Futebol e Política juntos: Esquerda Vascaína: Movimento que defende a história e as lutas do Vasco Esquerda Vascaina / Foto: Arquivo Pessoal

Futebol e Política juntos: Esquerda Vascaína: Movimento que defende a história e as lutas do Vasco

Em mais um episódio da série do MyNews, o clube da zona norte carioca tem seu movimento lutando por seu legado

A torcida do Vasco se orgulha de diversos assuntos, como a construção de São Januário e a luta contra o racismo, além de outras causas pelo Rio de Janeiro e pelo Brasil. Assim, em mais um episódio da série Futebol e Política do MyNews, conversamos com a Esquerda Vascaína.

Marcelle Andrade, professora Educação infantil e Ensino Fundamental, no Rio de Janeiro e membra do movimento, relata o nascimento do EV e seus posicionamentos. Ela lembra que o Vasco sofreu um golpe quando Campello se tornou presidente em 2018.

Nascimento da Esquerda Vascaína

R: “A Esquerda Vascaína nasceu em 7 de novembro de 2017, um dado marcante porque foi o dia da eleição em que Campello se tornou presidente do Vasco. Foi uma eleição bastante confusa, e o movimento surgiu nesse contexto. A Esquerda Vascaína é um movimento de arquibancada, e a gente se orgulha muito disso. Para a gente, viver o Vasco, estar com o Vasco e acompanhar o Vasco é essencial.

Dentro desse contexto, devemos acompanhar o clube, fazer as críticas e parabenizar quando for preciso. Levamos com orgulho e relembramos a história do Vasco, principalmente ligada às lutas sociais. São Januário representa esse espaço do povo, uma verdadeira casa popular. Muitas vezes, ficamos ali na frente do estádio mesmo sem conseguir entrar nos jogos, porque estar ali faz parte da nossa vivência como torcedores. A Esquerda Vascaína se orgulha de viver e respirar o Vasco, sempre lembrando o que o clube representa.”

Opiniões no grupo

O grupo comenta sobre a troca de opiniões nas redes sociais e as causas que defendem no Brasil, já que o movimento reúne pessoas de diferentes regiões do país. A Esquerda Vascaína já nasce com um nome forte para deixar claro quem somos: esquerdistas e vascaínos. Mas somos um movimento plural, com pessoas de diversas áreas e lugares do país. Conversamos sobre tudo, desde assuntos banais até questões que trazem formação política, social e cultural. Isso fortalece nossa prática e nossa construção coletiva como movimento.

VEJA: Futebol e Política juntos: Botafogo Antifascista, a paixão nas arquibancadas e a luta social

Acessar pessoas com pensamentos diversos é sempre complicado, especialmente quando estão fechados para o diálogo. Mas somos persistentes. Muitos de nós trabalhamos na área da educação e enfrentamos o desinteresse dos alunos, uma geração bombardeada por informações superficiais que banalizam a ciência, a cultura e o social. Trabalhamos para combater essas desinformações diariamente, tanto na sala de aula quanto no ativismo.

Em vários momentos, conseguimos dialogar com pessoas que tinham uma visão distorcida sobre a esquerda e sobre nós. Um exemplo marcante foi a arrecadação de alimentos durante a pandemia, quando auxiliamos os trabalhadores das arquibancadas, como vendedores ambulantes. Arrecadamos toneladas de alimentos e conseguimos ajudar essas famílias. Muitos olharam para a gente e diziam: ‘A esquerda? Pessoal da lacração?’ Esse momento nos permitiu mostrar que estamos juntos na luta por respeito, dignidade, saúde e educação. No fim das contas, damos nomes diferentes para os mesmos objetivos. Claro, há quem compreende nossos ideais e continua defendendo o oposto, mas nosso foco está naqueles que, no fundo, compartilham dos mesmos valores que nós.

