quaest apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
A pesquisa encomendada pela Genial Investimentos à Quest Consultoria e divulgada na quarta-feira (11) foi um balde de água fria em componentes da campanha bolsonarista, que esperavam uma confirmação dos números divulgados no dia anterior, 10, pela CNT/ MDA, que previa uma queda do ex-presidente Lula (PT) a 40% e uma subida de Jair Bolsonaro (PL) a 32%.

LEIA TAMBÉM:

Dentro do Planalto, acreditava-se que, até o final de maio, as pesquisas já mostrassem uma virada numérica de Bolsonaro sobre Lula mesmo dentro da margem de erro. Era esperado que o petista desidratasse com mais força ao longo da segunda quinzena de maio. Entretanto, os 46% apresentados pela Quest para Lula e os 29% para Bolsonaro acenderam alerta na campanha bolsonarista.

Damares Alves. Foto: Agência Brasil

Um papo com as mulheres

Está prevista uma nova caravana pelo interior de São Paulo e por cidades do sul e do sudeste encabeçada pela ex-Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves (Republicanos). Atualmente em viagem a Israel, a pré-candidata ao Senado pelo Distrito Federal deverá percorrer cidades menos aguerridas à campanha bolsonarista para dialogar essencialmente com o público feminino.

Estão previstas passagens por cultos e encontros nos moldes de retiro espiritual. As datas ainda não estão confirmadas, mas espera-se que a caravana tenha início ainda no primeiro semestre. Já o segundo semestre deverá ser dedicado e peso à sua campanha. Alves aparece com boas chances de conseguir uma vaga na Câmara do Senado.

Miguel Falabella e Zezé Polessa. Foto: Caio Gallucci

Falabella dirige Leão

Caberá ao ator, diretor e dramaturgo Miguel Falabella dirigir o espetáculo que a atriz Zezé Polessa pretende encenar sobre a cantora Nara Leão (1942-1986) entre o final de 2022 e início de 2023. Embora ainda esteja em fase embrionária, a obra foi inspirada pelo documentário O Canto Livre de Nara Leão, na GloboPlay, e na biografia Ninguém Pode com Nara Leão, do jornalista Tom Cardoso.

Falando em Tom Cardoso…

Autor das biografias do ídolo corintiano Sócrates (1954-2011) e da cantora Nara Leão, o jornalista Tom Cardoso está às voltas com a apuração de seu novo livro, dedicado a contar a história de um grupo intitulado Os 12 Homens de Ouro, formado por policiais, detetives e delegados escalados pela Ditadura Militar para lidar com a violência urbana no Rio de Janeiro.

Entre os anos de 1969 e 1971, o grupo paramilitar assassinou centenas de homens pretos e pobres nos morros e favelas cariocas. Neste grupo estavam figuras como o detetive Nelson Duarte, ex-jurado do programa do apresentador Flávio Cavalcanti (1923-1986) e Mariel Mariscot, ex-namorado da estrela da pornochanchada Darlene Glória. A obra ainda está em fase inicial de apuração e não tem data para chegar às livrarias.

60 sonhos em cena

Em cartaz desde o dia 01 de maio na plataforma digital do Teatro Sérgio Cardoso, o espetáculo digital Começo do Fim põe em cena o resultado dramatúrgico de seis meses de um processo de análise de sonhos da jornalista, dramaturga e diretora Gabriela Mellão. Em 60 sonhos analisados em sessões de terapia, Mellão buscou compreender um processo de separação. A obra exorciza este processo em cena.

Sob a direção da jornalista e com elenco formado por Reinaldo Soares e Liris D. Lago, Começo do Fim narra a história da jornada afetiva de uma mulher às voltas com o término de um relacionamento longo. 

Os atores Eucir de Souza e Luna Martinelli emprestam suas vozes à montagem em cartaz até o dia 30 de maio, com sessões de domingo a segunda-feira, sempre às 19h. Os ingressos custam R$ 10,00, R$ 20,00 e R$ 40,00 por meio de contribuição voluntária na plataforma #CulturaemCasa.

Marcos Caruso e Eliane Giardini. Foto: Rita Chantre

Intimidade indecente

Dois últimos entrevistados da primeira temporada do Papo Bom, no canal do YouTube do MyNews, Marcos Caruso e Eliane Giardini chegam a São Paulo no dia 17 de junho, sexta-feira, com o espetáculo Intimidade Indecente, de Leilah Assumpção sob a direção de Guilherme Leme Garcia.

A montagem, atualmente em cartaz no Rio de Janeiro, no Teatro dos 4, chega ao palco do Teatro Renaissance, nos Jardins, para temporada de sexta-feira a domingo até o dia 31 de julho. Os ingressos custam de R$ 60 (meia) a R$ 120,00 (inteira) às sextas e aos domingos, e de R$ 70,00 (meia) a R$ 140,00 (inteira) aos sábados. As sessões acontecem às 21h e às 18h. No sábado, sessões extras às 19h.

Destaque

Iniciando as celebrações de seus 35 anos de trajetória, Eduardo Martini repôs em cena o clássico O Filho da Mãe, comédia de Regiana Antonini na qual o ator dá vida a uma mãe que sofre com crise do ninho vazio ao ver seu único filho de partida para os Estados Unidos para tentar a sorte como roteirista em Hollywood.

Ao lado de Guilherme Chelucci, Martini volta a dar vida a Valentina, uma publicitária separada que passa a limpo suas memórias com o filho enquanto ele crescia. Com trilha composta por clássicos de Tim Maia (1942-1998), o espetáculo cumpre temporada no palco do Teatro União Cultural, em São Paulo, e apresenta Martini em excelente forma em cena.

À vontade na personagem, o ator volta a trabalhar seu clássico timing cômico com base na comédia de situação. Assinando a direção, Martini conta com o apoio da encenadora Viviane Alfano, com quem estabelece uma fluida parceria teatral desde 2020. A montagem está em cartaz todas as sextas-feiras às 21h.

O post Planalto prevê desidratação de Lula em próximas pesquisas, mas acende alerta após Genial/Quaest apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Eduardo Martini bebe na fonte de Dario Fo e faz crescer Aleluia, tragicomédia sobre o peso do patriarcado https://canalmynews.com.br/bruno-cavalcanti/eduardo-martini-bebe-na-fonte-de-dario-fo-e-faz-crescer-aleluia-tragicomedia-sobre-o-peso-do-patriarcado/ Thu, 28 Apr 2022 21:27:42 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=28016 Sob a direção de Viviane Alfano, espetáculo cumpre temporada no Teatro União Cultural, em São Paulo

O post Eduardo Martini bebe na fonte de Dario Fo e faz crescer Aleluia, tragicomédia sobre o peso do patriarcado apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Espetáculo que chegou aos palcos há pouco mais de 15 anos, quando Eduardo Martini gozava de alta popularidade resultante de sua participação no programa de Hebe Camargo (1929-2012), no SBT, I Love Neide – Manual de uma Cinquentona Atrevida deu o ponta-pé na trajetória do ator e diretor como a perfeita tradução de personagens femininas que fogem ao clássico estereótipo da comédia paulista – recheada de homens (tra) vestidos de mulher para fazer graça.

LEIA TAMBÉM:

Ao enveredar por personagens como a mau humorada dona Campainha, de Chá das Cinco, ou a jovial Valentina em O Filho da Mãe – a comédia dramática que se sobressai como um dos melhores títulos da trajetória do ator de criação carioca -, Martini injetou reflexões sobre a sociedade machista e patriarcal ao fugir ao lugar comum da comédia simplória e mergulhar no tempo da delicadeza cênica, seja discutindo os efeitos do tempo, seja sobrevivendo à síndrome do ninho vazio.

E é justamente essa delicadeza que injeta ambição e relevância em Aleluia – Um Estouro de Mulher, comédia de Márcio Azevedo e Ricky Hiraoka que, a despeito do título, se revela tragicomédia de fôlego para discutir temas como a solidão, o patriarcado e os efeitos da sobrecarga feminina envoltos em uma história nonsense que presta tributo direto ao teatro besteirol – traduzido desde o visagismo assinado por Martini até as dinâmicas da encenação de Viviane Alfano.

A obra narra a história de Aleluia, uma mulher que, frente a frente com um juiz, fala sobre seu dia a dia de sobrecarga com a casa, o marido, a filha, os problemas familiares e a sogra já centenária e que mal sai da cama. Perdida em uma paixão platônica por um ator pornô que se muda para a vizinhança, a dona de casa explode o forno da cozinha na noite de Natal.

A princípio simples, a dinâmica da encenação proposta por Viviane Alfano – que repete a dobradinha com Martini, iniciada em 2020 com a estreia de Simplesmente Clô – bebe de fontes como a do comediógrafo italiano Dario Fo (1926-2016), ao estabelecer uma personagem à beira do abismo da sanidade causado pelo cotidiano.

Foto: Iara Morselli

Martini e Alfano constroem diálogo direto com o público numa narrativa que jamais perde o dinamismo, ainda que o texto nem sempre esteja à altura do jogo proposto pela dupla. Azevedo e Hiraoka alicerçam a dramaturgia em chavões e lugares comuns que nem sempre auxiliam o ritmo da montagem, ainda que superem irregularidades da típica comédia carioca da década de 1990.

E talvez este seja o senão de Aleluia – Um Estouro de Mulher. Embora seja obra que flerte com o registro nauseante de uma Shirley Valentine, por exemplo, a obra enfileira piadas que nem sempre resultam interessantes. A montagem cresce mesmo quando a personagem discute – mesmo com humor – temas menos óbvios – é excelente a discussão acerca da sexualidade na terceira idade e da repressão de desejos, por exemplo.

A obra, é verdade, atinge o ápice quando, já no desfecho, Martini interpreta, em tom nonsense Balada do Louco, o standard tropicalista do grupo Os Mutantes que Ney Matogrosso tomou para si em meados da década de 1980. Martini mergulha no registro tragicômico de momento singelo que – por imposição mercadológica – dissipa toda a delicadeza em registro pop que destoa não apenas da discussão levantada ao longo da montagem.

Simples, a cenografia é focada em cubo cênico que se transforma à medida que a montagem se desenvolve, mesmo que o real destaque esteja no (bom) desenho de luz, ambos pensados pela dupla Alfano e Martini, que corta eventuais gorduras de um texto que é valorizado muito mais pelo jogo cênico de seu intérprete e o diálogo que estabelece com o público que, de fato, se compadece da personagem principal – egressa de experimento virtual nas redes do ator.

Embora esteja longe de roçar o brilhantismo de obras anteriores de Martini, como a supracitada comédia dramática O Filho da Mãe, de Regiana Antonini, e as tragédias Dark Room, de Mario Viana, e Angel, de Carlos Fernando Barros e Vitor Oliveira, Aleluia – Um Estouro de Mulher é obra que reforça a sina de Martini, habilidoso artesão da comunicação popular capaz de conduzir o público sem jamais se deixar vender pelo riso fácil.

SERVIÇO:

Aleluia – Um Estouro de Mulher

Data: 27 de março a 05 de Junho (domingos)

Local: Teatro União Cultural – São Paulo (SP)

Endereço: Rua Mário Amaral, 209 – Paraíso

Horário: 19h

Preço do ingresso: R$ 40,00 (meia) a R$ 80,00 (inteira)

O post Eduardo Martini bebe na fonte de Dario Fo e faz crescer Aleluia, tragicomédia sobre o peso do patriarcado apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Luiz Fernando Guimarães vive idosa nonagenária em comédia dramática https://canalmynews.com.br/bruno-cavalcanti/luiz-fernando-guimaraes-vive-idosa-nonagenaria-em-comedia-dramatica/ Mon, 25 Apr 2022 23:46:30 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=27933 Ator volta aos palcos após estrelar solo “O Impecável”, há seis anos.

O post Luiz Fernando Guimarães vive idosa nonagenária em comédia dramática apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
O ator Luiz Fernando Guimarães se prepara para voltar aos palcos neste 2022 com a estreia de Ponto a Ponto, versão brasileira para o clássico norte americano 4000 Miles, de Amy Herzog, que ganha sua primeira montagem brasileira 11 anos após sua estreia nos palcos da Broadway.

