Morre aos 87 anos o senador e ex-governador da Paraíba José Maranhão

O senador e ex-governador paraibano José Maranhão (MDB) morreu, vítima da Covid-19, na noite desta segunda-feira (8) no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo – ele estava internado desde 29 de novembro de 2020, data do segundo turno das eleições municipais. Ficou hospitalizado em João Pessoa até o dia 3 de dezembro, quando foi transferido para a capital paulista.

O corpo de Maranhão deve chegar às 14h desta terça-feira (9) no Aeroporto Castro Pinto, recebido apenas por familiares e autoridades, como a filha Alice Maranhão e o governador da Paraíba João Azevêdo. O velório acontecerá no Palácio da Redenção, seguido pelo sepultamento no município de Araruana, terra natal do senador.

Ao longo da internação, Zé Maranhão apresentou diversas alterações em seu quadro clínico, configurando instabilidade nas previsões médicas. Há mais de dois meses na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o senador mais velho da atual legislatura chegou a ser entubado e extubado várias vezes. Na primeira semana de janeiro, seus sinais e sintomas pioraram.

A morte foi confirmada por familiares, seguida por nota oficial da assessoria de imprensa do parlamentar. De acordo com a divulgação do boletim médico, Maranhão veio a óbito às 21h15 (o documento foi assinado por seis médicos da unidade hospitalar que vinham acompanhando o caso).

Formado em direito pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em 1961, Maranhão também era piloto de avião. Além da política, atuava também como empresário e pecuarista. Deixou a esposa, a desembargadora Maria de Fátima Bezerra, três filhos e dois netos.

Trajetória política

Filho de Benjamim Gomes Maranhão, ex-prefeito de Araruna, e de Benedita Targino Maranhão, a Dona Yayá, José Targino Maranhão, conhecido como Zé Maranhão, é natural de Araruna, Agreste paraibano. Nascido em 6 de setembro de 1933, iniciou a carreira política com 22 anos, em 1955, quando assumiu o cargo de deputado estadual da Paraíba pelo PTB, partido que ficou até 1967 – posteriormente migrou para o MDB.

Em 1969, sob o Regime Militar, Maranhão teve seus direitos políticos cassados e, após quatro mandatos consecutivos, deixou a cadeira administrativa.

Retornou às atividades públicas em 1982, logo nas primeiras eleições diretas do país em mais de 20 anos, sendo eleito deputado federal, reeleito em 1986 e em 1990. Compreendendo a necessidade de engajamento democrático efetivo, o parlamentar foi caracterizado como deputado constituinte, tendo em vista seu auxílio no desenvolvimento da Constituição Federal de 1988.

Ao término do terceiro mandato na Câmara, foi convidado para compor, como vice-governador da Paraíba, a chapa de Antônio Mariz, eleita em 1994. Mariz, no entanto, faleceu em setembro de 1995 devido a um câncer no intestino e outro no pulmão, transferindo, assim, a cadeira a Zé Maranhão.

Em 1998, após superar o racha interno no PMDB (o então senador Ronaldo Cunha Lima também desejava lançar sua candidatura), Maranhão foi novamente designado ao cargo com mais de 80% dos votos válidos.

Em 2002 foi eleito senador e tentou ser governador novamente em 2006, mas Cássio Cunha Lima (PSDB), filho de Ronaldo, foi eleito na ocasião. Entretanto, em 2009, a chapa de Cássio foi cassada e Maranhão assumiu o cargo. Tentando nova reeleição em 2010, perdeu para Ricardo Coutinho (PSB).

Após terminar em quarto na disputa pela prefeitura de João Pessoa, foi eleito, em 2014, senador e se licenciou para a função de governador, em 2018, mas ficou em terceiro lugar.

Voltou para o cargo de senador, o qual tinha extensão até 2022. Em razão da Covid-19, se licenciou em janeiro deste ano, sendo substituído pela suplente Nilda Gondim, que agora assume em definitivo.