Venda do futebol do Cruz-Maltino

Recentemente, o Vasco vendeu seu futebol para uma empresa americana cujo dono parecia ignorar as lutas históricas do clube. Hoje, a diretoria busca um novo comprador, e o EV analisa o impacto dessa mudança.

R: A questão da SAF representa um grande problema para o Vasco. Eu, particularmente, vejo essa situação como uma derrota para o clube. Mas algo muito especial no Vasco é que, independentemente de quem está na diretoria, a torcida não esquece sua história e cobra o compromisso social. Nos orgulhamos de jogar em um estádio construído pelo povo e de sermos pioneiros na inclusão de trabalhadores negros no futebol. O Vasco foi palco de nascimento da CLT e teve a primeira mulher presidente da torcida organizada, Cirozalina. Essa história jamais será apagada, e a torcida se mobilizará para mantê-la viva.

Faixa da torcida e do movimento lembrando que Ditadura Nunca mais em nosso país – Foto: Arquivo EV

Defendemos o futebol feminino, os direitos dos trabalhadores e a qualidade do futebol de base. O Vasco nasceu lutando por seu espaço e segue brigando para preservar sua identidade. Um exemplo disso é o Candinho, casa onde o Vasco foi fundado. O próprio clube ignorou esse espaço, mas a torcida é especificada para restaurá-lo. Isso mostra como não permitimos que nossa história se perca.”

Diferentemente dos rivais, o Vasco não conquistou títulos nos últimos anos, mas sua imagem foi explorada pela extrema-direita, principalmente pela família Bolsonaro. O EV comenta essa apropriação indevida.

EV afirma: Vasco não combina com a direita

R: “Alguns clubes têm uma força política muito grande, e o Vasco é um deles. Por isso, forças externas tentam cooptar seu nome para se promover. Mas o Vasco não combina com a direita. Imagina um direitista com a camisa negra do clube? Não faz sentido. Mesmo com todas as dificuldades no futebol e na gestão, o Vasco tem uma torcida apaixonada que os últimos elencos não merecem. Nenhuma gestão merece essa torcida. O vascaíno tem orgulho da história do clube e de vestir sua camisa.

O Vasco representa o povo e a luta. Como alguém pode associá-lo ao conservadorismo? É um clube que sempre esteve ao lado dos trabalhadores, da população negra e das mulheres. A direita pode até tentar se apropriar de nossa imagem, mas nunca conseguirá.”

Presença de político e cantora no grupo do EV

Futebol, cultura e política andam juntos, e o grupo conta com figuras como a cantora Teresa Cristina e o deputado Tarcísio Motta, do PSOL. O EV analisa a presença deles no movimento.

R: “Ter companheiros com uma vida política e cultural pública mais agitada é muito legal. Mas, no grupo, todos são tratados da mesma forma. A única exceção é Teresa Cristina, nossa ídola máxima. A gente brinca com ela porque é impossível não admirar uma mulher tão incrível. Teresa é uma imaginação do samba, uma cantora maravilhosa e uma estudiosa da história do ritmo. Como não puxar assunto com ela? Mas a presença dela e de outros membros com trajetória pública reflete o que a Esquerda Vascaína representa: compromisso com o social, a cultura e a educação.

Nosso movimento é um espaço de aprendizagem. Eu sou professora e aprendi muito sobre samba com a Teresa Cristina. No grupo, temos especialistas em diversas áreas, e essa troca nos transforma como pessoas, como cidadãos e como seres políticos. Brincamos menos com o Tarcísio do que com a Teresa, mas ela é unanimidade entre nós. Todos a amam, admiram sua voz e seu trabalho. O mais incrível é perceber como conseguir acessar pessoas que, em outros contextos, pareceriam distantes. E Teresa, apesar de tudo, é uma pessoa acessível e simples.

Veja onde acompanhar o Esquerda Vascaína

https://www.instagram.com/esquerdavascaina/

https://x.com/esquerdavasco

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