Arquivos Fabio La Selva - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/post_autor/fabio-la-selva/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Wed, 13 Apr 2022 12:10:07 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 Sobre Will Smith, Chris Rock e o Perdão https://canalmynews.com.br/fabio-la-selva/sobre-will-smith-chris-rock-e-o-perdao/ Wed, 13 Apr 2022 12:09:25 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=27541 Tapa que ator deu em apresentador rendeu-lhe diversas consequências em sua carreira. Qual o papel do pedido de desculpas e do perdão nisso tudo?

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Dias atrás o mundo parou para noticiar e opinar sobre o tapa que Will Smith deu em Chris Rock, em plena cerimônia do Oscar. Ambos já foram amplamente julgados. Chris pela piada infame e ofensiva. Will pela violência indefensável.

Admito que foi decepcionante ver um comediante brilhante, atacar fisicamente o outro, por justamente estar fazendo comédia. Mas a intenção desse texto não é compartilhar minha opinião ou sentimento sobre o episódio infeliz, e sim de compartilhar uma reflexão. O que me chamou atenção e preocupou, foi a repercussão se transformar em discursos de ressentimento, medo, condenação, e até ódio. E por isso, passei as últimas noites refletindo, o que poderíamos nós, como humanidade, tirar de positivo disso tudo? Qual o aprendizado? Tem que haver alguma coisa.

E, depois de refletir durante um tempo, percebi no pedido de desculpas do Will, que ainda há esperança para nós, seres humanos. Foi um dos melhores pedidos de desculpas que já vi, e dois aspectos me chamaram a atenção. O primeiro é que em nenhum momento, Will usa a palavra “mas”, tão comum quando pedimos desculpas, para justificar a razão do comportamento inadequado, e geralmente atribuindo parte da culpa ao outro. Não teria sido difícil isso acontecer, uma vez que Chris foi muito criticado também pelo teor ofensivo de sua piada. Will absorve 100% da responsabilidade e isentou Chris de qualquer tipo de culpa.

E há um segundo aspecto, mais profundo, que muito me impressiona. Will admite que a piada não deveria, mas foi sim um gatilho pra ele reagir emocionalmente. Não foi racional. Ele foi tomado pela emoção e agiu dessa forma.

Will Smith. Foto: Universal Pictures

Will transparece vergonha e é comum sentirmos vergonha quando reagimos emocionalmente, sem racionalidade. Fiquei pensando, se o Will tivesse um dispositivo capaz de neutralizar suas emoções, deixando ele 100% racional, uma boa reação talvez seria nada fazer logo após a piada, e quando estivesse no palco em seu discurso, após agradecer o prêmio, dizer algo como: “…e queria apenas fazer um comentário sobre a piada do Chris. Como seu colega comediante, preciso dizer que a piada foi extremamente sem graça e ofensiva. Estou decepcionado com a sua escolha, porque ela foi realmente muito ruim, e sei que você tem potencial para algo muito melhor e mais engraçado.”. Se Will tivesse seguido algo nesta linha, ele provavelmente sairia por cima do episódio, perto de um herói da moralidade.

Mas a verdade é que tal dispositivo que neutraliza as emoções, não existe. E ainda bem, pois não somos robôs. A característica mais humana que existe é o sentir. Se emocionar. O distanciamento das emoções e do sentimento é nossa maior patologia. Quanto mais nos distanciamos da nossa humanização, mais doentes ficamos.

E por isso, em minha leitura, ao pedir desculpas, Will, provavelmente sem querer, proporciona o que eu buscava neste episódio: alguma lição de humanidade. Na verdade, todo pedido de perdão nos dá essa lição. O pedido de perdão sincero, é uma forma de expressar que sua reação emocional não foi de acordo com a reação racional que se gostaria de ter tido. Não deve ser à toa que diversas religiões consideram o perdão como uma das virtudes mais bonitas e necessárias ao homem.

Essa reflexão é propícia nestes tempos em que a cultura do cancelamento foi instaurada. 

Recentemente, temos visto influencer digital, deputado, apresentador de TV, celebridades de reality show, que cometeram erros e pediram desculpas. Mas além das consequências naturais e legais de seus atos, o pedido de perdão para a sociedade parece ser ignorado. Às vezes, até tenho a impressão que quanto mais perdão se pede, mais punição é concedida. E mais seu caráter é julgado.

