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ELEIÇÕES

Mulheres disputarão presidência do México

Nos últimos dias, tivemos a definição de pelo menos duas candidatas mulheres pelas principais forças políticas em disputa. Ou seja, crescem as chances de que o gigante azteca tenha sua primeira mulher presidente, diferentemente de seu vizinho do norte, os EUA

Em 21/09/23 09:02
por Coluna da Sylvia

Sylvia Colombo nasceu em São Paulo. Foi editora da Ilustrada, da Folha de S. Paulo, e atuou como correspondente em países como Reino Unido, Colômbia e Argentina. Escreveu colunas para o New York Times em Espanhol, o Washington Post em Espanhol, e integra os podcasts Xadrez Verbal e Podcast Americas. Entrevistou a vários presidentes da regão. Em 2014, participou do programa da Knight Wallace para jornalistas na Universidade de Michigan. É autora do "Ano Da Cólera", pela editora Rocco, sobre as manifestações de 2019 em vários países da regiõa. Vive entre São Paulo e Buenos Aires, enquanto viaja e explora outros países da Latam

As eleições do México rolam apenas em 2 de junho do ano que vem. Mas, na segunda maior economia da América Latina depois do Brasil, o tabuleiro eleitoral começa a se mover bastante antes. E desta vez traz novidades.

Nos últimos dias, tivemos a definição de pelo menos duas candidatas mulheres pelas principais forças políticas em disputa. Ou seja, crescem as chances de que o gigante azteca tenha sua primeira mulher presidente, diferentemente de seu vizinho do norte, os EUA, que jamais elegeu um mandatária do sexo feminino.

Mas, quem são elas?
Quem dispara adiante é Claudia Sheinbaum, que até pouco tempo atuou como prefeita da Cidade do México, um dos maiores redutos eleitorais do país. Sheinbaum sai com vantagem porque será apadrinhada por Andrés Manuel López Obrador, o atual presidente, que chega ao fim de seu mandato com mais 60% de aprovação.

Tamanha popularidade alcançada por essa administração obrigou os partidos de oposição, de diferentes filiações ideológicas dentro do espectro político, a unirem-se em uma espécie de frente ampla contra o Morena (Movimento de Regeneração Nacional), partido de AMLO e de Sheinbaum.

Nesta frente, estão juntos de maneira inédita o PRI (Partido da Revolução Institucional), que governou o país por mais de 7 décadas, o PAN (Partido da Aliança Nacional), a oposição de direita, e o PRD (Partido da Revolução Democrática), que nasceu de uma dissidência esquerdista do PRI.

Pois a inusitada formação escolheu uma candidata única, Xochitl Galvez, senadora de origem indígena e independente, que confrontou López Obrador ao mostrar que uma mulher de sua ascendência poderia ter ideias mais à direita. AMLO sempre se gabou em ser o porta-voz dos povos originários de seu país.

Galvez defende uma política dura contra o narcotráfico e a violência _temas que López Obrador menosprezou em seu governo, fazendo com que a cifra de assassinatos aumentasse no país (já são mais de 150 mil mortos em sua gestão). AMLO, desde então, não a deixa em paz, criticando-a em quase todas as “mañaneras”, como são chamadas as coletivas de imprensa que dão todos os dias, a partir das 7h da manhã.

Ainda é cedo para fazer um balanço final do sexênio (como chamam os mexicanos os seis anos de mandato, sem reeleição, que são lei no México), mas o certo é que ele fez avanços no que diz respeito a ajudas aos mais humildes _aumentando em 20% os salários_ e ao fazer uma boa administração da economia, que cresce a 5% ao ano.

Outro elemento que lhe confere muita popularidade é o modo como repassou altas quantias em gasto social para ajudar os mais pobres _foi recorde nos últimos anos_, em vez de privilegiar fábricas de peças e autopartes, que era a política principal que interessavam os EUA de Trump e as estratégicas de seu antecessor, Peña Nieto. AMLO preferiu realizar entregas de planos para a educação e programas de bolsas para universitários. Com ele, o plano de neoliberalismo mexicano que imperou nos anos 1990 deu lugar a um desenvolvimentismo nacionalista, com toques esotéricos em seu discurso.

A oposição, na figura de Galvez, porém, acentua as cores autoritárias de seu governo, e por seu modo demagogo de propagandear os feitos de sua gestão que, ao final, não ficaram à altura de suas promessas de campanha.

Agora, porém, aproxima-se o momento de passar o bastão. E o principal duelo deve ser entre duas mulheres. Aconteça o que acontecer, serão eleições inusitadas e com novidades para este país, tão distante geograficamente do Brasil, mas sobre o qual deveríamos estar melhor informados, por conta de tantos pontos em comum com relação a questões sociais e desafios econômicos.

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