O principal adversário de Lira na disputa era o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), indicado do ex-presidente da Casa Rodrigo Maia. Baleia teve 145 votos.

Outros seis candidatos se inscreveram na disputa: Alexandre Frota (PSDB/SP), André Janones (Avante/MG), Luiza Erundina (PSOL/SP), Fábio Ramalho (MDB/MG), General Peternelli (PSL/SP) e Marcel Van Hattem (Novo/RS).

Mas, assim como na eleição do Senado, houve desistência na Câmara momentos antes da votação. Alexandre Frota (PSDB/SP) abriu mão da

Embates

Antes da votação, cada candidato discursou na tribuna da Câmara. Lira fez críticas à Maia sem citar nomes.

“Por favor, olhem para a cadeira da presidência: por acaso há ali um trono? Não! Ao lado do presidente, há outras cadeiras, demais representantes da Mesa Diretora”, afirmou Lira. E completou: “a presidência não pode falar pela Casa. A Casa é que deve falar inclusive através de seu presidente”.

Já Baleia Rossi defendeu que a Câmara seja independente do Palácio do Planalto.

“Não só voz, mas recursos legítimos, republicanos no orçamento, para que todos possam exercer na sua plenitude os seus mandatos”, disse.

Nas últimas semanas, Baleia criticou a forma como o governo atuou em defesa da candidatura de Lira.

Antes de começar a votação, Maia fez seu último discurso. Ele chorou e pregou pacificação depois dos confrontos com Lira.

“As brigas passaram, vamos eleger o novo presidente. Tivemos um momento de mais atrito, no meu caso com a candidatura do Arthur Lira. A ele e àqueles que se sentiram ofendidos com algo que falei, não foi minha intenção”, declarou Maia.

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No Senado, o favorito é Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato apoiado pelo Palácio do Planalto. A principal oponente é Simone Tebet (MDB-MS) – são necessários 41 votos para a definição. De acordo com declarações públicas de apoio, o senador mineiro soma 33 votos, e a senadora, 27.

Na Câmara, oito deputados federais estão no páreo. Os favoritos são Arthur Lira (PP-AL), apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro e líder do Centrão, e Baleia Rossi (MDB-SP), indicado pelo atual presidente da Casa. Para decisão em primeiro turno, é preciso conquistar a maioria simples de 257 votos.

Os candidatos à presidência da Câmara

Alexandre Frota (PSDB-SP)

Autor de três pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, Alexandre Frota lançou oficialmente sua candidatura à presidência da Casa sem apoio oficial de seu partido. Eleito pelo PSL, foi expulso da sigla após romper com o governo, filiando-se, então, ao PSDB. A abertura de um processo de exoneração do chefe do Executivo é sua maior bandeira para concorrer ao cargo.

André Janones (Avante-MG)

André Janones ganhou notoriedade com a greve dos caminhoneiros de 2018, tornando-se, à época, um dos porta-vozes do movimento – embora não seja parte da categoria, o prestígio veio em razão da viralização de um vídeo gravado por ele, no qual o parlamentar saiu em defesa da manifestação. Naquele ano, foi o terceiro deputado mais votado em Minas Gerais.

Artur Lira (PP-AL)

Arthur Lira está em seu terceiro mandato como deputado federal. Anteriormente, foi deputado estadual em Alagoas e vereador de Maceió. Já em sua primeira legislatura conquistou a liderança do PP, além de ser escolhido presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Desde 2019, tem tomado a frente na liderança do bloco parlamentar que congrega partidos do Centrão. Para a presidência da Câmara, Lira recebeu apoio do Palácio do Planalto e do presidente Jair Bolsonaro.

Baleia Rossi (MDB-SP)

Filho do ex-deputado Wagner Rossi, ministro da Agricultura entre 2010 e 2011, Luiz Felipe Baleia Tenuto Rossi é parlamentar desde os 20 anos, sendo eleito, em 1992, o vereador mais jovem de Ribeirão Preto, no interior paulista. Elegeu-se três vezes na mesma cidade, depois três vezes deputado estadual na Assembleia Legislativa de São Paulo, e agora cumpre seu segundo mandato na Câmara dos Deputados. Hoje é presidente da Executiva Nacional do MDB, além de líder do partido na Câmara.

Fábio Ramalho (MDB-MG)

Do mesmo partido de Baleira Rossi, Fábio Ramalho, deputado federal desde 2007, está disputando a presidência da Casa pela segunda vez – havia se candidatado em 2019, ocasião que teve a reeleição de Rodrigo Maia. Em 2017, foi 1º vice-presidente, o primeiro na linha sucessória da Câmara.

Luiza Erundina (PSOL-SP)

Luiza Erundina, ex-prefeita de São Paulo, está em seu sexto mandato como deputada federal. Nome histórico do PT, deixou o partido em 1997 e filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Está no PSOL desde 2016, partido pelo qual disputou a Prefeitura da capital paulista e se candidatou a vice-prefeita, na chapa com Guilherme Boulos, em 2020. A decisão de lançar uma candidatura própria desencadeou um racha no partido, após psolistas terem declarado apoio à candidatura de Baleia Rossi.