Estatuetas do Oscar. Foto: Dreamstime

Existe um abismo enorme entre repudiar uma atitude e condenar o caráter de alguém. O julgamento e a condenação não são prejudiciais somente ao indivíduo que está pedindo perdão. Me parece um veneno ainda pior a nós que nos colocamos nessa posição de julgar. Nos colocamos em posição de juízes, ou até mesmo, de deuses. O que soa como uma tremenda arrogância, uma vez que a realidade é que somos apenas humanos, assim como o outro que ali está pedindo perdão, ao mesmo tempo em que recebe pedradas. Também reagimos emocionalmente às coisas, apesar de tentarmos ser racionais. Se nunca cometemos um deslize por conta de um estado emocional, a biologia nos mostra que é bem provável que ainda vamos cometer. 

Que fique claro que um pedido de desculpas não isenta e não deveria isentar ninguém das consequências legais e naturais de seus atos. Tudo o que está acontecendo com o Will nesse momento, como a saída dele da Academia por exemplo, é uma prova disso. Mas a reflexão aqui é sobre as consequências morais do julgamento alheio ao seu caráter. Ouvi de um amigo que ele nunca mais vai assistir a um filme de Will Smith.

Até quando o ator terá que sofrer as punições morais pelo seu deslize emocional, ser taxado de mau-caráter, mesmo pedindo desculpas? Se eu tivesse que chutar pelo cenário atual, eu diria que aparentemente até o fim de sua vida.

No começo da minha carreira, lembro de um momento que me marcou. Meu chefe na época aconselhando um outro profissional, que ele não deveria pedir desculpa por um erro que havia cometido, pois a desculpa só iria expô-lo e ampliaria o dano a ele. Lembro de ter repudiado esse conselho quando o ouvi. Não concordei. E continuo não concordando. Detesto pensar na ideia de que este conselho tivesse qualquer razão. Prefiro continuar com minha convicção quanto ao valor do perdão, afinal, como diria Alexander Pope, “errar é humano; perdoar, divino”.

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Azar ou Sorte? Vai saber! https://canalmynews.com.br/fabio-la-selva/azar-ou-sorte-vai-saber/ Tue, 20 Jul 2021 17:10:29 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/azar-ou-sorte-vai-saber/ Rotular os acontecimentos como bons ou ruins não define exatamente o que cada experiência é de fato

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Esses dias estava conversando com um mentorado que trouxe uma questão pessoal. Ele sentia muita ansiedade quando não tinha o controle sobre uma certa situação. No caso, ele estava vendendo seu imóvel e o provável comprador demonstrou comportamentos imprevisíveis e falta de objetividade para concluir a negociação. Isso o deixava desconfortável e inquieto.

Conversamos bastante sobre o assunto e juntos chegamos à conclusão de que não temos controle sobre as coisas externas a nós, mas sim como reagimos a elas. E que a sensação de controle que temos em certas situações é uma verdadeira ilusão. Ao abordarmos essa possibilidade, por algum motivo, me lembrei do conto do velho fazendeiro chinês.

O velho tinha um cavalo que, de repente, fugiu. Seus vizinhos o consolaram:
– Puxa! Que azar que teve!
E o velho respondeu:
– Será azar ou será sorte? Vai saber!
Os vizinhos ficaram confusos. Como seria possível, o fato de perder um cavalo, significar sorte?

Poucas horas depois, o cavalo retornou e trouxe consigo outros dois outros cavalos. O chinês que só possuía um, agora tinha três. Os vizinhos se apressaram em parabenizá-lo:
– Triplicou seus cavalos. Mas que sorte!
A resposta do velho, porém, foi a mesma:
– Será azar ou será sorte? Vai saber!

No dia seguinte, o filho do velho foi montar um dos novos cavalos e, como era um animal selvagem, acabou derrubando o rapaz, que teve sua perna quebrada. Os vizinhos lamentaram:
– Coitado, que azar!
E a resposta continuava a mesma:
– Azar? Sorte? Vai saber!

