Irmãos relatam terem levado denúncia de corrupção na compra da vacina ao presidente Jair Bolsonaro
por Juliana Braga em 24/06/21 15:08
Na quarta-feira (23), o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor Ricardo Miranda, revelaram ter levado ao presidente Jair Bolsonaro suspeita de corrupção na compra da Covaxin. A confissão gerou reação no Palácio do Planalto, deu um novo rumo à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia e trouxe suspeitas para dentro do Ministério da Saúde. Entenda o que se sabe até o momento.
O servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Fernandes Miranda afirmou ter recebido “pressão anormal” para agilizar o envio da documentação da Covaxin para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mesmo estando incompleta. Em entrevista ao jornal O Globo, Ricardo contou que a pressão partiu de seu superior no ministério, Alex Lial Marinho. Ele também relatou a tentativa de pagamento antecipado de US$ 45 milhões por três lotes da vacina com datas próximas ao vencimento, mesmo com o contrato vedando o desembolso antes da autorização para uso da Anvisa. Esse documento teria sido levado como prova para o presidente Jair Bolsonaro. Ricardo prestou depoimento com essas informações ao Ministério Público
A informação foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo, que teve acesso a telegramas confidenciais da Embaixada do Brasil em Nova Délhi. De acordo com o documento do Itamaraty, custaria menos do que uma garrafa de água. No documento, a embaixada informa que o produto teria o custo de US$ 1,34 a dose. Foi comprado por US$ 15. O valor da compra não foi objeto da denúncia dos irmãos Miranda.
Até o momento, o Palácio do Planalto não se manifestou oficialmente sobre esse assunto. Os irmãos afirmam terem levado a reclamação ao presidente no dia 20 de março, quando os dois aparecem em fotos ao lado de Bolsonaro no Alvorada nas redes sociais. Também foram divulgadas mensagens que Luís Miranda trocou com o ajudante de ordens do presidente solicitando um encontro. Nas mensagens, Miranda diz estar “rolando um esquema de corrupção pesado” na compra das vacinas. Os denunciantes afirmam que, ao ouvir os relatos, Bolsonaro prometeu encaminhá-los à Polícia Federal.
Oficialmente, a Polícia Federal diz que não vai se manifestar. O então diretor-Geral da corporação, Rolando de Souza, afirmou ao Globo não se lembrar se abriu inquérito. O então ministro da Justiça, André Mendonça, a quem competia repassar eventual queixa de Bolsonaro à PF, afirmou ao MyNews desconhecer o assunto. Integrantes da PF afirmaram não ter encontrado nenhuma apuração. Em coletiva de imprensa na noite de quarta-feira (23), o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, não comentou o assunto.
Onyx Lorenzoni deu uma entrevista na noite de quarta para rebater as acusações. Ele afirma haver indícios de adulteração no documento apresentado pelos irmãos como prova da tentativa de pagamento antecipado. Élcio Franco, assessor da Casa Civil que era secretário-executivo na época, disse que houve um erro no documento enviado no dia 18 de março, mas que foi corrigido no dia 23. Onyx anunciou determinação de Bolsonaro para que Luis e Ricardo Miranda sejam investigados pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União.
O presidente do colegiado, Omar Aziz, disse que irá solicitar à Polícia Federal esclarecimentos sobre a apuração da denúncia e proteção à família dos irmãos Miranda . O relator, Renan Calheiros, em entrevista à GloboNews, reagiu à fala de Onyx Lorenzoni. Disse ter enxergado tentativa de coação de testemunha e não descartou pedir a prisão do ministro.
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