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por Myrian Clark em 13/05/22 09:32
Doris Lessing. Divulgação/Cia das Letras
Você se considera uma pessoa desconstruída? Quero te propor a leitura do livro “As avós”, de Doris Lessing. Lessing dizia que havia algo “abrasivo” nela, que irritava as pessoas. Mas, como escritora, não podia se importar com o que os outros pensam. Ela foi uma mulher revolucionária para a época em que viveu (1919-2013) e as provocações de “As avós” seguem pertinentes e atuais.
O livro é curto, dá pra ler de uma tacada só e certamente vai render muita conversa no nosso encontro entre os leitores. Tento fazer da desconstrução de preconceitos e padrões um exercício constante na minha vida. Não que eu consiga desconstruir tudo, mas sigo tentando. Confesso que esse romance mexeu comigo, foi perturbador. Quando terminei a leitura achei que, além da excepcional qualidade literária, esse livro é perfeito para um clube de leitura. Sabe aquela vontade de falar com alguém sobre a história, dividir?
Doris Lessing ganhou o Nobel de literatura em 2007 e morreu em 2013. Ela nunca evitou polêmicas e, sempre que possível, salpicava uma controvérsia no debate público. Foi assim que ela atraiu a fúria de muitos norte-americanos ao sugerir que os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 não foram tão terríveis quando comparados à campanha do IRA (Exército Republicano Irlandês) na Grã-Bretanha.
Doris nasceu em Kermanshah, na Pérsia, hoje na região oeste do Irã. O pai dela era caixa no Imperial Bank of Persia. Em 1925, a família mudou para o Zimbábue onde o pai foi gerenciar uma fazenda. Na infância, a mãe de Doris fez esforços para que ela se enquadrasse nas regras da época, porém ela era rebelde. Os pais chegaram a enviá-la para uma escola de meninas em Salibury, onde ela ficou até os 13 anos de idade e encerrou sua educação formal. Durante todo o resto de sua vida, Lessing foi uma autodidata e se alimentava dos livros que chegavam sob encomenda da Inglaterra. Além de ler autores como Dickens e Kipling, inventava histórias para o irmão.
O pai de Lessing lutou na Primeira Guerra Mundial e voltou mutilado para casa. “Todos nós fomos feitos pela guerra, retorcidos e deformados pela guerra, mas parece que nos esquecemos disso”, disse. Lessing chegou a declarar que infâncias infelizes parecem produzir bons escritores de ficção. “Claro, eu não estava pensando em termos de ser uma escritora. Apenas pensava em como escapar, o tempo todo”, disse. Aos 15 anos, saiu de casa e teve vários empregos. Em 1937, vivendo em Salisbury, casou-se com Frank Wisdom e teve dois filhos. O casamento não deu certo e ela deixou a família. Envolveu-se com um grupo literário comunista e casou-se com um de seus membros, mas este casamento também não durou.
Decepcionada com o comunismo e com a África, Lessing se mudou para Londres e publicou em 1949 seu primeiro livro A Erva Canta (The Grass is Singing). Esta obra trata do caso entre a esposa de um fazendeiro branco e um empregado africano. Foi uma revolução para a época e tornou-se um best seller. Com o livro “O Carnê Dourado”, de 1962, Lessing se transformou num ícone do movimento feminista. Ao longo de sua carreira, escreveu sobre quase tudo, de justiça social a ficção científica, passando pelo feminismo.
Roz e Lil são amigas inseparáveis desde a infância. Cresceram, casaram, tiveram filhos e vivem na paradisíaca bacia de Baxter, um lugar cercado de rochas por todos os lados. O ambiente protegido, “bocejante”, para além do qual o “verdadeiro oceano rugia e roncava”, é o cenário ideal para uma relação cada vez mais simbiótica. Morando em casas vizinhas, elas criam os filhos por conta própria – e eles se tornam adolescentes encantadores. Tão encantadores e próximos, que Roz e Lil não tardam a se envolver uma com o filho da outra.
Num efeito ambíguo e desconcertante, típico da grande literatura, o que poderia parecer repulsivo é tratado com naturalidade e bom-humor, fazendo a quebra de tabus soar como regra, e não como dramática exceção. Temas como amizade, maternidade e sexualidade ganham novos contornos enquanto Doris Lessing esmiúça as complexidades e armadilhas da forte ligação entre essas duas mulheres, e retrata a força com que elas confrontam as convenções familiares e sociais de sua época.
Dia 31 de maio, terça-feira
Às 19h30
Live com David Coles, galês, formado em Literatura Inglesa em Cambridge, vive no Brasil desde 1985 onde atua como professor, tradutor e intérprete.
Às 20h00
Encontro entre os leitores com mediação de Myrian Clark.
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