A China entrou em guerra e seu governo convocou os jovens para a batalha. Os filhos dos vizinhos foram forçados a irem arriscar suas vidas. O filho do velho, no entanto, como estava lesionado, foi poupado.
– Seu filho escapou dessa, mas que sorte.
E a resposta seguia:
– Azar? Sorte? Vai saber!

Em um primeiro momento, pensei que essa história veio à minha mente para ilustrar ao mentorado que não temos controle das coisas. E que a sensação de controle é pura ilusão, conforme concluímos juntos. Mas depois, refletindo sozinho e com calma, reparei que os ensinamentos desse conto vão muito além.

O conto também mostra que procuramos julgar e rotular tudo que ocorre à nossa volta como ‘bom’ ou ‘ruim’. Quem nunca ouviu a história do cara demitido que foi parar no fundo do poço e então se encontrou na vida? Ou a da moça que teve seu noivado rompido e entrou em uma depressão profunda, para meses depois encontrar o amor da sua vida e agradecer aos céus pelo traste do qual se livrou?

Sempre que reflito sobre essa ideia, fica cada vez mais claro que o que cabe a nós é o esforço para levar uma vida congruente com nossos valores e princípios. Em outras palavras, focar a energia nas coisas mais importantes em nossas vidas. E o que vem a acontecer no mundo externo e que independe de nossas ações, deixemos a “sorte” decidir. Por isso, se um evento pode ser considerado sorte ou azar, como no conto do velho chinês, prefiro pensar que se trata de sorte.

Deus, Destino, Universo, Acaso… Seja qual for o nome que você dá à força misteriosa que rege nossa vida, acredito que ela já tem um plano para nós. E gosto de pensar que é um plano com muita sorte.


Quem é Fabio La Selva?

Fabio La Selva é mentor de carreiras, co-fundador da Cortex Academy, e gerente de parcerias no Google.

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Cinco lições de vida que aprendi no Vale do Silício https://canalmynews.com.br/fabio-la-selva/cinco-licoes-de-vida-que-aprendi-no-vale-do-silicio/ Tue, 01 Jun 2021 18:57:21 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/cinco-licoes-de-vida-que-aprendi-no-vale-do-silicio/ Morei e trabalhei no Vale do Silício pelo Google de 2017 a 2019, liderando uma operação de atendimento a parceiros de publicidade de todas as Américas

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Muito honrado pelo convite para escrever pela primeira vez aqui no MyNews, resolvi consultar amigos para pedir conselhos sobre qual assunto deveria compartilhar neste espaço. Resolvi seguir aquele que me sugeriu compartilhar aprendizados do Vale do Silício que transmito em minhas mentorias de carreira. 

Apenas como breve contexto, morei e trabalhei no Vale do Silício pelo Google de 2017 a 2019, liderando uma operação de atendimento a parceiros de publicidade de todas as Américas. E considero esta uma experiência de vida única, que me concedeu aprendizados valiosos, que humildemente compartilho. 

Um alerta importante: quando menciona-se “aprendizados do Vale do Silício”, é natural esperarem lições de inovação, tecnologia, produtividade ou criatividade. E por isso, preciso frustrar-lhes desde já, pois o que compartilho aqui, nada tem a ver com esses temas naturais do local. Na realidade, o Vale do Silício é apenas um mero detalhe dentre os aprendizados que tive, uma vez que se dissesse que foram experiências adquiridas na Argentina, Camboja ou interior de São Paulo, teriam o mesmo efeito. O Vale foi simplesmente o local em que tudo aconteceu. Dito isso, vamos aos aprendizados, que são cinco: 

1. Exercer genuína empatia: 

Muito tem se falado sobre a importância da empatia nas corporações e nos relacionamentos. Sobre pensar além do próprio umbigo e se colocar no lugar do outro. No entanto, no Vale percebi que tinha subestimado o poder da cultura. Lá, com pessoas do mundo inteiro se encontrando em um só local, nada mais normal que vivenciar um tremendo choque de cultura. E descobri que se colocar no lugar do próximo não é se imaginar como você se comportaria na pele do seu interlocutor, é ir além; é imaginar justamente como ele se sente considerando sua própria bagagem e vivência. O que é um desafio incrível quando se conhece pouco o outro, e muito menos a cultura de onde vem. Quando ignoramos este fato, a empatia acaba dando lugar ao julgamento. 