LEIA TAMBÉM:

Na obra, finalista do Prêmio Pulitzer de literatura, um jovem de 21 anos perde um amigo durante uma viagem de bicicleta, e vai buscar acolhimento no apartamento de sua avó que, aos 91 anos, se mantém uma mulher progressista e com ideias da revolução comunista de décadas atrás. O choque geracional se dá pelo fato de seu neto, um militante também de esquerda, ter ideias que considera mais alinhadas com os tempos contemporâneos.

A montagem chega ao Brasil sob a direção de Gustavo Barchilon e produção da Barho Produções, ambos responsáveis pela bem sucedida montagem de Barnnum – O Rei do Show, em cartaz no Rio de Janeiro e estrelada por Murilo Rosa e Sabrina Korgut. Barchilon também dirigirá a vindoura encenação de Funny Girl, o clássico musical da Broadway que rendeu a fama a Barbra Streisand e chega ao Brasil pela primeira vez em 2023.

Ponto a Ponto chega ao palco do Teatro Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, a partir de junho e, no segundo semestre, deve chegar ao Teatro B32, em São Paulo. Bruno Gissoni e Renata Ricci dividem a cena com Guimarães na montagem dedicada à Beatriz Segall (1926-2018), que estrelaria a produção, não tivesse saído de cena há quatro anos.

Amores Abalados

Um dos principais músicos do mercado brasileiro, o multi instrumentista Milton Guedes lançou, na última semana, seu quinto álbum solo, o EP Balada de Amores Abalados, que marca seu retorno ao mercado fonográfico após 14 anos, quando lançou “Certas Coisas”, álbum instrumental em que interpretava hits de artistas como Norah Jones (Don’t Know Why), Sade (Smooth Operator), Billy Joel (Just the Way you Are) e Lulu Santos (a faixa-título), entre outros.

Em Balada de Amores Abalados, Guedes volta a se aventurar como intérprete após duas tentativas na década de 1990 com dois álbuns que não deram o fôlego comercial que o artista esperava – mas pavimentaram sua carreira como músico ao gravar com artistas como Lulu Santos (com quem seguiu em sucessivas turnês ao longo de mais de uma década), Rita Lee, Milton Nascimento, entre outros medalhões da música popular.

Com canções como Bem no Último Instante, Diz, Você vai lembrar de Mim, É Mar, Teu Jogo e Naquele Lugar que a Gente Combinou, o EP Balada de Amores Abalados antecipa o show que deve estrear ainda neste primeiro semestre de 2022 e cair na estrada ao longo do ano. Quinto álbum de sua discografia solo, o EP é o sexto da trajetória do músico se contabilizado o primeiro e único álbum lançado por sua banda, Pôr do Sol, em 1984.

Falando em Disco…

O humorista Oscar Filho estreia no mercado fonográfico com o lançamento de Putz Grill…, álbum em que registra o show de stand-up homônimo com o qual roda o Brasil há exatos 11 anos. O projeto é um formato ainda pouco difundido no Brasil, mas famoso nos Estados Unidos.

O lançamento acontece via Cancel Records, selo norte americano sediado em Miami, que põe o álbum no mercado brasileiro a partir do dia 10 de junho. Em paralelo, Filho reestreia seu espetáculo Alto – Biografia Não Autorizada no dia 07 de maio no palco do Teatro MorumbiShopping com sessões sempre aos sábados às 23h. Os ingressos custam de R$ 30,00 (meia) a R$ 60,00 (inteira).

Um protagonista da utopia

O vencedor do Prêmio Bibi Ferreira Beto Sargentelli protagoniza Nautopia, a excelente epopéia náutica de Daniel Salve em cartaz no palco do Teatro B32, em São Paulo. Além de dar vida ao navegador Tomáz, Sargentelli também assina a co-produção da montagem que protagoniza ao lado de nomes como Jonathas Joba e Eline Porto, entre outros.

Foto: Caio Gallucc

Por desatenção, o nome do ator não foi citado na crítica publicada no último sábado, 23, entretanto Sargentelli é a força motora que faz de Nautopia o musical mais sedutor da temporada. O ator constrói uma personagem calcada em fragilidades que contrastam com sua voz tamanha.

Em cena, Sargentelli está em seu melhor momento cênico, ainda que tenha ganhado louros por Os Últimos Cinco Anos, musical de fan base intenso que sofreu com a encenação pouco inspirada de João Fonseca.

Eu não sei dançar…

Em cartaz no palco do Teatro Aliança Francesa, o espetáculo Um Inimigo do Povo, de Henrik Ibsen (1828-1906) sob a direção de José Fernando Peixoto de Azevedo, é uma potência cênica que foi capaz de segurar a atenção de um grupo de jovens e adolescentes na noite de sexta-feira, que, atentos, se envolveram na clássica história sobre moral e corrupção sem dar um pio.

Clara Carvalho em cena. Foto: Ronaldo Gutierrez

Com um ótimo elenco encabeçado por Rogério Britto, a montagem conta com alguns grandes momentos musicais, sendo que o melhor é quando a atriz Clara Carvalho interpreta o clássico Não sei Dançar, a balada triste de Alvin L. que Marina Lima tomou para si no álbum de ruptura de 1991.

Carvalho, que não é cantora, coloca sua voz a serviço da canção numa das interpretações mais delicadas que a balada já recebeu. A artista, inclusive, é um dos destaques do elenco. Suas cenas ao lado de Rogério Britto e Sérgio Mastropasqua elevam o nível (já alto) da montagem, que fica em cartaz até o dia 01 de maio, domingo.

Falando em destaque

E por falar em destaque, vale também celebrar a parceria de Noemi Marinho e Norival Rizzo, que, após três anos, se reencontram em cena em Diabinho e Outras Peças Curtas de Caryl Churchill, do Instituto Brasileiro de Teatro, em cartaz no Auditório do MASP, em São Paulo.

Rizzo e Marinho dividem a cena em Diabinho, peça curta dentro de uma seleção de quatro textos, em que vivem dois primos que recebem em sua casa a filha de um terceiro primo que cometeu suicídio. O jogo da dupla faz a montagem crescer. Ponto para o diretor, Guto Portugal, que escalou os atores para fechar a montagem ao lado de Mayara Constantino e Johnnas Oliva.

A montagem segue em cartaz até o dia 05 de junho, e os ingressos podem ser retirados mediante a troca de 1kg de alimento não perecível.

Jogo Rápido

– Eduardo Martini se prepara para reestrear O Filho da Mãe, clássico espetáculo de Regiana Antonini que lhe rendeu uma indicação ao prêmio de Melhor Ator no Festival Internacional de Teatro de Paraty. A montagem chega ao palco do Teatro União Cultural em maio. O ator dividirá a cena com Guilherme Chelucci.

– Com estreia agendada para o dia 22 de abril, a montagem de Papa Highirte, do Grupo Tapa, precisou ser adiada por problemas de saúde do ator ZéCarlos Machado. Anunciada desde antes da pandemia do Coronavírus, a produção já passou por sucessivos adiamentos, e, por hora, ainda não tem data de estreia. A obra, escrita por Vianinha, narra a história de ascensão e queda de um ditador latino americano. A temporada acontece no Teatro Aliança Francesa, em São Paulo.

– A atriz e escritora Nicole Cordery prepara uma segunda festa de lançamento para seu livro de estreia, Cadernos de Viagem Herdados, no dia 01 de maio. A atriz encabeça o evento que consiste numa encenação dirigida por Malú Bazán com trechos do livro interpretados por nomes como Joana Dória, Sandra Corveloni e Manuella Affonso, e uma pista de dança pilotada por Angela Ribeiro. O evento acontece no Teatro Garagem, em São Paulo.

O post Luiz Fernando Guimarães vive idosa nonagenária em comédia dramática apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Epopéia: Nautopia solidifica caminhos para o grande musical brasileiro https://canalmynews.com.br/bruno-cavalcanti/epopeia-nautopia-solidifica-caminhos-para-o-grande-musical-brasileiro-ao-montar-epico-nautico/ Sat, 23 Apr 2022 15:09:55 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=27825 Musical Nautopia, de Daniel Salve cumpre temporada no Teatro B32, em São Paulo.

O post Epopéia: Nautopia solidifica caminhos para o grande musical brasileiro apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
É sintomático que, desde sua estreia no dia 01 de abril, no palco do novo Teatro B32, em São Paulo, o musical Nautopia, uma epopéia náutica criada e dirigida pelo multiartista paulistano Daniel Salve, tenha dividido opiniões nas redes e fóruns dedicados a discussões acerca do teatro musical. Original brasileiro que foge aos padrões contemporâneos, a obra equaciona narrativa de tom épico com canções inéditas, cercada de uma produção de grande porte.

LEIA TAMBÉM:

Levando em conta as produções que chegaram à cena nas últimas duas décadas, é seguro afirmar que Nautopia faz parte de um raro panteão de montagens que enfileiraram com maestria estas características, podendo se assemelhar, numa referência direta, a 7 – O Musical, espetáculo em que a dupla Charles Möeller e Claudio Botelho deram (bom) passo autoral e levaram Ed Motta ao mundo dos musicais com fluência surpreendente, e, mais recentemente Conserto para Dois, o musical feito sob medida para Claudia Raia e Jarbas Homem de Mello com texto e letras de Anna Toledo e músicas de Tony Lucchesi e Thiago Gimenes.

Nestes dois casos específicos, músicas e dramaturgia eram inéditas, sem se alicerçar sobre uma biografia ou sucessos de um artista específico, ou uma seleção de canções do repertório popular nacional, ou mesmo internacional.

Em paralelo, outros espetáculos também trilharam um caminho similar, entre eles as criações de Vitor Rocha, um dos principais nomes do teatro musical contemporâneo, com produções menores e mais artesanais, mas com força poética a ponto de lhe render nada menos do que dois prêmios Bibi Ferreira.

As criações de Rocha, assim como outros tantos exemplos, não gozam de uma grande produção que se imponha historicamente frente a espetáculos importados da Broadway e do West End, fazendo de Nautopia um novo farol para a produção tipicamente brasileira, asfaltando caminho ainda penoso no mercado da cultura Patropi.

Foto: Cinthia Carvalho

Isto posto, o musical não apenas é farol – e deveria ser lido assim – para grandes produções originais brasileiras, mas é também, e principalmente, o grande espetáculo da temporada até então. Que pese sua longa duração (três horas cravadas), Nautopia é musical que resulta essencialmente redondo, sem excessos – ainda que tenha perdido quase uma hora de duração se comparado ao primeiro workshop, realizado em meados de 2020 pouco antes da pandemia do Coronavírus.

A obra toma como mote o mito de Ulysses para narrar a trajetória de Tomás, um jovem navegante que abandona sua terra natal, o fictício Vale da Utopia, em Santa Catarina, após o desaparecimento de sua irmã, Clara.

Após anos instalado na ilha de Paraty e com uma vida nova estabelecida – representada pelo sólido relacionamento com a mergulhadora Iara -, o rapaz decide tomar o caminho de volta ao tomar conhecimento do precário estado de saúde de seu padrinho, Rocha, e do retorno de seu amor de juventude, Selena, para a mesma ilha.

A despeito de sua premissa simples, o espetáculo se desenvolve no tempo da delicadeza, fazendo de seu (extenso) primeiro ato um meio para perfilar personagens e implantar os conflitos estabelecidos na história de cada um e, num cenário macro, da fundação desta ilha semeada por sonhos hedonistas.

Mais ágil, o segundo ato se estabelece na resolução de conflitos e na conexão de cada personagem com suas respectivas motivações, fugindo aos estereótipos e maniqueísmos, fazendo mesmo de seu herói uma figura dúbia que ajuda no embate de narrativas do fim de seu relacionamento tanto com Serena quanto com Iara, além do embate com um de seus irmãos de consideração, o pseudo vilão Tadeu.

O fato é que Nautopia é musical que não apenas estabelece a maestria de Daniel Salve como dramaturgo e diretor, mas confirma sua sina de artesão pop responsável por letra e música das (excelentes) 25 canções que compõem a obra. E eis o ponto em que o espetáculo se torna a melhor investida brasileira dentro do teatro musical desde que, em 2001, a dupla Chico Buarque e Edu Lobo compôs as canções para Cambaio, de João e Adriana Falcão, fechando assim sua (profícua) parceria formada de trilhas de balés, filmes, peças e musicais.

