Partidos da terceira via têm tentado se organizar para viabilizar nome forte para eleições presidenciais de 2022.
por Paulo Totti em 08/04/22 11:27
Palácio do Planalto. Foto: Agência Brasil.
Está tudo resolvido: no dia 14 de maio o União Brasil apresenta seu candidato a presidente. No dia 18, se reunem o União Brasil, o MDB, o PSDB, o Cidadania, e talvez também o Podemos. No dia seguinte começa a campanha em favor da chapa única escolhida. E no dia 2 de outubro a terceira via, ou “o campo democrático”, ganha a eleição, sem necessidade de um segundo turno. Como é encantadora e previsível a política brasileira!
LEIA TAMBÉM:
A única dificuldade era a marcação de datas e o local da reunião (um hotel possivelmente). Superados esses pequenos detalhes, e, depois de três horas de “franca e transparente conversa”, quatro ilustres dirigentes partidários terão traçado os destinos do país e resolvidos todos os seus problemas (não deles, problemas do país, é claro).
Perto dali, na rodoviária de Brasília, por exemplo, se você for perguntar se alguém conhece Bruno Araújo (PSDB-SP), Baleia Rossi (MDB-SP), Luciano Bivar (UB-PE), Roberto Freire (Cidadania-PE), Renata Abreu (Podemos-SP), ninguém sacudiria a cabeça afirmativamente. Talvez um idoso, aposentado como servente da Câmara dos Deputados, responda: “Esse Freire conheço, era comunista e foi líder do Itamar”.
Pois é, a vida não é previsível; e nem sempre encantadora. Ninguém vai votar em A, B ou C, por indicação de Bruno Araújo ou Baleia Rossi. Escolher data, local e até um nome é mais fácil do que encontrar um discurso, uma mensagem, um slogan, capaz de tirar alguém da catacumba dos 3% das pesquisas e arremessá-lo à liderança das intenções de votos.
Comecemos pelo principal objetivo, perfurar a barreira da polarização de Lula e Bolsonaro. Até agora nenhum dos opositores à dupla disse algo que já não tenha sido dito. Ciro? Tudo o que diz, Lula já disse e fez, com muito mais votos. Moro? Tudo o que representou, Bolsonaro continua representando, com mais votos, e, se estes faltarem, o general Walter Braga Neto dirá a que veio.
Outro problema: o PSDB. A existência de dois candidatos é a única coisa que abunda no PSDB. O partido que há vinte anos elegia presidente e o reelegia em um único turno, perde agora lideranças, eleitores, eleitos, e a palavra empenhada (o que diria Mário Covas se lhe contassem que o partido que fundou não respeita o resultado de uma prévia do próprio partido? E a maioria de sua bancada na Câmara costuma votar a favor do herdeiro político do almirante Pena Boto?).
Escolhido o concorrente à presidência (por qual critério? liderança nas pesquisas, representar o maior estado do país, ter maior capilaridade, maior fundo partidário, maior fundão eleitoral?), quem será o vice? O UB não tem ninguém no partido com coragem de tentar a presidência, mas tem um presidente do partido, Luciano Bivar, que quer ser vice da república, a ser aceito pelos aliados se não não tem jogo nem aliança.
Eduardo Leite (PSDB) e Simone Tebet (MDB) andam conversando com base numa mesma e gentil oferta: “Te ofereço a minha vice-presidência”. Como cumprir a promessa, se o cargo de vice já tem dono?
E o que dizer de Simone Tebet, mulher decidida, senadora excelente, cujo partido, o MDB, tem metade, ou mais, de seus governadores já combinados de votar em Lula?
E o União Brasil, com próceres como ACM Neto e Ronaldo Caiado, cada um com musculatura para ser o candidato ao Planalto que falta ao partido, mas sem tesão para o debate nacional e apenas voltados para o pleito no próprio estado – o herdeiro de Antônio Carlos de olho em alguns votos de Lula na Bahia e o ex-líder da bancada ruralista no que sobrar de votos de Bolsonaro em Goiás.
E , de 18 de maio a 2 de outubro, haverá tempo para reunir o bloco, esquentar os tamborins, harmonizar o passo das alas com a cadência da bateria, sair com samba-enredo repleto de novidades e brilhar na avenida, quando, segundo as atuais pesquisas, indecisos, brancos, nulos e “não sabem” somam apenas 10%?
Enquanto, na pesquisa da Quaest, patrocinada pela Genial Investimentos, a primeira após a suposta desistência de Sergio Moro, Lula e Bolsonaro alcançavam 44% e 29%, respectivamente, Ciro chegava a 6%; Leite a 2%; Doria e Simone a 1%. Os votos de Morro estão migrando para Bolsonaro.
SE COLAR, COLOU – Leio e ouço que Adriano Pires é o brasileiro que mais entende de petróleo, de gás e da legislação correspondente. Há mais de 20 anos está de plantão na defesa da privatização da Petrobras e aparece sempre que a mídia procura alguém contra o monopólio estatal. Só não entendo como, depois de convidado oficialmente pelo ministro da Minas e Energia e de três encontros com o presidente Jair Bolsonaro, levou duas semanas para lembrar que havia um impedimento legal para assumir.
Comentários ( 0 )
ComentarMyNews é um canal de jornalismo independente. Nossa missão é levar informação bem apurada, análise de qualidade e diversidade de opiniões para você tomar a melhor decisão.
Copyright © 2022 – Canal MyNews – Todos os direitos reservados. Desenvolvido por Ideia74
Entre no grupo e fique por dentro das noticias!
Grupo do WhatsApp
Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo.
ACEITAR