Em seu novo livro, filósofa busca entender narrativa que consagra o capitalismo como a única alternativa possível e tenta combatê-lo com esperança
por Sofia Pilagallo em 15/07/24 15:29
Mara Luquet e Sofia Pilagallo entrevistam a filósofa Márcia Tiburi
O capitalismo, nos moldes em que se está posto hoje, foi o único modelo socioeconômico que deu certo? Por que há tanta resistência em pensar em alternativas a um sistema que causa tanto sofrimento à maior parte da população mundial? Afinal, a sociedade normalizou o sofrimento? Essas são algumas das questões a que se propõe a pensar a filósofa Márcia Tiburi em seu novo livro, Mundo em disputa, lançado em abril deste ano. Em entrevista ao MyNews, ela afirma que a narrativa distópica, muito presente em filmes, séries e livros, foi normalizada na vida real, em um cenário de desesperança coletiva.
Para ilustrar sua tese, Márcia trouxe à tona, durante a entrevista, o enredo do filme Zona de interesse, lançado em 2023. O longa-metragem, dirigido pelo cineasta inglês Jonathan Glazer, gira em torno da família de um comandante de Auschwitz, o principal campo de concentração da Alemanha nazista. A família mora em uma vila residencial, com piscina, jardim florido e estufa, separada apenas por um muro alto do campo de concentração de Auschwitz.
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“O que é mostrado nesse filme pode ser equiparado à realidade das grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro”, explica Márcia. “Em São Paulo, você transita por bairros como Jardins, Vila Madalena e Higienópolis, onde vivem as elites, e se depara com inúmeras pessoas morando na rua nas piores condições. É como se não houvesse nenhum problema na coexistência das duas realidades”, acrescenta ela, em referência à “vida utópica” daqueles que disfrutam do luxo e do conforto e à “vida distópica” daqueles que vivem sem nenhuma dignidade.
A ideia de que o capitalismo e o neoliberalismo são a única alternativa possível está já muito consolidada, pois começou a ser difundida há décadas. Segundo Márcia, o discurso realmente “pegou” depois do fim da Guerra Fria, em 1991, que consagrou a vitória do capitalismo frente ao socialismo. Para romper com essa lógica, a autora propõe desmascarar as armadilhas da linguagem, reconhecer as estruturas de dominação e, acima de tudo, cultivar a esperança.
Assista abaixo à entrevista completa da filósofa Márcia Tiburi ao MyNews:
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