Diferente do que acontece em uma série de espetáculos, nem sempre as canções estão à altura da história contada – ou vice e versa. É comum que, por se tratarem de obras inéditas, se estabeleça um estranhamento inicial que pode ou não se dissolver à medida que o espetáculo se desenvolve, ou é azeitado ao longo da temporada.

Em Nautopia, todas as canções não só estão equiparadas com a dramaturgia, como se mostram fortes o bastante para extrapolar o universo em que estão inseridas. Salve é grande compositor que inexplicavelmente ainda não enveredou pelo mercado da música pop.

Foto: Cinthia Carvalho

Não é exagero afirmar que títulos como Zenite, Fluir, Pés na Areia, Cetus (Homem ao Mar), Ruínas a Mais, O Náufrago e a Sereia, A Bruma, Olhar e Ver e Nautopia são pérolas pop que, num futuro, devem ganhar gravações para além do âmbito teatral. Mérito também da direção musical de Diego Salles, que constrói arranjos que não só valorizam o caráter épico e teatral das composições, como preserva sua aura estritamente pop.

Embora resulte fluido – da belíssima cenografia creditada à empresa Universo Cenotécnico, passando pelos figurinos de Theodoro Cochrane, a direção de movimento de Olívia Branco e o ótimo desenho de luz de Guilherme Paterno -, o musical tropeça apenas na seleção de seu elenco.

É verdade que um elenco de 26 atores raramente soará homogêneo, ainda que espetáculos como Barnum – O Rei do Show e A Família Addams – O Musical, apenas para citar dois exemplos recentes, tenham roçado a perfeição com seu grupo de atores. Nautopia chega perto.

Nomes já lendários do teatro musical tupiniquim, Neusa Romano e Jonathas Joba são responsáveis pelo excelente jogo de cena no qual imprimem leveza cômica e a tragicidade dramática de suas personagens que, embora coadjuvantes, ganham status de protagonismo à medida que a obra se desenvolve.

Parecido acontece com Luana Zehnun, Aurora Dias e Sofia Savietto, que constroem personagens cativantes em registros que navegam pelo drama, a comédia e o puro hedonismo e, até, etéreo. Mesmo com menos tempo de cena, Nina Vettá e Rafael de Castro conseguem bons registros, assim como Yudchi Taniguti, que, embora tenha registros variantes, conquista com base em carisma impressionante.

Entretanto, a narrativa soa truncada quando enfoca os embates dos irmãos Tadeu e Elias, ou busca narrar as origens de sua trajetória a partir de flashbacks em que nem sempre os intérpretes estão à altura de sua história. Atriz que já comprovou talento e fluidez cênica, Dara Galvão faz pouco pela jovem Lúcia (interpretada em idade adulta por Aurora Dias), assim como Bruno Vaz apela para maniqueísmos que empobrecem as nuances de seu jovem Rocha (Joba, em idade adulta).

Nani Porto e Max Grácio imprimem mais complexidade às suas personagens, enquanto Elá Marinho capta a comicidade de sua jovem Zara (Neusa Romano, em idade adulta), Já Camillo e José Diaz pouco fazem por Tadeu e Camilo, respectivamente, enquanto Bia Anjinho resulta apagada na pele de Isabel.

Por fim, o protagonista Beto Sargentelli encontra em Nautopia, o grande momento de sua carreira como protagonista. Embora colecione grandes coadjuvantes do quilate de Lucas Beineke, na montagem original da comédia musical “A Família Addams”, e Tony, o irmão mais velho do garoto que sonha ser bailarino em “Billy Elliot”, Sargentelli ainda não havia encontrado protagonista à sua altura.

Que pese o sucesso de Os Últimos Cinco Anos, musical que lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Bibi Ferreira de Melhor Ator, mas não alcançou seu ápice sob a direção de João Fonseca, Nautopia é o primeiro espetáculo em que o ator pode usar diferentes registros não apenas como ator, mas também – e principalmente – como cantor.

A construção de um Tomás soturno valoriza o talento de Sargentelli para o drama sem jamais resultar monotemático, fazendo deste o principal trabalho do ator em cena até o momento.

É verdade, contudo, que, ao longo da temporada, estes são detalhes a serem superados e que se distanciam ao se tratar do nervosismo de uma estreia, e jamais diminuem o brilho deste espetáculo que, desde seu workshop em 2020, prometia ser um dos grandes espetáculos da temporada.

Se não se deixar levar pelos apelos das redes e fóruns para diminuir obra já redonda, Daniel Salve (ainda) terá nas mãos não apenas o melhor musical em cartaz nesta temporada, mas também obra que, a longo prazo, pode criar caminho a ser percorrido por outras produções autorais que não queiram se curvar às exigências de um mercado que, acostumado ao consumo breve, tem acostumado mal o público de musicais. Quem viver…

O post Epopéia: Nautopia solidifica caminhos para o grande musical brasileiro apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Campanhas de Ciro Gomes e Lula buscam apoio de Anitta nas redes https://canalmynews.com.br/bruno-cavalcanti/campanhas-de-ciro-gomes-e-lula-buscam-apoio-de-anitta-nas-redes/ Tue, 19 Apr 2022 13:34:50 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=27729 Cantora bloqueou o presidente Jair Bolsonaro após notar uso de sua imagem para engajamento online.

O post Campanhas de Ciro Gomes e Lula buscam apoio de Anitta nas redes apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
As campanhas digitais de Ciro Gomes (PDT) e Lula (PT) têm tentado aproveitar do block de Anitta no perfil oficial do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Twitter para capitanear o apoio da cantora nas redes sociais. 

No domingo (17) quando anunciou que havia bloqueado o candidato à reeleição, Anitta recebeu elogios de Ciro Gomes e da presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, e uma série de tweets viralizaram com a cobrança de que a artista não apenas inviabilizasse Bolsonaro em suas redes, mas para que se posicionasse a favor de algum candidato. Os nomes de Lula e Ciro Gomes têm sido os mais citados por seguidores da artista.

Ainda que não tenha havido uma abordagem direta da campanha de nenhum candidato, tanto os perfis de Ciro Gomes como o de apoiadores do ex-presidente Lula não têm poupado elogios à artista, que fez sucesso ao aparecer de verde e amarelo para sua apresentação no festival Coachella.

Artista acertou a tática

A decisão da cantora de não falar sobre o presidente para evitar o engajamento bolsonarista é vista como eficaz por especialistas em mídias sociais. Para Nathália Mendes Ribeiro, sócia da Agência Vírgula, Anitta percebeu que o perfil do presidente se beneficia de qualquer citação ao seu nome, seja boa ou ruim. “Hoje, quanto mais presença, constância e frequência digital o seu perfil consegue alcançar, maior o número de pessoas que falarão e mencionarão. É aquele ditado ‘falem bem, falem mal, mas falem de mim’”, explicou.

“O governo Bolsonaro foi vitorioso em 2018 justamente por se conectar com eleitores através das redes, criando uma proximidade com o usuário, fazendo com que surgissem identificações com aqueles que concordam ou não”, conceituou a jornalista, MBA em Marketing Digital.

Já o fundador da Dagaz Influencer, Raphael Dagaz, acredita em uma abordagem ainda mais rígida. “Na internet, e na era das redes sociais, qualquer bordão ou termo usado por pessoas de influência e importância no cenário político ou não, vai ser compreendido pela comunidade, e vai ser usado pelos opositores de qualquer forma. Citar os candidatos como inomináveis, ou dando qualquer apelido, não vai mudar isso. Mas posiciona o porta voz da mensagem quanto à sua opinião sobre aquilo. Acredito que o silêncio possa ser mais eficaz do que apelidos ou bordões”.

A dupla, contudo, concorda que a discussão já está estabelecida no campo digital, e dificilmente vai deixar de pautar as redes sociais. “Não existe mais o que é digital ou não digital. A vida de boa parte das pessoas é atravessada por conversas e diálogos que acontecem em todos os palcos, estejam as pessoas na internet ou não. Mas de alguma forma, ou criamos ou consumimos conteúdos online o tempo todo. A discussão política não apenas está, como deve estar onde as pessoas tenham mais oportunidade de questionar seus candidatos, dialogar em comunidade, e tomar decisões importantes à partir disso”, disse Dagaz.

“Cerca de 81% da população consome o digital, sendo assim, é inevitável não ter uma abordagem política no mundo virtual”, finalizou Ribeiro.

O post Campanhas de Ciro Gomes e Lula buscam apoio de Anitta nas redes apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Aécio Neves articula ministério em possível novo governo Bolsonaro https://canalmynews.com.br/bruno-cavalcanti/aecio-neves-articula-ministerio-em-possivel-novo-governo-bolsonaro/ Sun, 17 Apr 2022 15:08:15 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=27676 Tucano vem dialogando com setores do Centrão dentro do atual governo; Ciro Nogueira é empecilho

O post Aécio Neves articula ministério em possível novo governo Bolsonaro apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
O deputado federal Aécio Neves segue se movimentando para se manter o mais próximo possível ao governo Bolsonaro. Após ter encabeçado a ala bolsonarista dentro do PSDB nas eleições de 2018 e ter articulado pautas do governo dentro do Congresso Nacional, Neves vem dialogando com setores do Centrão dentro da presidência para aproximá-lo mais de Jair Bolsonaro (PL).

Confiante de que Bolsonaro assumirá um novo mandato à frente do Executivo, Aécio tem espalhado em rodas bolsonaristas que gostaria de assumir um ministério numa possível reeleição do presidente. 

De acordo com interlocutores, embora seu nome ainda seja forte dentro do PSDB e tenha aliados poderosos, o tucano teme não ter o apoio do partido para concorrer à prefeitura do Rio de Janeiro em 2024. A possibilidade tem sido aventada, mas o deputado ainda não está convencido de que deva concorrer.

Assumir um ministério dentro de um possível novo governo Bolsonaro poderia lhe dar a Aécio a força eleitoral que precisa para o pleito municipal. Por hora, o maior empecilho para sua articulação tem sido o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, com quem Neves não tem boa relação desde meados de 2019. 

Enquanto o tucano tenta se fazer viável, o progressista vem barrando suas investidas com aliados no Executivo. Procurado para comentar o caso, o ex-senador não se manifestou até a publicação desta nota.

O post Aécio Neves articula ministério em possível novo governo Bolsonaro apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
PL sonda Regina Duarte para concorrer à vaga na Câmara dos Deputados https://canalmynews.com.br/bruno-cavalcanti/pl-sonda-regina-duarte-para-concorrer-a-vaga-na-camara-dos-deputados/ Tue, 12 Apr 2022 19:39:27 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=27526 Atriz e ex-Secretária da Cultura não respondeu às investidas da sigla.

O post PL sonda Regina Duarte para concorrer à vaga na Câmara dos Deputados apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
O nome da atriz Regina Duarte vem sendo cogitado dentro do Partido Liberal (PL) para compor o quadro de candidatos da sigla à Câmara dos Deputados nas eleições de outubro. Um grupo de representantes chegou a tentar contato com a artista, mas não teve sucesso. A ideia do nome de Duarte teria partido de dentro do próprio Palácio do Planalto, que pretende ampliar o máximo possível o número de candidatos ligados ao governo Bolsonaro dentro da Câmara.

LEIA TAMBÉM:

Duarte, contudo, ainda não respondeu às investidas de representantes do partido de Valdemar Costa Neto. O grupo segue esperançoso de que a artista comporá o quadro de candidatos e pretende lançá-la pelo Rio de Janeiro. A atriz seria o chamariz eleitoral ideal no Estado berço do bolsonarismo.

Regina Duarte esteve à frente da Secretaria Especial da Cultura do governo de Jair Bolsonaro (PL) entre março e maio de 2020, quando substituiu o ex-diretor teatral Roberto Alvim, que deixou o cargo após publicar nas redes oficiais da secretaria um vídeo em que fazia alusão ao Ministro da Propaganda nazista Joseph Goebbels (1897-1945). 

A atriz deixou o cargo após uma fritura pública, quando a ala ideológica do governo exigiu que o cargo fosse a uma pessoa com vínculos menos densos com a classe artística. O nome de Mário Frias surgiu após uma entrevista do ator à CNN Brasil, na qual se colocou à disposição do governo.

