Coluna do Aquiles Reis no MyNews
Hoje falaremos de Clareira – Filpo e a Feira (Camboa/Distrokid), terceiro álbum de Filpo Ribeiro e do grupo A Feira. Suas oito faixas têm arranjos e composições inspiradas em forró, coco, repertório das bandas de pífano, samba de roda, e tudo o mais ligado à cultura caipira e caiçara do Sudeste, como fandango caiçara, reisada, romaria do Divino e lundus do Norte mineiro. O trem é doido, bróder! Eis algumas faixas do Brasil na Veia.
“Salve Marabô” (Filpo Ribeiro e Ceumar): a viola de Filpo ponteia; o ritmo, pelas mãos de Alisson Lima e Marcos Alma, encorpa o arranjo. Ceumar (grande cantora, há tempos eu não a ouvia) assume o canto. Logo Filpo se ajunta a ela e cantam em terças, embalados pelo agogô. Palmas de mão marcam o ritmo. A dupla canta firme, enquanto a viola ponteia e a rabeca (Filpo) dedilha notas. Um coro reforça o canto de Filpo.
“Ybirá” (Filpo Ribeiro)”: Filpo canta arritmo, acompanhado apenas pela sua rabeca. Entram a zabumba de Lipe Torre e o violão de Filpo. Filpo se vale do pífano para solar. A rabeca retoma a cena. O duo (Lipe Torre e Marcos Alma) vocaliza sem letra.
“Cena de Cinema” (Filpo Ribeiro e Nilton Júnior): o violão de Filpo inicia com ele cantando o galope. O coro vem com ele e os seus pífanos. A viola caipira e a rabeca de Filpo capricham na pisada. A cantiga de amor se revela em belos versos.
“Nas Vage da Gameleira” (Filpo Ribeiro e Jaime Lira): o baião resfolega na rabeca (Filpo) e no baixo (Marcos Alma). A pegada abandona a harmonia e segue só com a percussão. O coro triplo, Marcos Alma, Alisson Lima e Lipe Torres, permite que Filpo arrase na cantoria.
“Clareira” (Filpo Ribeiro e Marcos Alma) dá título ao álbum e tem letra que sintetiza bem o espírito de todo o trabalho. Iniciado com viola caipira e guitarra de 12 cordas (Filpo), a cantiga cadenciada rola amparada pelas percussões (Marcos Alma, Alisson Lima e Lipe Torres) – destaque para as claves.
“Você Não Gosta de Mim” (Lipe Torre): o ritmo rola pela brasilidade de uma salsa. O couro come. O coro arrasa. Lipe Torres se desempenha no violão e na levada puxada pelas congas. Filpo Ribeiro brilha na viola dinâmica de dez cordas, nas rabecas e nos pífanos. O arranjo é suingado que só. Meu Deus!
Olha só, Filpo e A Feira nos apresentam um belo trabalho. Conheço-os desde o primeiro álbum, Contos de Beira d’Água (2017), quando o comentei sob o título “Surpresa boa”. Desde então, já traziam o Brasil na veia.
Ouvi-los importa. Acompanhá-los, também!
Aquiles Rique Reis
Nossos protetores nunca desistem de nós
Ficha técnica:
Produção musical e executiva: Filpo Ribeiro; gravação, edição e mixagem: Marcos Alma e Filpo Ribeiro; masterização: Marcos Alma (Estúdio Nheengatu); arte da capa: Adriana Nuso; distribuição: Distrokid. As rabecas usadas nas gravações foram confeccionadas pelos artesãos Seu Ernesto Dias Pariquera (Açú/SP), Nelson da Rabeca (Marechal Deodoro/SE) e Filpo Ribeiro.
Ouvir o álbum:
open.spotify.com/intl-pt/artist/1zf0SDCi7A5wO8bzj11FIT?si=NFBmmgVYRf-g3dNfsFWAjg
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