2. Alimentar o entusiasmo: 

O conhecimento técnico sobre sua função é importante. A experiência que você adquiriu ao longo dos anos também é importante. Mas tanto conhecimento e experiência não fazem cócegas, se não demonstrarmos atitude. O “fazer acontecer”. E o grande combustível da atitude é o entusiasmo. Em um ambiente altamente competitivo, indivíduos que alimentam e mantêm saudavelmente seu entusiasmo, impactam significativamente mais o seu entorno. É comum confundir este estado com a motivação, mas o entusiasmo vai além. Entusiasmo é aquela energia que quando você veste, os outros ao seu redor sentem e são impactados positivamente com isso. 

3. Praticar a ‘modelagem’ de talentos: 

Em um ambiente com profissionais incríveis e respeitáveis, escolha um que você realmente admire. Agora, observe. Observe seu comportamento. A sua fala. Como esta pessoa trata os

outros. Como soluciona um problema. Como encara um problema. Observe cada detalhe e depois, anote. Faça uma lista mesmo. O que essa pessoa faz que a torna um profissional excelente? E comece a fazer o mesmo, a “modelar” esta pessoa. A PNL, programação neurolinguística, vem há muito tempo estudando o comportamento humano e ensinando que a modelagem é eficiente em todos os campos, desde o mundo corporativo e relacionamentos interpessoais, até nos esportes. Garanto a você que a aplicação é simples e os resultados podem ser surpreendentes, basta observar e praticar. 

4. A importância da gratidão: 

Este é outro conceito muito abordado hoje em dia. Confesso que antes encarava a gratidão como papo de livro de auto-ajuda. Até que um dia, no Vale, tive a oportunidade de fazer um curso sobre a Psicologia Positiva. Fizemos um exercício de “diário da gratidão”, onde todos os dias, antes de dormir, os alunos teriam que listar 5 coisas que eram gratos por terem acontecido naquele dia. No início, admito que era chato e me sentia um pouco tolo em fazê-lo. Mas, em pouco tempo, a chatice se transformou em um hábito de reflexão prazeroso, e hoje estou há 4 anos praticando o exercício, sem pular um dia sequer. Me impressiono ao reparar como ele ajudou a mudar a minha percepção do mundo em que vivo. Hoje não preciso mais esperar o fim do dia para sentir a sensação de gratidão nas experiências que vivencio. Ela está presente comigo a todo momento naturalmente. 

5. Lapidar a inteligência emocional com a Auto-hipnose: 

Aprendi a importância de cuidarmos de nossa saúde mental. Sinto que é comum nos preocuparmos com os cuidados do nosso corpo, como ir à academia frequentemente, por exemplo. Mas pouco damos atenção às necessidades da nossa mente. Em um ambiente de pressão intensa e estresse constante, descobri que existem técnicas que nos auxiliam a encarar e administrar tamanha pressão. Meditação, mindfulness, respiração ritmada são algumas delas. Mas foi na auto-hipnose onde mais encontrei esse refúgio de renovação de energia. Através dessa prática, consegui melhorar meu foco e concentração, além de elevar minha inteligência emocional e resiliência. 

Estas são experiências muito pessoais. Lições que me transformaram a ser um profissional e uma pessoa melhor. Espero que elas tragam algum valor para você também. Ou que pelo menos te inspirem a se observar, e te auxiliem no seu próprio caminho de busca do autoconhecimento. 


Quem é Fabio La Selva

Fabio La Selva é mentor de carreiras e co-fundador da Cortex Academy

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Apreço às Banalidades https://canalmynews.com.br/fabio-la-selva/apreco-as-banalidades/ Tue, 01 Jun 2021 18:57:14 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/apreco-as-banalidades/ Fica aqui o convite à reflexão: Quais banalidades que estamos ignorando hoje, podem se tornar ótimos motivos para fazer o dia, ou talvez, a semana mais feliz?

