Monólogo cômico intitulado "O recém-nascido" chegou ao Rio de Janeiro em junho, depois de passar por São Paulo e cidades de Portugal
por Sofia Pilagallo em 10/07/24 12:12
Ator Pedro Cardoso concede entrevista à jornalista Mara Luquet | Foto: Reprodução/MyNews
O caráter infantil de alguns líderes políticos, como o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, inspirou a mais recente peça de Pedro Cardoso, intitulada O Recém-nascido, contou o ator, conhecido por interpretar Agostinho Carrara em A Grande Família, em entrevista exclusiva ao MyNews. O monólogo, escrito, dirigido e encenado por Cardoso, chegou ao Rio de Janeiro em junho, depois de passar por São Paulo e cidades de Portugal, onde ele vive desde 2012. O espetáculo cômico retrata um homem que se relembra detalhes do próprio nascimento e da infância, alegando ser muito mais feliz antes de vir ao mundo, quando havia silêncio e sossego e “serviço de quarto”.
“O Recém-nascido surgiu de uma conversa com a atriz Graziella Moretto. Na ocasião, falávamos sobre Trump e outros políticos, que se comportam no poder de maneira muito esquisita. Então ela trouxe uma sacada: ‘A dinastia no bebê chorão’. E eu pensei: ‘É isso mesmo’. É a permanência de um bebezinho dentro de um homem adulto. Segundo os psicanalistas, em alguma medida, dentro de todos nós permanecem demandas da primeira infância”, afirmou.
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Cardoso revelou que vem refletindo muito sobre a conjuntura política em que o mundo se encontra atualmente, e que sua vida artística ficou “paralisada” desde que “o fascismo brasileiro” se apresentou com mais nitidez. As reflexões renderam a produção de duas peças. Além de O Recém-nascido, ele escreveu também À sombra do pai, que traz uma provocação sobre a capacidade (ou incapacidade) das pessoas de se colocarem no lugar dos outros. Para ele, trata-se de “tentativas poéticas” de trazer à plateia alguma compreensão sobre o momento atual, que ele define como “terrível”, marcado pelo “autoritarismo” e pela “mediocridade no poder”.
“Sinto como se a mediocridade presente em nós não pudesse mais suportar demandas tão exigentes e se rebelasse contra ‘o saber’. Como se, agora, a espontaneidade é que fosse ficar no poder, e não ‘o saber’. Tanto é que esses fascistas todos falam do jeito que querem, ofendem, xingam, em nome de uma espontaneidade”, disse.
“O saber é exigente e nos torna inevitavelmente conscientes da nossa finitude. E isso é bastante incômodo. Então, para evitar a sensação permanente da finitude, a ignorância se disfarça de espontaneidade”, acrescentou.
Assista abaixo a entrevista completa do ator Pedro Cardoso ao MyNews:
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