Desde então, Duarte segue afastada do governo, embora se mantenha conectada às ideologias do bolsonarismo. A artista chegou a ser cogitada para compor o elenco da próxima novela de Glória Perez na Rede Globo, que estreia em 2023, mas o convite não encontrou terreno fértil dentro da emissora da qual Duarte saiu para compor o governo Bolsonaro.

O post PL sonda Regina Duarte para concorrer à vaga na Câmara dos Deputados apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Sweeney Todd brasileiro: proposta excessivamente imersiva prejudica narrativa https://canalmynews.com.br/bruno-cavalcanti/sweeney-todd-brasileiro-proposta-excessivamente-imersiva-prejudica-narrativa/ Mon, 11 Apr 2022 19:54:43 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=27477 Grande espetáculo da obra de Sondheim é valorizado por direção musical e ótimo trabalho de seu ensemble.

O post Sweeney Todd brasileiro: proposta excessivamente imersiva prejudica narrativa apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Alguma coisa está fora da ordem em Sweeney Todd – O Cruel Barbeiro da Rua Fleet, musical de Stephen Sondheim (1930-2021) e Hugh Wheeler (1912-1987), que ganha sua primeira montagem brasileira em cartaz no espaço cênico do 033 Rooftop do Teatro Santander, em São Paulo. E, em se tratando de um dos musicais mais perturbadores da (magistral) obra de Sondheim, esse é um elogio.

LEIA TAMBÉM:

O espetáculo é uma das produções mais densas e menos palatáveis da trajetória deste autor que, até sua saída de cena, em 2021 aos 91 anos, seguiu criando obras que desafiavam o teor popular do teatro musical norte americano que se acostumou à opulência das grandes montagens do final do século XX e do intimismo da linguagem do pop rock do início deste século.

Portanto, a falta de ordem é o principal atrativo na narrativa de vingança e falta de redenção de Benjamin Barker, um barbeiro mandado ao exílio pelas mãos de um juiz corrupto que, ao voltar à sua terra natal, descobre a destruição de sua família e encontra um cenário de miséria e pobreza moral.

Algo, entretanto, se perdeu na transposição da obra original para a versão brasileira dirigida por Zé Henrique de Paula, em cartaz desde 18 de março. A encenação propõe uma imersão no cenário e na ação direta do espetáculo, fazendo com que Sweeney Todd encha os olhos pelo apuro estético dividindo seu desenvolvimento em diferentes espaços cênicos, distribuídos entre a plateia. 

A ideia remete a obras anteriores em cartaz no mesmo espaço, entre elas Natasha, Pierre e o Grande Cometa de 1812, incensada montagem do mesmo Zé Henrique de Paula para a obra indicada a 12 prêmios Tony.

Entretanto, o que compunha a sedução de O Grande Cometa é o ponto destoante de Sweeney Todd. A proposta imersiva na encenação interfere na obra original, a ponto de esmaecer a força narrativa do material base, fazendo com que a obra de Wheeler e Sondheim chegue ao Brasil sem a densidade original, o que se reflete nos cortes da direção. A busca por um ritmo dinâmico compromete as pontes de conexão entre as cenas.

Sweeney Todd em montagem brasileira. Foto: Luiz Leão

É verdade que boa parte da força dramática é preservada pela direção musical de Fernanda Maia, responsável ainda por assinar as (fluentes) versões em português de uma das obras mais desafiadoras de Sondheim, letrista de caneta complexa. O trabalho de Maia, contudo, resulta prejudicado pelo som precário do espaço cênico do 033 Rooftop, que, mesmo depois de tanto tempo, não se adaptou às necessidades de grandes musicais.

O problema sonoro de fato afeta o resultado da montagem. Nem mesmo o trabalho hercúleo dos designers de som João Baracho, Fernando Akio Wada e Guilherme Ramos consegue amenizar as perdas de nuances causadas pela acústica precária, afetando o dinâmico jogo da encenação e comprometendo o trabalho do elenco.

É hercúleo também o trabalho do grupo de atores que, no todo, consegue contar a história com fluência, ainda que não tenha desempenho homogêneo. São destaques os trabalhos de Dennis Pinheiro, na pele do herói Anthony, numa construção que dá mergulho rasante no estereótipo do clássico mocinho. Valorizado pela fina estampa, o ator convence bem, ainda que a química com sua companheira de cena, Caru Truzzi, nem sempre renda o que promete. A atriz rende pouco na pele de Johanna, a jovem indefesa mantida em cativeiro.

Destaque também para o desempenho de Amanda Vicente na pele da mendiga Lucy Baker. Atriz de voz tamanha e bons dotes cênicos, Vicente encontra em Sweeney Todd a chance de se comprovar um grande nome do teatro musical moderno. Parecido acontece com Elton Towersey, artista versátil que já se demonstrou um dos principais criadores do mercado contemporâneo, e surge à vontade na pele do canastrão Adolfo Pirelli (personagem que divide com Pedro Navarro em sessões alternadas).

Sweeney Todd tem o trunfo de angariar grandes atores dentro de seu ensemble, fazendo com que o coro seja valorizado não apenas por grandes vozes, mas também por grandes interpretações que engrandecem as intenções de cada nota da composição de Sondheim. E é este um dos grandes pontos altos da direção de Zé Henrique de Paula.

Um dos principais diretores de sua geração, o profissional disseca com esmero e cuidado as intenções de cada fraseado das montagens que assina. Zé Henrique de Paula é também grande encenador e excelente cenógrafo, que entrega uma proposta rica que, neste caso específico, não valoriza a obra original, mas enche os olhos.

Por outro lado, salvo os destaques, o elenco nem sempre se mostra confortável ou à altura de suas personagens. É o caso de Guilherme Sant’anna, um dos principais nomes do teatro paulistano e profissional de peso dentro dos musicais, o ator não parece ainda ter encontrado o tom de seu juiz Turpin. 

Andrezza Massei e Rodrigo Lombardi. Foto: Stephan Solon

Mesmo sua voz tamanha – que já ressoou versátil ao compor o elenco de O Homem de La Mancha e ao percorrer as suntuosas trilhas da obra do compositor carioca Cartola (1908-1980) em recital online – parece pouco à vontade frente a canções como Pretty Woman, e é de se lamentar o corte do principal solo da personagem, Johanna (Mea Culpa).

Mais à vontade na pele do Bedel, Gui Leal, por sua vez, constrói personagem excessivamente histriônico, que destoa não apenas do trabalho de seus colegas, mas também da própria proposta de encenação. O ator, que brilhara na irregular montagem de Charlie e a Fantástica Fábrica de Chocolates, parece ter optado por caminhos mais fáceis em Sweeney Todd, o que prejudica o resultado final não apenas de sua personagem, mas do arco ao qual ele está inserido.

Parecido acontece com Mateus Ribeiro. O ator, que levou para casa um Prêmio Bibi Ferreira em 2021 por seu desempenho como protagonista em “Chaves – Um Tributo Musical” (dirigido também por Zé Henrique de Paula) dá vida ao órfão Tobias Ragg, numa construção que reedita trejeitos e nuances de seu Chaves. 

O ator enfoca um tempo de comédia corporal que enfraquece sua personagem e não estabelece seus conflitos, ou mesmo a relação afetuosa que deveria construir com a Dona Lovett de Andrezza Massei. Ainda falta encontrar o tom da delicadeza que pauta Not While I’m Around, um dos temas mais icônicos da obra.

E, por falar em Andrezza Massei, a atriz, que construiu carreira luminosa dentro do teatro musical paulistano, é o principal destaque de Sweeney Todd. Sua trajetória, baseada em personagens estritamente cômicos em produções como A Bela e a Fera, Mamma Mia! e A Pequena Sereia, vem ganhando outras nuances desde que compôs o elenco Les Miserables e dividiu o protagonismo com Marisa Orth na esmaecida montagem brasileira de Sunset Boulevard.

É verdade que, por problemas de direção, o desempenho da atriz sempre ficou, em papéis dramáticos, aquém do que poderia render. Em Sweeney Todd, Mazzei é finalmente alçada ao posto de grande protagonista graças a sua interpretação luminosa na pele de Dona Lovett, papel desempenhado por nomes como Angela Lansbury (na produção original da obra, em 1979), e Patti LuPone (no último revival do musical na Broadway, em 2006).

Desde sua entrada em cena, dominando uma das canções mais difíceis da obra, The Worst Pies in London, até o desfecho trágico de sua personagem, Mazzei jamais titubeia, resultando em seu melhor momento em cena. 

Seu timing cômico surge mais apurado, e a atriz demonstra uma percepção dramática rica o bastante para não transformar sua Lovett numa alegoria – ainda que um dos momentos mais icônicos da obra original, o fim do primeiro ato ao som de A Little Priest, perca totalmente sua força cômica e sardônica. É, contudo, o trabalho da carreira da atriz.

O mesmo, infelizmente, não se pode dizer de Rodrigo Lombardi. Ator que já se comprovou um dos melhores de sua geração ao brilhar na remontagem brasileira de Um Panorama Visto da Ponte, de Arthur Miller (1915-2005), e conseguir destaque na participação especial que fez em Urinal – o Musical, ambos sob a direção do mesmo Zé Henrique de Paula, Lombardi não reedita em Sweeney Todd o brilhantismo de suas últimas passagens em cena.

Desconfortável em cena, Lombardi não dá conta da extenuante partitura de Sondheim que, verdade seja dita, exige um ator com maior preparo e experiência dentro do teatro musical. Embora seja uma personagem com um arco dramático rico – o que exige também um grande ator -, Sweeney Todd é um dos papéis mais difíceis compostos por Sondheim, que, vocalmente, exige um trabalho exímio de seu intérprete. Não à toa, nomes consagrados do teatro musical norte americano e inglês costumam interpretar a personagem – vivida, inclusive, por grandes nomes da ópera.

Johnny Deep e Helena Boham Carter. Foto: Universal Pictures

O desastroso filme dirigido por Tim Burton em 2007 e estrelado por Johnny Depp e Helena Bonham Carter foi a prova de que um ator com dotes vocais limitados não consegue dar a dimensão necessária para a personagem. 

Embora Lombardi seja ator mais bem preparado e com melhor desempenho que Depp, seu Sweeney Todd ainda carece de melhor domínio musical e dramático para dar conta de todas as nuances que necessita para se mostrar a grande personagem da obra de Sondheim – atrás apenas da shakespeariana Mamma Rose, de Gypsy.

No todo, são muitos os pontos positivos de Sweeney Todd – O Cruel Barbeiro da Rua Fleet, passando por sua cenografia, o desenho de luz (Fran Barros), o visagismo (Dhiego Durso e Feliciano San Roman), o figurinos (João Pimenta) e, claro, o ensemble formado por Diego Luri, Renato Caetano, Sofie Orleans, Pedro Silveira, Edmundo Vitor, Bel Barros, Pamela Machado e Davi Novaes. É um espetáculo que triunfa por uma proposta arrojada e de grande senso estético.

Entretanto, é esse senso estético de uma proposta excessivamente imersiva, que atenua as tensões dramáticas pensadas pela obra original, fazendo com que a montagem tropece em irregularidades que se refletem em seu elenco e na adaptação, resultando numa obra bem menos impactante do que de fato é o trabalho de Stephen Sondheim e Hugh Wheeler, que necessita de uma imersão mais intensa em sua dramaturgia do que a proposta pela encenação.

SERVIÇO:

Data: 18 de março a 05 de junho

Local: 033 Rooftop do Teatro Santander – São Paulo (SP)

Endereço: Complexo do Shopping JK Iguatemi – Av. Juscelino Kubitschek, 2041 – Itaim Bibi

Horário: 21h30 (sexta); 16h e 20h30 (sábados); 18h (domingos)

Preço do ingresso: R$ 90,00 (meia) a R$ 220,00 (inteira)

O post Sweeney Todd brasileiro: proposta excessivamente imersiva prejudica narrativa apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Grupo ligado a Bia Kicis se movimenta para manter veto de Bolsonaro à Lei Paulo Gustavo https://canalmynews.com.br/bruno-cavalcanti/grupo-ligado-a-bia-kicis-se-movimenta-para-manter-veto-de-bolsonaro-a-lei-paulo-gustavo/ Thu, 07 Apr 2022 22:11:23 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=27349 Projeto de Lei previa o repasse de mais de R$ 3 bilhões ao setor cultural.