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Tempos atrás, eu estava tendo um daqueles dias bem ruins, em que parece que nada dá certo, e me sentia insatisfeito com diversas coisas. Ao fim de um longo dia, quando tudo o que queria era me deitar e acabar logo com a maré desfavorável, ainda teria um acontecimento chave para coroar aquele dia digno de se esquecer: não encontrava de jeito nenhum a minha carteira.

Não era a primeira vez que isso acontecia (organização definitivamente não é o meu forte), e aquele frio na barriga já era um velho e indesejável conhecido. Se eu tentasse descrever como é esse sentimento, eu diria que é uma profunda frustração por pensar que perdi todos os meus documentos, misturado com um precoce cansaço de me imaginar iniciando a saga pelo Poupatempo para refazê-los, somado a uma ansiedade descompassada pela incerteza do que poderia acontecer com meus cartões e meu dinheiro. 

Depois de cerca de uma longa hora procurando, encontrei a carteira perdida embaixo do tapete do passageiro do carro. Carambola, que felicidade. E esse sentimento feliz perdurou até a hora de me deitar. E meu dia que estava ruim, ficou simplesmente excelente. 

Ao me deitar na cama, em minha rotineira reflexão de fim de dia, foi natural concluir que para achar uma carteira, que é um acontecimento tão maravilhoso, é preciso primeiro perdê-la. Portanto, se eu não a tivesse perdido, não teria terminado o dia tão contente. E na mesma linha de raciocínio, pensei: E se eu não perder a carteira? Será que não posso simplesmente ficar contente por saber que ela está segura no bolso da calça, ou em cima da mesa de cabeceira? E a conclusão que eu cheguei é que eu posso sim, se eu quiser.

E como uma bola de neve, essa nova reflexão foi gerando outras novas observações. Curioso reparar que as coisas que mais nos marcam na rotina de trabalho são as reuniões em que o cliente reclamou. A conversa com o chefe, que ele criticou. A desavença com o colega de equipe. O e-mail atravessado de um stakeholder. Em casa, a discussão com o cônjuge. A desobediência do filho. Essas coisas pegam a gente de jeito e costumam nos marcar. Geralmente são marcas que perduram por dias, quando não, semanas. 

E apesar de estas serem situações que lamentamos, é curioso observar também que quando ocorre o oposto, não celebramos. Na verdade, até ignoramos. A reunião com o cliente que foi boa, o email cordial de um colega de equipe, um jantar sem brigas em família. Tratamos essas coisas como banalidades. Que por conceito, significa “sem relevância”.

A ficha que caiu para mim e me fez repensar a percepção que eu tinha dos acontecimentos rotineiros, foi constatar que as “banalidades” são, na realidade, coisas boas que acontecem no meu dia, mas que eu já tinha a expectativa de que iriam acontecer. E que elas são o que ocorre a maior parte do tempo! As adversidades sim, costumam ser as exceções. Hoje consigo ver que o nível de energia e atenção que eu dava a essas duas categorias, era totalmente desproporcional.

Bastou um pouquinho de consciência para rebalancear isso. E começar a observar a beleza das banalidades. É bacana reparar que esse exercício costuma fazer brotar uma admiração natural pelo o que antes era banal. Afinal, torna-se um paradoxo: Se banalidade significa algo sem relevância, agora que eu decidi dar relevância, o que seria?

O conceito, é claro, é o que menos importa. Mas fica aqui o convite à reflexão: Quais banalidades que estamos ignorando hoje, podem se tornar ótimos motivos para fazer o dia, ou talvez, a semana mais feliz? 

Confesso que hoje, ver minha carteira repousando tranquilamente na mesa de cabeceira, às vezes me faz abrir um discreto sorriso.


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Florescendo o Carisma https://canalmynews.com.br/fabio-la-selva/florescendo-o-carisma/ Tue, 01 Jun 2021 18:57:02 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/florescendo-o-carisma/ Estudos de neurociência e do comportamento humano nos mostram que há algumas táticas para desenvolver o carisma

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Tenho uma memória marcante da minha época de escola que guardo comigo até hoje. 

