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Coluna do Aquiles

PARA SAMBAR À LUZ DE VELAS

Uma audição lisérgica (#sóquenão)

Álbum Entre Nós (Peneira Musical), de Andréa Dutra, conta com doze pianistas convidados que tocaram seus próprios arranjos e me proporcionaram uma boa viagem

por Aquiles Reis em 10/01/25 18:08

Capa do álbum Entre Nós (à esquerda) e a cantora Andréa Dutra (à direita) | Foto: Reprodução/Divulgação

Domingo, oito da noite. Preparo uma dose e vou ao notebook. Ao primeiro gole, um raio seguido de um trovão apaga a luz da casa. Iluminado apenas pela tela, os toques nas teclas se misturam aos dos teclados do pianista e eu anoto o que ele toca e o que a cantora canta. E entro num transe que faz parecer que sonho. Parece que os pianistas se revezam ao piano sob o meu olhar pasmado. E, sem que me vejam, dão às músicas a moldura que merecem. Hipnótico, sinto que instalados do meu lado eles tocam e a moça canta só pra mim. Não, cês não tão entendendo… sozinho em casa, presencio uma audição “exclusiva” do novo álbum autoral da Andréa Dutra e seus pianistas convidados (clique neste link para ouvir).

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Primeiro, o piano do Adriano Souza dedilha as notas, enquanto Andréa, suave, mas decidida, canta a sua “Acerto”. Acordes e um ritmo leve levam o samba que toma conta da sala.

Na sequência, Paulo Malaguti Pauleira entra e assume o piano, nem me cumprimenta… Normal, acho; troca um olhar cúmplice com Andréa que lança garganta afora a poesia da sua “Entre Nós.

Entra o Itamar Assiere: delicado que só, seu piano soa bonito, enquanto Andréa se declara, afinada e afetuosa na “Valsa nº1”; arritmo como o arranjo, deliro em silêncio.

Leo de Freitas assume o piano para tocar “Deixa Quieto”; dengosa às pampas, Andréa canta bonito.

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Bestamente, eu, hein!, aceno pro Leandro Braga que vem pra sala; Andréa parecer requebrar as cadeiras no samba bem levado por ele; e é assim que parece cantar os versos de “Dadivosa”.

Agora, quem passa por mim sem me ver é a pianista Sheila Zagury: ela vem pra tocar “Maio”, cujas notas soltas do piano antecedem a entrada de acordes que anunciam o canto de Andréa. Show!

Eis que três pianistas se aproximam do piano. Quase caio da cadeira. Mas a música pode tudo, penso! E Adriano Souza, Leo de Freitas e João Braga dão lá seu jeito e acompanham Andréa, que arrasa ao cantar “Pedra e Flor”; logo rola um intermezzo jazz total.

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João Braga entra; antes de cantar “Arrastão Carioca”, Andréa acho que sorri, e sapeca o seu espírito carioca que está à flor da pele – a letra assim pede e ela não nega, ora. E eu, feliz da vida, já na terceira dose, saco que o sarau tá acabando.

Acompanhada por Antônio Fischer-Band, Andréa manda ver em “Conselhos Para Um Adolescente na Ponte Aérea Rio-SP: “Vai dar um teco, tomar um toco,/ Beber até cair (…)”. E o piano acompanha o canto que tenta entusiasmar a rapaziada, aqui representada por Andréa Dutra.

Tudo rolou esperto. A luz volta.

Mas a vibe segue, tá ligado, bróder?

Aquiles Rique Reis
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