O post Grupo ligado a Bia Kicis se movimenta para manter veto de Bolsonaro à Lei Paulo Gustavo apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Um grupo de deputados ligados à bancada comandada pela presidente da Comissão da Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) Bia Kicis (PL) se movimentou dentro do Congresso Nacional nesta quinta-feira (7) para manter o veto do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Projeto de Lei Complementar (PLP) 73/21. O PLP que visava o repasse de R$ 3,86 bilhões do Fundo Nacional de Cultura (FNC) para fomento de atividades e produtos culturais em razão dos efeitos econômicos e sociais da pandemia de Covid-19.

LEIA TAMBÉM:

Batizado com o nome do ator, diretor e produtor Paulo Gustavo (1978-2021), o projeto de lei foi aprovado na Câmara e no Senado a despeito dos esforços do então Secretário da Cultura, Mário Frias, que declarava abertamente que o projeto deveria ser vetado. O lobby de Frias era, na verdade, um pedido do próprio presidente, que já planejava vetar o projeto de lei.

No veto publicado na quarta-feira (6), o presidente alegou que o projeto criava uma despesa sujeita ao teto de gastos sem apresentar “medidas compensatórias” para garantir o cumprimento do limite. Bolsonaro disse ainda que se trata de uma questão fiscal e que o setor já havia sido contemplado com recursos da Lei Aldir Blanc, entre 2020 e 2021, que repassou o total de R$ 3 bilhões para amenizar os efeitos da pandemia do Coronavírus no mercado cultural.

Teatro

Dercy por Fafy

Dez anos após dar vida à atriz, produtora, diretora e vedete Dercy Gonçalves (1907-2008) na minissérie Dercy de Verdade, de Maria Adelaide Amaral, Fafy Siqueira voltará a encarnar a artista – que saiu de cena há 14 anos, aos 101 anos de idade. Siqueira será a estrela de Eu Nasci para ser Dercy, peça escrita e dirigida por Kiko Rieser em que a atriz dará vida à Gonçalves numa nova dinâmica.

“Não se trata de uma biografia, mas de uma homenagem”, explica o autor. “Fazer a peça agora é um acerto de contas geral, o pagamento de uma dívida e um tributo prestimoso a essa grande brasileira que foi Dercy Gonçalves, que inaugurou uma nova forma de representar no teatro brasileiro e abriu portas para as mulheres serem cada vez mais independentes”, conceituou Rieser.

Fafy. Foto: João Miguel Jr (Divulgação)

Na obra, Siqueira dá vida a Fátima, uma atriz que participa de um teste para a seleção de elenco de um projeto sobre Dercy Gonçalves, e, frente ao texto cheio de palavrões sem nexo, se revolta e propõe uma explicação sobre a importância da figura da atriz, que se tornou folclórica ao longo das décadas por seu método próprio de trabalho, além da aparição em programas de auditório, como o SuperPop de Luciana Gimenez, já nos últimos anos de vida.

Com estreia prometida para o mês de julho, o espetáculo é o fechamento de um ciclo na vida de Siqueira, que deveria ter interpretado Gonçalves muito antes da série, no teatro. A artista estrelaria Dercy por Fafy, peça escrita pela mesma Maria Adelaide Amaral que assinou a série e a biografia da atriz, Dercy de Cabo a Rabo

A montagem seria dirigida por Marília Pêra (1943-2015) e arrancou declarações da própria Dercy, que considerou Siqueira a única atriz capaz de contar sua história nos palcos. Embora o projeto nunca tenha acontecido, Fafy viveu a personagem na série Dalva e Herivelto e retornou em Dercy de Verdade. Nasci para ser Dercy é o primeiro projeto teatral sobre a trajetória da artista.

36 anos de Chernobyl

No dia 26 de abril, terça-feira, o mundo relembra os 36 anos desde que o reator 4 na usina nuclear de Chernobyl explodiu, causando assim o maior desastre nuclear da história da humanidade. Como ação de lembrança, o Teatro da Aliança Francesa recebe, nos dias 26 e 27, o espetáculo Chernobyl, da dramaturga francesa Florence Valéro.

Imagem da peça Chernobyl. Foto: Guy Pichard (Divulgação)

Encenado no Brasil desde 2019, o espetáculo enfoca a trajetória de uma família deixando a cidade de Chernobyl em direção a Pripyat, para buscar asilo em outros países da Europa. Sob a direção de Bruno Perillo (indicado ao Prêmio APCA pelo trabalho), o espetáculo conta com elenco formado por Nicole Cordery, Carolina Haddad, Joana Dória e Manuella Afonso.

Após as sessões, elenco e produção batem um papo com a plateia e intermediam um debate com a autora (27) e com profissionais ligados ao estudo e a discussão do trabalho com energia atômica.

Casting

Broadway lá vou eu

A produtora paulistana Alegresse Produções anunciou a abertura das audições de seu primeiro espetáculo musical, Bring it On, espetáculo de Lin-Manuel Miranda, Tom Kitt e Amanda Green que chegou aos palcos da Broadway em 2012 enfocando o competitivo mundo das líderes de torcida.

O espetáculo ganhará sua primeira montagem brasileira uma década após abrir as cortinas em Nova York. As inscrições para a audição estão abertas até o dia 23 de abril por meio do e-mail oficial bringiton@allegresse.com.br. Para compor o elenco, os atores precisam ter idade aparente entre 15 e 23 anos.

O material pedido é composto por currículo, fotos e um vídeo cantando uma canção a escolha do candidato de aproximadamente um minuto e 30 segundos.

Jogo Rápido

– Filme que rendeu o primeiro Oscar da carreira de Jessica Chastain neste 2022, Os Olhos de Tammy Faye já está disponível no catálogo do Star Plus. Dirigido por Michael Showalter e estrelado por Chastain ao lado de Andrew Garfield, o filme narra a controvertida trajetória da apresentadora e cantora evangélica Tammy Faye Bakker (1942-2007).

As Poderosas Ferramentas de Gestão da Emoção para Relações Saudáveis é o título do novo livro do psicanalista Augusto Cury, que chega ao mercado via Dream Sellers. No livro, Cury reúne ensinamentos sobre como as pessoas podem construir relações inteligentes consigo mesmas e com os outros. Uma adaptação teatral da obra já pode ser prevista para o horizonte.

– Ficou para o ano que vem a montagem brasileira de Anything Goes, musical de Cole Porter (1891-1964), que chega ao Brasil sob a produção do Atelier de Cultura. Acontece que a produtora pretende estrear no Teatro Alfa, em São Paulo, no segundo semestre, mas o palco já está comprometido com a temporada de dança. Se nada mudar até lá, ficou para 2023.

– Ficou só na promessa a transmissão online que a dupla Charles Möeller e Claudio Botelho faria com o registro de seu musical Company, a primeira montagem de uma obra de Stephen Sondheim (1930-2021) no Brasil. Os diretores haviam garantido que a obra seria disponibilizada no YouTube em 2021, mas o tempo foi passando, passando, passando e ninguém mais falou no assunto.

– Também não se falou mais no assunto da transmissão do show Primórdios, da cantora Marina Lima, no YouTube. O espetáculo foi um dos melhores de 2005 e rendeu um ótimo álbum em 2006. A cantora gravou um DVD, com a direção de Monique Gardenberg, no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo, mas o projeto nunca viu a luz do dia. No canal oficial da cantora, sua equipe tem feito a transmissão de vários shows antigos: Todas (1985), Síssi na Sua (2000) e um espetáculo em Nova York (1991). Primórdios estava prometido, mas ficou na saudade.

O post Grupo ligado a Bia Kicis se movimenta para manter veto de Bolsonaro à Lei Paulo Gustavo apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Musical ‘Funny Girl’ que rendeu Oscar a Barbra Streisand ganha montagem no Brasil https://canalmynews.com.br/bruno-cavalcanti/musical-funny-girl-que-rendeu-oscar-a-barbra-streisand-ganha-montagem-no-brasil/ Tue, 05 Apr 2022 15:18:10 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=27231 Funny Girl tem sua primeira produção no país entre o segundo semestre deste ano e o início de 2023. Orçamento previsto ultrapassa R$ 3 milhões.

O post Musical ‘Funny Girl’ que rendeu Oscar a Barbra Streisand ganha montagem no Brasil apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Musical que chegou aos palcos da Broadway em 1964 e alçou ao estrelato a cantora e atriz Barbra Streisand, Funny Girl ganha sua primeira montagem no Brasil entre o segundo semestre deste ano e o início de 2023. A produção será a primeira montagem do espetáculo no Brasil e marca a segunda investida da BARPHO Produções no mercado teatral.

LEIA TAMBÉM:

A produtora foi responsável pela montagem de Barnum – O Rei do Show, musical protagonizado por Murilo Rosa e Kiara Sasso e celebrado como um dos melhores espetáculos de 2021. Subtitulado A Garota Genial, o musical chegará ao Brasil na esteira do sucesso da montagem em cartaz na Broadway, estrelada por Beanie Feldstein, Ramin Karimloo e Jane Lynch.

A obra narra a trajetória da atriz da Broadway Fanny Brice (1891-1951), um dos principais nomes dos palcos norte americanos no início do século XX. A adaptação para os cinemas rendeu não apenas um Oscar à Barbra Streisand na categoria Melhor Atriz em Papel Principal, mas foi o primeiro registro de Don’t Rain on my Parade, um dos standards da música americana.

Ainda não há informações sobre o elenco, entretanto o diretor Gustavo Barchilon, responsável pela encenação de Barnum – O Rei do Show assina a direção da montagem. Aprovado para captar a verba de montagem via Lei de Incentivo à Cultura (Lei rouanet), o projeto tem orçamento previsto em R$ 3.138.004,48.

Política

Dono do JB é PDT

O dono do histórico diário carioca Jornal do Brasil, Omar Resende Peres Filho, anunciou sua filiação ao PDT de Ciro Gomes no domingo (3.) O empresário, que assumiu o jornal em 2017 e foi responsável pelo breve retorno da publicação à mídia impressa entre 2018 e 2019, já tem uma carreira política com pelo menos quatro candidaturas desde 1994.

Resende já foi filiado ao Partido Verde, quando concorreu à prefeitura de Juiz de Fora (MG) em 2008, ao PSL (Partido Social Liberal) quando concorreu à Câmara dos Deputados em 2010, e ao próprio PDT, por onde concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados e ao Senado, em 1994 e em 2006, respectivamente.

Em seu perfil oficial no Facebook, Peres Filho anunciou, em 28 de janeiro, apoio ao então presidenciável Ciro Gomes. Ainda não se sabe se o empresário concorrerá a um cargo público nestas eleições. Procurado para comentar o caso, o empresário não se manifestou até a publicação desta nota.

Artes cênicas

Clássico em Santo André

Falando em teatro, Sandra Corveloni encabeça a nova montagem de Zoológico de Vidro, clássico do dramaturgo norte americano Tennessee Williams (1911-1983) montado no Brasil em 1988 e em 2009, e estrelado, respectivamente, por Nicette Bruno (1933-2020) e Cássia Kis. Na obra, Corveloni dá vida a Amanda Wingfield, uma mãe obcecada pelo filho mais velho, Tom, e em busca de conseguir um bom casamento para a filha caçula, Laura.

Imagem de divulgação da peça Zoológico de Vidro. Foto: Bruna Massarelli

Escrita em tons autobiográficos, a obra lança um olhar para a própria família de Williams e sua relação conflituosa com a mãe e com sua irmã, internada ainda muito jovem em um sanatório. Sob a direção de Lavínia Pannunzio, a montagem chega ao palco do Sesc Santo André, em São Paulo, no dia 22 de abril e cumpre temporada até o dia 28 de maio.

O elenco é formado ainda por Guilherme Trindade, Thaís Müller e Bruno Rocha e o texto conta com a tradução da atriz, diretora e tradutora carioca Clara Carvalho. Em cena, Corveloni dará vida a uma das personagens mais clássicas da dramaturgia norte americana, vivida por nomes como Sally Field, Katharine Hepburn (1907-2003), Jessica Lange e Joanne Woodward, entre montagens na Broadway e adaptações para o cinema.

Noite paulistana

Crianças, não!