Durante o intervalo de uma das aulas, em meio a uma conversa de corredor, uma colega de classe fez um comentário sobre um de meus amigos: “O Rodrigo não tem carisma”. Acredito que o que a levou a dizer isso foi considerar Rodrigo uma pessoa que, ao contrário dela, não tinha um grande entrosamento social. Era visível a preferência dele por videogames e livros, ao invés de pessoas. 

Eu tinha cerca de 12 anos e nunca mais me esqueci disso. Lembro daquilo ter despertado um sentimento esquisito dentro de mim. Uma mistura de pena com culpa. Pena, pois ele era meu amigo, e de certa forma, entendi aquele comentário como uma ofensa a ele. Fiquei ressentido. A culpa veio logo em seguida, porque entendia a percepção dela e concordava em partes com o que dizia. Aos olhos de uma criança, não ter carisma soava ser uma infelicidade que alguns estavam sujeitos a nascer com e outros, como no caso do meu amigo, sem.

Foram mais de 20 anos sem ver ou ouvir sobre o Rodrigo. Até que, alguns anos atrás, o reencontrei em um evento. Poucos minutos de observação foram suficientes para constatar que aquele homem era bem diferente do menino que conheci na escola. De sorriso fácil, ele atraía o sorriso e a atenção de todos. Não tenho dúvidas de que se eu perguntasse a qualquer um ali se achavam ele uma pessoa carismática, a resposta teria sido afirmativa.

Fui conversar com ele. Puxa, que papo bacana tivemos. Não fiquei surpreso ao descobrir que ele tinha investido em uma jornada de desenvolvimento pessoal e autoconhecimento bem interessante durante sua fase adulta.

Esse episódio me fez refletir bastante. 

O carisma pode parecer um dom extraordinário atrelado a nossa genética, e que algumas pessoas têm a sorte de nascer com, enquanto outras não. Mas não é bem assim. Longe de ser algo divinamente concedido a alguém, se você deseja ser uma pessoa carismática, você pode treinar e desenvolver essa habilidade.

Outro engano comum sobre o carisma, é que não se trata de mostrar-se como uma pessoa incrível para os outros. Tão pouco é sobre exibir suas boas qualidades. Carisma não é sobre você, é sobre o outro. É despertar no seu interlocutor, o poder dele se sentir bem consigo mesmo. É fazer com que ele se sinta importante, depois de uma conversa. 

Concentrar sua energia mental e emocional em alguém, durante uma interação, é o caminho para se criar esse sentimento de importância. Faz parte de nossa essência humana desejar atenção e reconhecimento.

Estudos de neurociência e do comportamento humano nos mostram que há algumas táticas para desenvolver o carisma:

Olhar nos olhos da pessoa enquanto ela está falando. Há diversos estudos que comprovam que pessoas que mantêm um maior nível de contato visual, tendem a transmitir mais sentimentos positivos como honestidade, sinceridade, competência e confiança. O contato visual também promove a intimidade com seu interlocutor, fortalecendo a conexão entre as duas pessoas.

Focar no ‘aqui e agora’. Desenvolver a presença começa com a atitude mental. É natural do ser-humano ser distraído pelos pensamentos, mas sempre que se der conta que se distraiu, retome o foco total em seu interlocutor.

Acenar para mostrar que você está ouvindo. Além do contato visual, outra prática que costuma transmitir conexão aos outros é o acenar com a cabeça. Feito de uma maneira genuína, o outro tende a perceber que você está acompanhando o seu ritmo. A linguagem corporal costuma ser ainda mais poderosa que a verbal.

Não pensar em como você vai responder enquanto a pessoa ainda está falando. Todos nós temos a tendência de fazer isso. Mas se você está pensando no que vai dizer, significa que não está ouvindo totalmente o que a outra pessoa está dizendo. Domine o seu impulso de dizer o que quer antes da hora. Lembre-se, não é sobre você, é sobre o outro.

Aguardar um ou dois segundos antes de responder. Interromper no mesmo instante em que uma pessoa faz uma pausa ou que para de falar, também pode indicar que não se estava totalmente entregue e ouvindo o que estava sendo falado. As pausas costumam agregar a eloquência de quem as utiliza conscientemente.

Um bom resumo destas cinco técnicas pode ser feito em três palavras: pratique sua presença.

