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Morre Domenico de Masi, o visionário que defendia mais produção com menos trabalho

O sociólogo italiano Domenico de Masi morreu neste sábado, 9, aos 85 anos, na Itália. Autor de mais de uma dezena de obras, notabilizou-se por aquela que ficou conhecida como o “Ócio Criativo”

por João Bosco Rabello em 09/09/23 15:37

sociólogo italiano Domenico de Masi

O sociólogo italiano Domenico de Masi morreu neste sábado, 9, aos 85 anos, na Itália. Autor de mais de uma dezena de obras, notabilizou-se por aquela que ficou conhecida como o “Ócio Criativo”, que defende a equilibrada distribuição entre trabalho, estudo e lazer.

Pela sua teoria, que ganhou e encantou o mundo, a descompensação entre esses três fatores carrega o cérebro e o torna improdutivo a partir de certo ponto, pelo estresse gerado com o acúmulo de informações. Mais recentemente atualizou a teoria, aplicando-a ao mundo tecnológico.

Dessa adaptação, fez quase uma profecia, ao resumir três grandes transformações no mercado de trabalho até 2030: o aumento do uso da tecnologia, a feminilização e a globalização. “A tecnologia também mudará o mundo do trabalho: a engenharia genética curará muitas doenças, a inteligência artificial substituirá parte do trabalho intelectual”, afirmou em uma entrevista concedida ao Estadão em 2017.

Em análise coerente com sua obra mais conhecida, disse ser possível produzir mais, trabalhando menos. “Nos países avançados, 25% dos trabalhadores serão operários, 25% serão empregados e metade fará trabalhos criativos. É uma grande transformação.”

De fato, sua morte ocorre em plena discussão mundial sobre a carga e a forma de trabalho pós-pandemia que deixou como uma consequência a experiência bem-sucedida do home office. Agora se estuda um sistema híbrido que concilie a produção em ambiente doméstico com a presencial na empresa. E com redução de um dia na jornada de trabalho.

Por essa via, em 2019, afirmou que o desemprego é “uma construção social”. Se mais gente trabalhasse menos, a partir de uma carga ideal, não haveria desempregados.

“Por exemplo, um alemão trabalha 1.400 horas ao ano, em média. A ocupação é de 79%. O desemprego é de 3,8%. Na Itália trabalhamos 1.800 horas ao ano, veja que loucura! Os italianos trabalham 400 horas a mais que os alemães! E temos 58% de ocupação e 11% de desemprego. Se na Itália trabalhássemos 1.400 horas não existiria nenhum desempregado. O desemprego é uma construção social, não é uma fatalidade”, afirmou.

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