Celebrado como um dos bares mais conceituados da Santa Cecília, na zona central de São Paulo, o Miúda Bar vem recebendo uma série de críticas nas redes sociais após a acusação feita pela atriz e fotógrafa Marcelle Cerutti em seu perfil no Instagram de que foi impedida de entrar nas instalações do bar por estar acompanhada de seu filho menor de idade.

De acordo com o post de Cerutti, que viralizou na tarde desta segunda-feira (4), o evento era o aniversário de uma amiga ao ar livre, às 17h. “Cheguei no bar mais descolado da Santa Cecília para o aniversário de uma amiga e não pude entrar porque estava com meu filho. Aparentemente o bar que aceita todo mundo não aceita mães solo com seus filhos. Não era balada, não era noite, era um espaço aberto e eu só ia ficar um pouco. Miúda Bar me perdeu”, escreveu a atriz em seus stories.

Miúda Bar, localizado no bairro de Santa Cecília, em São Paulo. Foto: Reprodução (Instagram)

O post vem rendendo críticas ao espaço que, em nota publicada em seu perfil oficial do Instagram, declarou ter seguido a instrução de sua assessoria jurídica. 

“Considerando o que dispõe o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e as leis pertinentes a decisão parte principalmente da preocupação com a estrutura e programação que temos. Antes da expansão, menores de idade acompanhados pelos responsáveis frequentavam, pois não trabalhávamos com controle de entrada. Contudo, após a ampliação, passamos a ter mais movimento e receber uma agenda de atrações musicais e artísticas – o que faz com que haja fluxo intenso de pessoas. […] Nosso ambiente é feito para adultos, com programação cultural de cunho adulto e consequentemente para maiores de 18 anos.”, escreveu o bar nota. 

Jogo Rápido

É coisa nossa! A jazzista paulistana Eliane Elias levou para casa, na noite de domingo, seu segundo Grammy. A artista venceu a premiação mais importante do mercado da música norte americana com o álbum Mirror, Mirror, seu primeiro álbum gravado sem voz, apenas com o toque do piano em 27 anos. Este é o segundo Grammy que a pianista e cantora de 62 anos recebe. O primeiro foi em 2016, com o álbum Made in Brazil, lançado um ano antes.

A atriz Sylvia Bandeira prorrogou a temporada de seu espetáculo Charles Aznavour – Um Romance Inventado no palco do Teatro PetraGold, no Rio de Janeiro. Dividindo a cena com Mauricio Baduh e com roteiro formado por clássicos do repertório do francês Charles Aznavour (1924-2018), o espetáculo permanece em cartaz até o dia 17 de abril, com sessões aos sábados e domingos. A direção é de Daniel Dias da Silva e a direção musical de Liliane Secco.

Falando em Rio de Janeiro: Mel Lisboa e Marcello Airoldi estreiam no dia 08 de abril, no Teatro Firjan Sesi, Misery, versão teatral do clássico romance de Stephen King que chegou às telas do cinema em 1990 e rendeu um Oscar à Kathy Bates como Melhor Atriz. Lisboa dá vida ao papel que foi de Bates, uma mulher solitária que faz um famoso escritor de refém, enquanto Airoldi dá vida à personagem que foi vivida por Bruce Willis em 2015 na adaptação da obra para os palcos da Broadway. Foi o primeiro e único trabalho de Willis nos palcos de Nova York. A direção é de Eric Lenate.

Nada exagerado! Chegou às plataformas digitais na manhã de ontem, 04, o disco O Tempo não Pára – O Show Completo, que apresenta na íntegra o repertório da última turnê de Cazuza (1958-1990). O disco conta com sete músicas que não entraram na edição original do álbum, em 1989. O lançamento chega às redes através do projeto Reviva Cazuza, da Sociedade Viva Cazuza, de Lucinha Araújo. A gravação foi mixada e masterizada por Walter Costa e Ricardo Garcia, respectivamente.

O post Musical ‘Funny Girl’ que rendeu Oscar a Barbra Streisand ganha montagem no Brasil apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Nome de Marta Suplicy entra em discussão para assumir comitê da cultura em eventual governo Lula https://canalmynews.com.br/bruno-cavalcanti/nome-de-marta-suplicy-entra-em-discussao-para-assumir-comite-da-cultura-em-eventual-governo-lula/ Mon, 04 Apr 2022 14:40:07 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=27175 Ex-petista já teve conversas com o ex-presidente em momentos diferentes da pré-campanha.

O post Nome de Marta Suplicy entra em discussão para assumir comitê da cultura em eventual governo Lula apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
O nome da ex-petista e ex-peemedebista Marta Suplicy voltou a aparecer nas discussões da alta cúpula do Partido dos Trabalhadores para assumir um cargo dentro de um eventual governo Lula em 2023. De acordo com fontes dentro da sigla, Suplicy poderia assumir o prometido comitê de cultura que Lula pretende instaurar dentro do Ministério da Cultura. O então pré-candidato prometeu recriar a pasta caso tome posse.

Atualmente à frente da Secretaria de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, Suplicy voltou a dialogar com o antigo partido quando Lula iniciou suas conversas para instaurar coalizões para sua candidatura ao pleito federal. A ala mais antiga do PT tem feito sucessivas investidas para se aproximar da ex-prefeita de São Paulo. A ideia é que Suplicy funcione ainda como cabo eleitoral no palanque de Fernando Haddad ao Governo de São Paulo.

Existem contudo dois entraves para que a ex-senadora receba um convite formal para que assuma uma posição de destaque nas duas campanhas petistas. O primeiro é a candidatura de Rodrigo Garcia (PSDB) ao governo de São Paulo. Contando com o apoio do prefeito Ricardo Nunes (MDB), de quem Marta se tornou próxima durante a gestão de Bruno Covas (1980-2021), um apoio da ex-petista ao candidato do PSDB parece mais natural.

Já o segundo é a figura atuante da ex-presidente da República Dilma Rousseff na campanha de Lula. Rousseff e Suplicy sempre tiveram uma relação tensa, que ficou ainda pior após a ex-senadora votar a favor do impeachment da ex-colega de partido. Suplicy compôs ativamente o governo de Dilma entre 2012 e 2014, quando assumiu o Ministério da Cultura em gestão conturbada. 

O nome de Suplicy para o comitê da cultura de Lula surge justamente na pasta em que a ex-petista se mostrou mais à vontade, ainda que sem desenvolver diálogo fluido com a classe artística. Procurada para comentar o caso, a assessoria da Secretária de Relações Internacionais não se pronunciou até a publicação desta nota.

Estreias culturais da semana

Frame do How to be a Carioca. Foto: Agência Brazil (Divulgação)

Ele é carioca…

Embora seja figura de renome e reconhecimento mundial, com turnês lotadas ao redor do globo e participações em filmes de Hollywood, nunca é demais repetir, o cantor, ator e multi artista Seu Jorge é carioca. Carioca de Belford Roxo, baixada fluminense. E essa sua natureza vai ficar ainda mais evidente quando estrear, ainda neste semestre, How to Be a Carioca, série que chega ao Star Plus sob a direção do premiado (e também carioca) Carlos Saldanha.

Sob a direção de Joana Mariani e Rene Sampaio (além do próprio Saldanha), a série, baseada no best seller homônimo da norte americana Priscilla Ann Gosling lançado em 1992, narra a história de Francisco, um boa praça que, a cada episódio, ajudará um gringo a viver uma aventura tipicamente carioca. A data de estreia ainda não foi confirmada.

Maternidade Transformadora

A maternidade é o tema central de Mulheres que Nascem com os Filhos, peça de Samara Felippo e Carolinie Figueiredo que chega ao palco do Teatro Nair Bello, no Shopping Frei Caneca, em São Paulo, a partir do dia 15 de abril. Escrita pelas atrizes, a obra narra as descobertas da dupla após se tornarem mães, e retrata temas como a exaustão mental, o amor, a aceitação do corpo pós-gravidez, a criação dos filhos e a nova identidade como mulher.

A montagem busca na vida das atrizes a inspiração para falar da maternidade e suas singularidades. Felippo, que é mãe de duas garotas negras, retrata o assunto a partir da perspectiva de uma mãe branca que vai de encontro ao racismo estrutural e a como aprender a lidar com ele para aí poder ensinar suas filhas. “Desde que minha filha, menina negra, questionou a beleza do seu cabelo, minha vida tomou outro rumo. Fui ao encontro de um mundo racista, cruel e covarde em busca de soluções e acolhimento”, relata.

Samara Felippo e Carolinie Figueiredo. Foto: Lorena Zschaber

Para a diretora e co-autora do texto, Rita Elmôr, o espetáculo é um encontro de mães com suas próprias percepções e seus demônios. “Eu fui mãe adolescente, aos 18 anos, e tinha então uma relação muito difícil com a minha mãe. Ao longo da vida, tive que me desenvolver muito para curar as dores causadas por essa relação, entender e perdoar minha mãe. Eu e ela conseguimos nos resolver, e, de alguma maneira, eu trouxe isto para a peça. Fui mãe novamente agora, aos 46 anos, e o trabalho com as meninas na sala de ensaio também me ajudou muito. Foi um processo de troca intensa”.

Produzido no tempo de uma gestação Mulheres que Nascem com o Filhos cumpre temporada de 15 de abril a 05 de junho, com sessões de sexta-feira a domingo, às 21h (sextas e sábados) e às 19h 9domingos). Os ingressos custam de R$ 30,00 (meia) a R$ 60,00 (inteira).

Pessoa(s)

Após uma grande reforma em suas instalações, e renomeado com o sobrenome Klabin, o Grande Auditório do Masp se prepara para reabrir as portas amanhã (05) com a estreia de Pessoa(s), espetáculo concebido, dirigido e coreografado por Anselmo Zolla e William Pereira sob a produção do Studio 3 Cia. de Dança.

O espetáculo celebra a (monumental) obra criada pelo poeta português Fernando Pessoa (1888-1935) e todos os seus heterônimos. As apresentações acontecem nos dias 05, 06 e 07, com sessões sempre às 20h. Sob a direção musical de Felipe Venâncio, o espetáculo cria em seu espaço cênico uma dramatização para as várias formas dos “eus” criados por Pessoa. Os figurinos são assinados por Fábio Namatame e a cenografia é de Renata Pati. Os ingressos são gratuitos.

Jogo Rápido

O roteirista e dramaturgo Júlio Kadetti arquiteta a adaptação para os palcos de Lábios que Beijei – O Romance da Lapa, livro com tintas autobiográficas lançado pelo novelista Aguinaldo Silva em 1992 e que narra sua passagem por uma pensão miserável no bairro da Lapa entre os anos de 1969 e 1971. Ainda sem data de estreia, a produção do espetáculo abrirá audições para formar seu elenco.

A atriz, dramaturga e diretora Renata Carvalho lança, nesta quinta-feira, o livro com o registro da peça Manifesto Transpofágico, que estreou em 2019. O evento acontece na Biblioteca Mário de Andrade com uma sessão de autógrafos. O livro é um lançamento da Editora Monstro, iniciativa editorial da ONG Casa 1, conhecida por seu trabalho de acolhimento a pessoas LGBTQIA+. A entrada é gratuita.

Após quase uma década, a atriz e cantora Lucinha Lins voltou aos palcos de São Paulo. A artista é uma das estrelas de As Meninas Velhas, texto de Claudio Tovar sob a direção de Tadeu Aguiar que chegou ao palco do Teatro Vivo no último sábado, 02. Lucinha divide a cena com Bárbara Bruno, Nádia Nardini e Sônia de Paula na comédia que flagra um grupo de amigas em meio ao processo de envelhecimento.

Cinco anos após abocanhar indicações aos principais prêmios de teatro de São Paulo, quando protagonizou o espetáculo Hebe – O Musical sob a direção de Miguel Falabella e com texto de Artur Xexéo (1951-2021), Débora Reis prepara seu retorno aos palcos. A atriz e cantora sobe ao palco ao lado do guitarrista Beto Lee para celebrar a obra de Rita Lee no projeto Celeebration. O show deve seguir turnê pelo Brasil, mas antes se apresenta no Memorial da América Latina, em São Paulo, no festival 40 Anos de Rock.

