Governo teme que Eduardo use comissão como novo ‘gabinete do ódio’ Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados FAMÍLIA BOLSONARO

Governo teme que Eduardo use comissão como novo ‘gabinete do ódio’

No Palácio do Planalto e no Congresso preocupação é que filho do ex-presidente torne Comissão de Relações Exteriores num espaço de ataques a Lula para comunidade internacional

O risco real de o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) presidir novamente a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara acendeu o alerta máximo no Palácio do Planalto e entre os petistas no Congresso Nacional. Nas palavras de um interlocutor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o temor é que o filho de Jair Bolsonaro transforme essa comissão num novo “gabinete do ódio”, grupo que atuou dentro do palácio no governo anterior e que se notabilizou por espalhar fake news e por ataques virulentos a seus opositores.

Eduardo já presidiu essa comissão, em 2019, mas em outras circunstâncias. Seu pai era o presidente da República e o espaço não foi tanto, como pode ser agora, de uma trincheira contra os petistas. Foi uma atuação para desgastar o PT, mas não da dimensão como pode ser agora.

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O PL tem a prerrogativa de escolher o presidente da Comissão de Relações Exteriores, mas o PT não quer entregar fácil esse comando a Eduardo Bolsonaro. O líder do partido na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), já declarou que usará todo expediente possível para evitar essa escolha. E, se não tiver êxito, que Eduardo só assuma se tiver seu passaporte apreendido.

“Nós fizemos esse movimento mesmo [pedir a apreensão do passaporte] para evitá-lo na comissão. Aceitamos qualquer nome, menos o dele. O dele só se for sem passaporte”, afirmou Lindbergh.

O presidente dessa comissão tem poderes relevantes, como de determinar a pauta a ser discutida e votada, como acordos internacionais, e sem prestar contas a ninguém; de agendar dias e horários das reuniões e temas de audiência pública e, o que mais incomoda ao governo, se aproximar de autoridades estrangeiras, como os embaixadores ou até mesmo encontros fora do Brasil. Essa preocupação palaciana tem nome: Donald Trump.

Um presidente dessa comissão é assíduo em eventos em embaixadas estrangeiras também. E tem o poder de decidir por requerimentos de convocação de ministros do governo, que são obrigados a comparecer, se essa medida for aprovada pela maioria dos integrantes da comissão.

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Essa movimentação do filho de Bolsonaro às vésperas da definição do comando das comissões tem assustado os governistas. Ele tem se reunido com autoridades do governo Trump e do partido Republicano. Suas postagens hoje nas suas redes sociais são quase exclusivamente em inglês.

Eduardo Bolsonaro já esteve nos Estados Unidos

“Além de transformar a comissão num verdadeira gabinete do ódio, com ataques falsos e violentos contra o governo, ele (Eduardo) quer dar uma visibilidade internacional à comissão”, disse esse interlocutor do presidente Lula.

O deputado já esteve nos Estados Unidos quatro vezes desde o início do ano e sempre se encontra com autoridades daquele governo. Por outro lado, a embaixada brasileira nos Estados Unidos está com pouco espaço junto ao governo Trump. O filho de Bolsonaro tem conquistado espaço em jornais e redes de TV alinhadas com os republicanos. Sua atuação na comissão irá reverberar nesses veículos.

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