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GUERRA

Tempos explosivos: temos três guerras em andamento, sem prazo para acabar

Aqui dentro, segue a interminável guerra de Brasileiros X Brasileiros

Em 09/10/23 17:20
por Balaio do Kotscho

Ricardo Kotscho, 75, paulistano e são-paulino, é jornalista desde 1964, tem duas filhas, 5 netos e 19 livros publicados. Já trabalhou em praticamente todos os principais veículos de mídia impressa e eletrônica. Foi Secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República (2003-2004). Entre outras premiações, foi um dos cinco jornalistas brasileiros contemplados com o Troféu Especial de Direitos Humanos da ONU, em 2008, ano em que começou a publicar o blog Balaio do Kotscho, onde escreve sobre a cena política, esportes, cultura e histórias do cotidiano

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante pronunciamento após anulação de suas sentenças. Foto: Ricardo Stuckert (Fotos Públicas).

Lá fora, são agora duas guerras simultâneas: Rússia X Ucrânia e Israel X Palestina, ambas por disputa de territórios. Aqui dentro, segue a interminável guerra de Brasileiros X Brasileiros, com 50 mil mortos por ano nos choques entre facções do crime organizado e milícias, e destas com a polícia.

Nos três casos, as maiores vítimas são as mesmas: os civis indefesos que só querem um pouco de paz para viver. Se você pegar o mapa-mundi da ONU, para onde olhar vai encontrar algum conflito em andamento e levas de refugiados procurando escapar da fome e da violência, dois dramas multinacionais neste século 21.

Como escreveu o brilhante Alberto Villas, da Newsletter “O Sol”, uma guerra engole a outra no noticiário e ninguém sabe quando isso vai parar. Depois das chacinas da semana passada, no Rio e na Bahia, a nossa guerra interna deu uma breve trégua nos últimos dias, mas não há sinais de armistício.

Nove meses após o ataque golpista a Brasília, completados hoje, o Brasil continua rachado na política, com a disputa de hegemonia entre poderes, e nas ruas, onde os moradores temem tanto os fardados como a bandidagem e ninguém mais se sente seguro nas grandes cidades.

Mesmo nas cidades pequenas e médias, não se tem mais sossego nem dentro de casa. Até tomar uma cervejinha num quiosque de praia virou risco de morte e se trancar dentro de casa à noite, não evitou o assassinato de uma família inteira em Jequié (BA).

“Aqui, pelo menos, não temos guerras”, comentou comigo uma senhora onde moro, logo após os primeiros ataques dos palestinos contra Israel no sábado. Temos, sim, senhora, várias. Esqueceu-se ela que aqui temos uma guerra civil não declarada, que é permanente, com pobres matando pobres e jovens matando jovens, em sua maioria negros, também os principais alvos das polícias.

Da guerra entre russos e ucranianos quase não se fala mais, deixou de ser notícia após a explosão do conflito que pode se alastrar por todo o Oriente Médio, colocando as grandes potências em lados opostos.

No meio do fogo cruzado, o Brasil está agora na presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU, missão ingrata em tempos de guerra. Se a nossa guerra interna continuar do jeito que está, em breve poderemos pedir a ajuda de uma missão de paz da ONU, que anda com muito serviço, mundo afora. Vida que segue.

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