O post Nome de Marta Suplicy entra em discussão para assumir comitê da cultura em eventual governo Lula apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Fernando Haddad seria ideal no Ministério da Cultura https://canalmynews.com.br/bruno-cavalcanti/candidato-ao-governo-de-sao-paulo-fernando-haddad-seria-ideal-no-ministerio-da-cultura/ https://canalmynews.com.br/bruno-cavalcanti/candidato-ao-governo-de-sao-paulo-fernando-haddad-seria-ideal-no-ministerio-da-cultura/#respond Thu, 17 Mar 2022 13:51:38 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=26646 É de se questionar desejo do PT e do petista por um mandato no Palácio dos Bandeirantes.

O post Fernando Haddad seria ideal no Ministério da Cultura apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Pouco menos de um ano após perder a eleição para a presidência da república num segundo turno conturbado com Jair Messias Bolsonaro (PL), o petista Fernando Haddad compareceu como um dos convidados de honra à reestreia da peça “A Profissão da Senhora Warren”, do irlandês George Bernard Shaw (1856-1950), no Teatro Aliança Francesa, em São Paulo.

LEIA TAMBÉM:

A produção fazia parte do projeto “2X SHAW”, que relembrava os 70 anos da morte do dramaturgo com a apresentação de dois títulos de sua obra: “Senhora Warren” e “A Milionária”. O evento foi idealizado pela pesquisadora e doutora Rosalie Rahal Haddad, especialista na obra do irlandês.

Ao fim do espetáculo, numa entrevista para compor o material de divulgação do projeto, o ex-prefeito da capital não apenas teceu elogios à montagem dirigida por Marco Antônio Pâmio e estrelada por nomes como Clara Carvalho, Karen Coelho, Sérgio Mastropasqua, Cláudio Curi, Caetano O’Maihlan e Mário Borges, como se mostrou um grande conhecedor da obra de Shaw, citando títulos, anos e temas que compunham suas criações.

Em meio ao coquetel de estreia (bancado sem dinheiro público), uma atriz comentou, com um ar de melancolia, a quem quisesse ouvir: “imagina só, um presidente que vai ao teatro”. Diferente de Haddad, Jair Bolsonaro não foi ao teatro. Nem durante os quatro anos que esteve à frente da Presidência da República, tampouco durante os 27 que esteve em evidência como deputado federal pelas polêmicas que protagonizou com o aval de programas como o CQC e o Pânico na TV.

Bolsonaro não foi nem mesmo às peças de seus Secretários da Cultura, o diretor Roberto Alvim e a atriz Regina Duarte (o atual, Mário Frias, não construiu carreira nos palcos), ou de apoiadores como Carlos Vereza e Davi Cardoso Jr. (mas, na deste último, nem Fernando Haddad deve ter ido).

O presidente Jair Bolsonaro ao lado da atriz e antiga secretária especial da Cultura do Ministério do Turismo, Regina Duarte. Foto: Foto: Antonio Cruz (Agência Brasil)

O fato é que Haddad sempre teve relações estreitas com o mercado cultural. Já derrotado, em dezembro de 2018, foi ovacionado ao comparecer ao show de Milton Nascimento no Sesc Pinheiros, em São Paulo, e mesmo enquanto prefeito conseguiu diálogo profícuo com a classe artística – ainda que, durante seus quatro anos à frente de São Paulo, tenha minguado projetos importantes, como o que levava shows e grandes espetáculos aos palcos dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) nas periferias da cidade.

Contudo, sua gestão foi positiva. À frente da Secretaria Municipal da Cultura, o prefeito empossou nomes como Juca Ferreira (que deixou o cargo para assumir o Ministério da Cultura no governo de Dilma Rousseff), o arquiteto e urbanista Nabil Bonduki, ainda hoje elogiado pelo setor, e Maria do Rosário Ramalho, além de ampliar projetos como o do Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais (VAI) e buscou descentralizar o acesso à cultura com série de eventos em espaços da periferia e a reformas de teatros da máquina pública.

Sua gestão como prefeito, entretanto, foi repleta de senões e ações que afundaram ainda mais sua já baixa popularidade. Haddad é habilidoso enquanto figura técnica, mas nem sempre consegue se impor como político apto ao jogo das narrativas. 

Haddad político

Embora tenha ganhado projeção nacional ao abocanhar um segundo turno nas eleições federais de 2018, sua derrota para Bolsonaro não fez bem para sua imagem (embora, verdade seja dita, o candidato tenha sido usado como bode expiatório do antipetismo vigente). Sua acachapante derrota para João Dória no segundo turno das eleições municipais de 2016, ainda em primeiro turno, também não fez bem à sua imagem.

É de se questionar, portanto, se o PT faz bem em insistir em sua candidatura ao governo do Estado de São Paulo. Ainda que surja como nome de raro favoritismo ao cargo, disputando apenas com Márcio França (PSB) o primeiro lugar nas pesquisas, nada é garantido. O petista tem nomes como o ministro de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas (Sem Partido), e o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) no encalço pelo segundo lugar caso França de fato tire sua candidatura (o que não está nos planos do ex-governador, mas também não deixa de ser uma possibilidade).

Fernando Haddad ao lado de sua esposa Ana Estela Haddad, durante eleição presidencial de 2018. Foto: Rovena Rosa (Agência Brasil)

Haddad talvez tenha mais contras do que efetivamente prós ao se lançar candidato a uma praça que nunca elegeu o Partido dos Trabalhadores ao Palácio dos Bandeirantes. Um deles é o desgaste de ser um dos políticos petistas mais populares e mais derrotado nas eleições. Ainda que Lula tenha perdido nada menos do que três eleições federais, foi o presidente mais popular do Brasil, além de ser líder nas intenções de voto para um possível terceiro mandato. Haddad não goza da mesma popularidade.

Seu franco favoritismo nas pesquisas é fruto inegável da projeção alcançada em 2018 graças ao pleito federal e, mesmo que pareça sólido, pode derreter. Então uma nova derrota para o petista após despontar tão bem na corrida eleitoral pode ser um desgaste ainda maior, assim como um possível governo pode perder muito sem um apoio maciço na Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp) – cenário que ainda se desenhará.

É compreensível que o PT queira Haddad na linha de frente do governo de um dos estados mais ricos do Brasil, ainda mais tendo em vista a possível eleição de Lula ao governo federal, mas, perguntar não ofende, com tantas possibilidades contra, o que faz Haddad aceitar o desgaste?

Um ministério para Haddad

Num possível governo Lula, talvez Haddad fizesse bem em assumir um ministério. E, levando em conta a necessidade que o governo federal terá de reestruturar o campo da cultura, o nome do ex-prefeito (e ex-Ministro da Educação) talvez surta efeito, uma vez que seu diálogo com o setor cultural é profícuo e fluido. Haddad conhece de política cultural e, o mais importante, não se priva de aprender quando necessário.

A ideia de Lula de criar um comitê para a cultura junto à reconfiguração do Ministério, vai necessitar uma figura menos sisuda que a de Juca Ferreira (2008-2010 e 2015-2016), mais enérgica que a de Anna de Hollanda (2011-2012) e mais enturmada com as múltiplas linguagens culturais que Marta Suplicy (2012-2014), os três principais nomes à frente da pasta no governo de Dilma Rousseff (PT).

Haddad talvez não tenha o perfil agregador e multicultural de Gilberto Gil (2003-2008), entretanto é figura técnica que pode compreender e dar vazão às necessidades da pasta que vai enfrentar seu maior desafio desde que foi criada em 1985 à época da redemocratização durante o governo de José Sarney: o de frear e reverter o desmonte promovido nos últimos quatro anos de governo Bolsonaro e, acima de tudo, aprofundado na desastrosa gestão Mário Frias.

O post Fernando Haddad seria ideal no Ministério da Cultura apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
https://canalmynews.com.br/bruno-cavalcanti/candidato-ao-governo-de-sao-paulo-fernando-haddad-seria-ideal-no-ministerio-da-cultura/feed/ 0
De olho na pasta, Centrão movimenta retorno do Ministério da Cultura e pavimenta saída de Mário Frias https://canalmynews.com.br/bruno-cavalcanti/de-olho-na-pasta-centrao-movimenta-retorno-do-ministerio-da-cultura-e-pavimenta-saida-de-mario-frias/ Fri, 18 Feb 2022 19:54:29 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=24125 Nome de Larissa Dutra como possível substituta de Frias surge como tapa buraco para estancar sangria.

O post De olho na pasta, Centrão movimenta retorno do Ministério da Cultura e pavimenta saída de Mário Frias apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
A última semana tem sido agitada para o atual Secretário Especial da Cultura Mário Frias. Após anunciar Instrução Normativa que promoveu alterações substanciais na Lei Rouanet e enfileirar série de postagens em redes sociais em que ironizava a classe artística, o Secretário se envolveu em problemas mais sérios do que uma simples rixa dentro do mercado cultural.

A viagem que fez a Nova York, também na última semana, com gastos ainda não explicados que somam R$ 39 mil, e as nomeações da noiva do deputado bolsonarista Carlos Jordy (PSL), a advogada Laís Sant’Anna Soares para o cargo de Coordenadora de Inovação no departamento de Empreendedorismo Cultural – revelada na coluna Painel, de Fábio Zanin, na Folha de S. Paulo na quinta-feira (17) – e de seu cunhado, Christiano Camatti, para o cargo de coordenador de Infraestrutura da Embratur – como revelou o colunista do Metrópoles Guilherme Amado – têm feito de Frias um dos alvos preferenciais da ala política do governo Bolsonaro.

Formado essencialmente por componentes do centrão – comandado pelo Ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira – o grupo que tem fritado Frias dentro do Ministério do Turismo tem em vista mais do que estancar a sangria de escândalos envolvendo o nome do ator dentro do governo. De acordo com deputados da base, existe o desejo da volta do Ministério da Cultura num possível segundo mandato de Bolsonaro.

Vista como uma pasta com orçamento robusto – ainda que mais magro que o Turismo ao qual foi acoplada logo no primeiro ano de governo -, a Cultura seria um ambiente ideal para agregar possíveis senadores ou deputados chave que não consigam a eleição neste 2022.

Secretário especial da Cultura Mario Frias. Foto: Marcello Casal Jr (Agência Brasil)

Nogueira seria um dos principais articuladores para o retorno da pasta, ainda que não venha encontrando terreno fértil dentro do Planalto. Para Bolsonaro, apenas aventar uma possível volta do Ministério traria mais desgaste com sua base ideológica, com a qual conta para buscar a reeleição. Por hora, é assunto morto, ainda que a saída de Frias não esteja completamente fora de cogitação. Sua substituição por Larissa Dutra soa favorável.

Quem é Larissa Dutra?

O nome da presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Larissa Rodrigues Peixoto, Dutra surge como um dos mais cotados para substituir Frias à frente da Secretaria Especial da Cultura, como revelou a Folha de S. Paulo. Dentro do governo, Dutra é vista como figura discreta e avessa a polêmicas públicas, além de manter o mesmo grau de fidelidade de Frias à figura de Bolsonaro.

Conduzida ao cargo no Iphan em 2020, Dutra foi jogada nos holofotes pelo próprio presidente quando, em dezembro de 2021, ao discursar no Fórum Moderniza Brasil – Ambiente de Negócios, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Bolsonaro declarou ter demitido funcionários do Iphan que embargaram a construção de uma das lojas da Havan, do empresário Luciano Hang, após serem descobertos, no terreno, artefatos arqueológicos.

Dutra foi afastada do cargo no dia seguinte por determinação da Justiça Federal após pedido do Ministério Público e do ex-ministro da cultura do governo Michel Temer (MDB) Marcelo Calero (Cidadania). Contudo, em uma nova reviravolta, a presidente foi reconduzida ao cargo após determinação do Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro atendendo recurso da Advocacia Geral da União (AGU), que pediu a suspensão imediata da decisão que a afastara do cargo.

Dentro do Iphan, a presidente é conhecida por não “dar problemas” ao governo federal e, mesmo tendo enfrentado seguidos protestos à época de sua nomeação por não ter formação que a qualificasse para assumir a gestão da autarquia federal, se manteve no cargo sem problemas até ser jogada de volta aos holofotes por Bolsonaro.

Dutra é formada em Hotelaria e Turismo e, para assumir a presidência, deveria ter graduação em áreas como história, antropologia, museologia, artes ou arqueologia, áreas ligadas à conservação, enriquecimento e conhecimento do patrimônio histórico.

