Cientista político e professor da FGV acredita que senadores podem estar afobados e é necessário ter cuidado
por Luciana Tortorello em 01/07/21 18:24
O cientista político e professor da FGV Cláudio Couto, vê como nebulosa a demissão de Roberto Ferreira Dias da diretoria de logística do Ministério da Saúde. Em notícia divulgada pelo jornal Folha de São Paulo e pela CBN desta quinta-feira (1), quando Pazuello estava no comando do Ministério da Saúde em outubro de 2020, ele havia pedido a demissão de Dias, mas o próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido) brecou a exoneração.
“Tem um monte de coisas que ainda precisam ser elucidados primeiro, porque que ele seria demitido em outubro? Qual seria o motivo disso? Sabemos que o general Pazzuello tirou um monte de gente que antes estava no Ministério da Saúde e colocou os seus próprios assessores lá, inclusive um monte deles militares de carreira, ele seria removido para ser substituído por mais um militar de carreira? E aí tinha um padrinho que interveio e consequentemente conseguiu fazer com que ele não fosse demitido”, questiona Couto em entrevista ao MyNews.
O cientista político cita mais um trecho que a rádio CBN divulgou, de uma entrevista do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, em que ele diz que praticamente todos que estavam com ele no Ministério haviam sido trocados, menos Dias.
“Eu não sei o motivo de porquê ele ficou, tem muita coisa nebulosa nessa história. E agora, ele é demitido de um dia para o outro. E ele já tinha sido indicado para a Anvisa pelo presidente Bolsonaro, que depois tirou a indicação. Pelo jeito há muitas histórias em torno dessa pessoa que precisam ser mais bem esclarecidas para a gente entender qual é a conexão que existe entre ele, o presidente e outros interesses que a gente não sabe quais são”, argumenta o professor da FGV.
Couto também comentou o depoimento confuso nesta quinta-feira na CPI da Pandemia do policial militar Luiz Dominguetti , representante da Davati Medical Suply. Ele foi convocado por causa da denúncia apresentada no início da semana, em que uma compra de vacinas Oxford/AstraZeneca só aconteceria mediante aumento de preço do produto, resultando em propina.
“Tá tudo muito confuso. Esse cidadão, o Dominguetti, ele é um policial militar da ativa, ele foi questionado pela Senadora Simone Tebet porque que ele, diante de um pedido de propina, ele não deu voz de prisão, teria sido um caso de flagrante e seu dever como policial. É estranho ele como policial da ativa, ao mesmo tempo ser empresário, representante de uma empresa farmacêutica. É algo muito estranho, a gente tem que entender melhor porque essa pessoa apareceu de repente, porque ela veio com as explicações. Me parece que estão colocando areia na engrenagem e aí a CPI começa a ter problemas de funcionamento”, observa o especialista.
Dominguetti divulgou um áudio que causou confusão na CPI e embaralhou as informações. Para Couto, os senadores podem ter caído numa cilada ao chamar o PM para depor. “É uma história muito complicada, me parece que a CPI pode ter caído aí numa arapuca, não sei se é isso que realmente aconteceu, o que mostra talvez um certo descuido, certa açodamento ou afobação por parte dos senadores na CPI em ouvir todo mundo, o mais rapidamente possível, sem analisar exatamente qual é a contribuição eventual que aquela pessoa está levando à comissão e eu creio que isso precisa ser aferido o maior cuidado, para não gerar esse tipo de cenário em que a CPI pode ter os seus trabalhos prejudicados, encaminhamento da investigação prejudicado pelo fato de que vai gente ali para simplesmente confundir em vez de esclarecer, quase que ao estilo do Chacrinha”.
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