Marcel Van Hattem (NOVO-RS)

Novato entre os nomes, Marcel Van Hattem está em seu primeiro mandato na Câmara, eleito em 2018 por intermédio do cenário de política no Congresso. No Rio Grande do Sul, foi vereador do município de Dois Irmãos em 2004 e, posteriormente, deputado estadual em 2015 – é considerado uma das lideranças no movimento pelo impeachment de Dilma Rousseff no Estado. Deixando o PP em 2018, filiou-se ao Novo para concorrer ao Congresso Nacional. Concorreu à presidência da Câmara em 2019, conquistando 23 votos.

Roberto Sebastião Peternelli Junior (PSL-SP)

General da reserva, Roberto Sebastião Peternelli Junior está em seu primeiro mandato como deputado federal. É da turma de 1973 da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), onde se formou como aspirante a oficial da Infantaria. Como general, chegou a comandar a 2ª Região Militar de São Paulo. O apoio de seu partido divide-se entre os candidatos Arthur Lira e Baleia Rossi.

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Um levantamento feito pela consultoria Eurasia aponta que o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) é franco favorito para levar a presidência da Câmara dos Deputados. A eleição ocorre em 1º de fevereiro, dia de retorno do Legislativo após o recesso parlamentar.

De acordo com a sondagem feita pelo grupo, Lira deverá ter entre 263 e 332 votos junto aos deputados, o que o colocaria em posição confortável contra seu principal adversário, Baleia Rossi (MDB-SP). A Casa é composta por 513 parlamentares e a vitória se dá por maioria absoluta (257 votos).

Lira está na disputa como candidato declarado do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e do chamado Centrão, grupo de partidos que costuma se posicionar junto ao governo no poder em troca de cargos. Rossi, por sua vez, conta com apoio do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tem feito fortes críticas ao Planalto.

Apoios e prováveis deserções

Em teoria, Lira conta com o apoio oficial de presidente Bolsonaro e dos partidos PSD, PP, PL, Avante, Solidariedade, Republicanos, Patriota, PROS e PSC.

Rossi, por sua vez, teria consigo MDB, Cidadania, DEM, PCdoB, PDT, PT, PSB, PSDB, PSL, PV e Rede. O PSOL, que chegou a sinalizar apoio a Rossi, agora tende a lançar uma candidatura avulsa

Como a votação para a presidência da Câmara é secreta, abre-se uma grande margem para traições de ambos os blocos. Na avaliação da Eurasia, a tendência é que a maioria dos deputados de legendas que declararam apoio a Rossi votem contra a orientação partidária e apoiem Lira.

Além de ter o governo a seu favor, também jogam a favor de Lira o fato de ter iniciado mais cedo a campanha para comandar a Câmara, na avaliação da Eurasia. Já Rodrigo Maia, que sonhava em tentar uma nova reeleição ao posto, acabou impedido pelo Supremo Tribunal Federal e demorou a anunciar quem seria o candidato que contaria com seu apoio.

Disputa no Senado

O cenário em torno da presidência do Senado, que será definido também em 1º de fevereiro, também vai ganhando contornos mais definidos.

Com apoio do atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), chega o correligionário Rodrigo Pacheco (DEM-MG), apontado como favorito. Ele deve ter como principal rival a senadora Simone Tebet (MDB-MS), que pode se tornar a primeira mulher a alcançar a presidência da Casa.

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O candidato, então, se consolida como a principal figura contra o designado do Palácio do Planalto para o cargo, Arthur Lira (PP-AL), líder do centrão.

Embora a tendência prévia da bancada petista já fosse de apoio ao emedebista, alguns integrantes do partido se opunham à indicação de Rossi, preferindo uma eventual candidatura de um nome proveniente da própria legenda.

Entretanto, a adesão do PT à frente ampla não significa um alinhamento ideológico integral, podendo ser considerado um suporte crítico.

“Há um consenso de que o ideal, para os parlamentares do partido, seria ir com Baleia Rossi, mas nada garante que todos seguirão essa definição”, aponta Juliana Inhasz, economista e professora do Insper, em participação no Morning Call desta terça-feira (5).

A economista destaca ainda o fato de Baleia Rossi ser uma figura considerada controversa. “É candidato do Rodrigo Maia, mas, na maior parte das vezes, se alinhou ao Bolsonaro e não às pautas, de fato, do MDB.”

Ausência de Orçamento

A indefinição da próxima mesa diretora da Câmara dos Deputados – a menos de um mês da eleição (que ocorrerá em 1º de fevereiro) é considerada um dos fatores que influíram para o fato de o Brasil iniciar 2021 ainda sem ter aprovado seu Orçamento para o ano.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), por exemplo, foi aprovada somente em 16 de dezembro, pouco antes do recesso parlamentar.

“É muito complicado iniciar um ano, principalmente em um país como Brasil, que possui uma série de metas fiscais, sem um orçamento aprovado, à deriva. Isso trava programas sociais que poderiam ocorrer de uma maneira melhor, gastos que poderiam beneficiar a população de uma maneira mais ampla… Então, quanto antes essa questão for definida, melhor; é uma incerteza a menos para fazermos essa lição de casa que está atrasada há meses”, completou.

Inhasz ressalta ainda que alguns partidos de esquerda apoiam o Baleia, mas demandam que ele analise, em caso de vitória, pautas específicas. E que as incertezas, com uma possível eleição dele, certamente irão continuar, muito devido à postura de alinhamento conforme a situação. “Uma figura difícil de ler dentro desse jogo”, completa.

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