Secretário especial da Cultura Mario Frias afirmou que tem intenção de concorrer a deputado nas eleições de 2022. Foto: Roberto Castro (MTur)

Mário Frias deve sair deputado

Em matéria publicada na quinta-feira (17) com uma entrevista com o Secretário da Cultura, a CBN Brasília acena para o fato de Mário Frias ter como principal pretensão disputar uma vaga na Câmara dos Deputados e, para isso, deixaria o cargo até o final do mês de março, o que enfraquece a tese de que seria exonerado ainda em fevereiro.

Amigo dos filhos do presidente, o secretário, contudo, vem enfrentando pressão de componentes da área política do governo para deixar o cargo antes do tempo estipulado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Na leitura de deputados do centrão aliados a Bolsonaro e de assessores do Palácio, Frias acena para a área ideológica, mas sua influência no grupo de eleitores é quase nula, surtindo efeito de desgaste na figura do presidente sem nenhum tipo de bônus.

Procurada, a assessoria da Secretaria Especial da Cultura não se manifestou até a última atualização desta coluna.

O post De olho na pasta, Centrão movimenta retorno do Ministério da Cultura e pavimenta saída de Mário Frias apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Aprovação de Instrução Normativa da Lei Rouanet é ignorância econômica, alertam produtores https://canalmynews.com.br/bruno-cavalcanti/aprovacao-de-instrucao-normativa-da-lei-rouanet-e-ignorancia-economica-alertam-produtores/ https://canalmynews.com.br/bruno-cavalcanti/aprovacao-de-instrucao-normativa-da-lei-rouanet-e-ignorancia-economica-alertam-produtores/#respond Sun, 13 Feb 2022 16:10:47 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=23790 Instrução Normativa (IN) foi publicada na segunda semana de fevereiro e oficializou determinações da Secretaria da Cultura.

O post Aprovação de Instrução Normativa da Lei Rouanet é ignorância econômica, alertam produtores apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
 

A publicação na terça-feira (8) de uma Instrução Normativa (IN) que oficializou as mudanças na Lei de Incentivo à Cultura (Rouanet) propostas pela Secretaria Especial da Cultura, comandada pelo ator Mário Frias, escancarou, na visão de uma série de profissionais de diferentes áreas do mercado das artes, a intensa perseguição que o governo Jair Bolsonaro (PL) trava contra a classe artística desde que subiu ao Planalto em janeiro de 2019.

A IN aprovada pelo Presidente determinou uma série de mudanças robustas nos mecanismos da lei que, desde que foi criada em 1991 pelo então secretário de cultura da Presidência da República, Sérgio Paulo Rouanet, tem se sustentado como um dos principais pilares para a produção de espetáculos de grande e médio porte no Brasil.

A lei prevê que empresas destinem verbas para projetos culturais e as abatam de seu imposto de renda. Foi através desse mecanismo de incentivo que, no campo do teatro, por exemplo, o Brasil se tornou um dos grandes produtores de musicais da América Latina, se sobressaindo como o mercado mais visado para produtores e agentes que negociam direitos internacionais de grandes espetáculos originários da Broadway, em Nova York, e do West End, em Londres.

Por seu caráter de incentivo irrestrito, a Rouanet passou a ser visada não apenas dentro do mercado, mas na guerra político-ideológica que se trava no Brasil desde, pelo menos, a primeira eleição do ex-Presidente e atual pré-candidato ao Planalto Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2002, quando uma série de artistas declarou apoio ao petista na batalha contra o tucano José Serra (PSDB). 

Teatro Municipal de São Paulo, localizado na área central da cidade. Foto: Rovena Rosa (Agência Brasil)

Nasceu, então, o discurso solitário de que o Partidos dos Trabalhadores comprava votos dos artistas graças às promessas de dinheiro por meio da Rouanet. A entrada de Gilberto Gil à frente do Ministério da Cultura (2002-2008) aprofundou essa visão, sustentada por figuras como o cantor e compositor Lobão, que, em série de entrevistas, declarou que o autor de Drão e Aquele Abraço “entrou no Ministério rico e saiu milionário”.

A visão de que o Brasil vivia uma farra com o dinheiro público na cultura se aprofundou quando, disputando a reeleição ao Planalto, Dilma Rousseff (PT) ganhou apoio maciço da classe artística no segundo turno contra o tucano Aécio Neves. O impeachment da presidente, as tentativas do governo Michel Temer (MDB) de dizimar o Ministério da Cultura e a intensa campanha da classe artística contra a eleição de Jair Bolsonaro (PL) contribuíram para que uma parte da população se virasse contra os mecanismos da Lei sem de fato compreendê-los.

Falta de visão econômica

Após subir ao Planalto, um dos primeiros atos de Jair Bolsonaro foi estabelecer novos tetos de captação para a Lei Rouanet. Ainda sob a gestão do secretário Roberto Alvim, o teto sofreu um corte brusco de R$ 59 milhões. 

O valor original permitido para a captação era de R$ 60 milhões, reduzido a R$ 1 milhão. Grandes musicais poderiam, contudo, captar até R$ 10 milhões, valor que inviabilizou grandes produções mantidas apenas pela Rouanet, fazendo com que produtoras buscassem apoio em leis de incentivo estaduais e municipais. À época, estipulava-se um congestionamento de projetos em leis como o ProAc e o Promac, em São Paulo.

Com a nova Instrução Normativa, os tetos voltaram a cair. O teto de captação teve um corte de 50%, fazendo com que shows, exposições e peças de teatro passem a captar até R$ 500 mil. Grandes musicais estão autorizados a captar até R$ 6 milhões.

Teatro de Santa Isabel, localizado na área central do Recife. Foto: Andréa Rêgo Barros (PCR)

Outras mudanças também chamam a atenção, como o valor estipulado de R$ 3 mil como cachê máximo por apresentação a um profissional de cena (músicos, atores, cantores etc.), mediante aprovação prévia da Secretaria, que não deve avaliar mais apenas o orçamento, mas a ficha técnica e a proposta de montagem de cada espetáculo, show, publicação literária, etc.

Para a produtora e escritora Bruna Burkert, a nova medida é um tiro no pé numa visão econômica. “A Rouanet foi criada por um governo com ideias liberais, e atende a uma demanda liberal. Reduzir o valor de captação em um ano em que a inflação está chegando aos dois dígitos não tem outra resposta senão a perseguição ao setor”, explicou.

“Por que reduzir a captação num cenário em que as coisas estão mais caras? Os profissionais estão voltando a trabalhar agora, o mercado está começando a aquecer, há dois anos as coisas tinham um preço, agora têm outro, e isso se reflete em material base para a produção de cenários, figurino, aluguel de teatro, produtos de limpeza e, claro, o supermercado, afinal a inflação vai comer os cachês e os valores estipulados para cada linha do orçamento”.

O produtor, dramaturgo e diretor Kiko Rieser argumenta que, tal qual na primeira mudança, em 2019, esta nova alteração pode causar um congestionamento de projetos e inviabilizar o pequeno produtor, indo completamente contra o argumento utilizado pelo governo Bolsonaro de priorizar produções fora do eixo Rio-São Paulo.

“Esse limite inviabiliza grandes produções, e acaba prejudicando pequenos produtores porque a verba da cultura é sempre escassa e, quanto mais se aperta esse gargalo, mais se acirra a disputa por financiamento. Mesmo produtores que nem sequer pleiteiam a Lei Rouanet acabam impactados, porque todo o setor cultural colapsa”, afirmou o produtor, que acena para o desconhecimento do impacto econômico da medida.

Registro do Festival de Música Nacional FM, realizado em Brasília. Foto: José Cruz (Agência Brasil)

“Vale lembrar que, para além da perseguição ideológica, existe uma falta de visão estratégica e econômica, indo até contra os preceitos liberais que supostamente norteariam o governo, já que um estudo da Faculdade Getúlio Vargas (FGV) mostra que a Rouanet traz retorno 59% maior do que o valor financiado, isto é, a cada real investido, há um retorno de R$ 1,59. A Rouanet é, antes de qualquer julgamento moral, um investimento lucrativo”.

Menos marketing, mais sensibilidade

Rieser ainda acena para o fato de a Lei precisar, sim, de reformulações, mas com um estudo aprofundado. “É bem verdade que há muito a ser discutido e reformulado: a lei dá a diretores de marketing autonomia sobre a gestão de dinheiro essencialmente público, o que acaba, em geral, privilegiando projetos de maior apelo comercial, bem como há frouxidão com relação a contrapartidas (incluindo acessibilidade no valor do ingresso), e mesmo aos desdobramentos do projeto, mas nada disso está sendo repensado por Mário Frias. O que há é um absoluto desmonte, que asfixia toda uma cadeia produtiva e ainda se mostra economicamente prejudicial ao Estado”.

É dessa visão que compartilha o ator, diretor, produtor e gestor do Teatro União Cultural Eduardo Martini, que enxerga uma resolução mais pragmática para os problemas que cercam a Lei e não entraram em pauta nas mudanças propostas por Frias.

“Precisamos de pessoas que realmente vivam de arte, trabalhem com este ofício de uma forma séria, que entendam de restauração, do mercado de shows, de exposições, do mercado audiovisual e editorial, enfim, uma pessoa que tenha passado verdadeiramente por estes mercados para compreender a demanda da Lei. Quando você dá a chance ao setor de marketing das empresas de determinar para onde vão os patrocínios, o teto de captação não vai fazer diferença nenhuma, porque eles vão continuar escolhendo a quantidade de seguidores no Instagram, e não a qualidade do trabalho”, declarou.

Ainda que a IN determine que patrocinadores que aportarem projetos com valores acima de R$ 1 milhão precisam investir 10% do valor em projetos de proponentes que não obtiveram patrocínios anteriores, Martini insiste que não se trata de uma determinação da Lei, mas um caso de desqualificação dos profissionais direcionados à área de patrocínio.

“É necessário saber da demanda de uma peça com 20 pessoas, de uma peça de duas pessoas, de um monólogo, de um show de um cantor com vários músicos, ou de uma banda, ou de um show de voz e violão. Quanto custa restaurar um Da Vinci, por exemplo? É preciso ter essa consciência para que se possa de fato propor uma alteração na Lei ou em qualquer mecanismo cultural. Como você mensura o trabalho de um diretor, por exemplo? Trata-se de uma consciência cultural que não existe porque os profissionais que lidam com esses trâmites são desqualificados”, afirmou Martini.

Registro do Festival Nacional de Teatro Universitário do Distrito Federal. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom (Agência Brasil)

Pelo mesmo caminho vai o produtor e diretor do selo Conexão Musical, Fran Carlo. O profissional, que tem no currículo trabalhos com nomes como Marina Lima, Vânia Bastos, Marcia Alcina e Peninha, acredita que o essencial é ter alguém à frente da Secretaria com a sensibilidade de compreender que a limitação de captação vai refletir, por exemplo, na democratização de acesso à cultura.

“Na linha de shows essa limitação diminui a amplitude de uma turnê. Você não vai mais poder fazer uma turnê nacional, viajando pelas capitais do Brasil e, muito menos, por cidades menores, onde você vai ter a demanda de aluguel de equipamento de som e de luz, por exemplo. Isso também limita o tamanho da sua equipe, o que faz com que o mercado absorva menos gente, mantendo alto o grau de desemprego. É matemática simples, quanto menos dinheiro, menos pessoas empregadas. Daí você não vai poder ter cenário, por exemplo, o que já impossibilita a contratação não só de um cenógrafo, mas de um cenotécnico e sua equipe”, explicou.

“Nesta situação, os produtores vão passar a priorizar mercados mais simples de se viajar, como os do sudeste, e então você volta ao mesmo problema que vêm se discutindo há anos: a centralização do poderio econômico e do acesso à cultura. Estados mais distantes não vão ser contemplados com as turnês, e nem os artistas locais vão ter a chance de sair de sua terra natal para de fato tentar a sorte em mercados maiores. Você limita, você sufoca e assim você vê que estamos trabalhando com pessoas que não têm sensibilidade, respeito e muito menos conhecimento de como funciona o mercado da cultura das artes no Brasil”, declarou.

O post Aprovação de Instrução Normativa da Lei Rouanet é ignorância econômica, alertam produtores apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
https://canalmynews.com.br/bruno-cavalcanti/aprovacao-de-instrucao-normativa-da-lei-rouanet-e-ignorancia-economica-alertam-produtores/feed/ 0