Além de aguçar nosso carisma, a presença se comprovou ser um fator essencial quando queremos melhorar nossos relacionamentos. Há uma frase que gosto muito: “A qualidade da sua vida é igual a qualidade de seus relacionamentos.”. Se levarmos isso a sério, é no mínimo reconfortante pensar que podemos aprimorar nossos relacionamentos – e consequentemente nossa vida – apenas exercitando um pouco a nossa presença nas interações do dia-a-dia.


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A Matemática do Sucesso https://canalmynews.com.br/fabio-la-selva/a-matematica-do-sucesso/ Tue, 01 Jun 2021 18:56:38 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/a-matematica-do-sucesso/ Conhecimento é importante. Experiência é importante. Mas o fator essencial para a conquista do sucesso é a atitude

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No universo corporativo, sucesso é um conceito chave. Apesar de relativo, ele é o objetivo de tudo e de todos, se simplificarmos sua definição para “resultado positivo”.

E embora muitas vezes possa soar um pouco abstrato, existe uma fórmula que define muito bem este conceito:

Conhecimento é importante. Experiência é importante. Mas o fator essencial para a conquista do sucesso é a atitude. 

Para aplicar a fórmula na prática, vamos considerar dois exemplos hipotéticos e uma escala de 1 a 5 para as variáveis, onde 1 é o nível mais baixo e 5 o mais alto. 

Exemplo 1 

Antônio e Benício trabalham na mesma empresa. Antônio é graduado, pós-graduado e conhece o produto que vendem, como ninguém. Seu conhecimento (C) é nível 5. 

Ele trabalha na empresa há mais de dez anos, já passou por muitos desafios e diferentes tipos de situações. Dessa forma, sua experiência (E) também é nível 5. Mas Antônio simplesmente não se importa mais. Está cansado. Não enxerga propósito no que faz. Vai à reuniões por ir e entrega tarefas por obrigação. Apenas cumpre o arroz com feijão que seu escopo de trabalho lhe cobra. Poderíamos dizer que o nível de sua atitude (A) é 2. Aplicando os níveis de Antônio na prática, temos a seguinte taxa de sucesso: (5+5) x 2 = 20.

Exemplo 2 

Benício é graduado e tem grande familiaridade com o produto, mas ainda não teve a oportunidade de aplicá-lo na prática. Seu nível de conhecimento (C) é 3. Como tem apenas 1 ano trabalhando na empresa e acabou de ingressar neste mercado, seu nível de experiência (E) é igual a 2. Mas Benício está realmente comprometido com o objetivo da empresa. Questiona, entende, e trabalha em equipe. Se relaciona positivamente com as pessoas e busca soluções para os problemas apresentados com entusiasmo e determinação. Seu nível de atitude (A) definitivamente é 5. A taxa de sucesso de Benício pode ser calculada da seguinte forma: (2+3) x 5 = 25. Ou seja, mesmo com conhecimento e experiência inferiores a Antônio, seu resultado é 25% superior.

Agora deixemos os números e a matemática de lado. Você já deve ter cruzado algumas vezes com Antônios e Benícios durante a sua jornada profissional e não foi necessário utilizar nenhuma fórmula para enxergar o visível impacto que a atitude – ou a sua falta – pode ter na performance de alguém. 

Vale observar também que os frutos da atitude não são exclusivos do mundo corporativo. Esta dinâmica se aplica à esfera pessoal também. Os melhores pais não são, necessariamente, os que são graduados em pedagogia ou possuem décadas de experiência na paternidade. Mas talvez os que estejam mais presentes e que mais se entreguem e se envolvam com seus filhos. Os melhores amigos nem sempre serão aqueles que conhecemos na época de escola. Provavelmente, serão os que fazem questão de estarem próximos, disponíveis e satisfeitos em nos apoiar e em conviver conosco.

Conhecimento soma. Experiência soma. Mas a atitude, multiplica. E a melhor notícia é que apesar de conhecimento e experiência levarem anos para serem adquiridos, a atitude é uma mera questão de decisão que pode ser feita agora, e mudar radicalmente o resultado.

Como anda o maior fator de sucesso na sua vida? Tente elevar ele ao nível 5 e veja o resultado positivo que ele pode ter na sua equação.


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