Economia

NOVA ONDA

Aumento de casos de Covid-19 na China paralisam produção

Cidades importantes para a economia chinesa como Xangai e Shenzhen já impuseram medidas restritivas para conter aumento de casos. Analista diz que impactos imediatos nos mercados globais é 'improvável'.

por Vitor Hugo Gonçalves em 18/03/22 20:47

China está enfrentando novas restrições em decorrência do aumento de casos de covid no país – na terça-feira (15), a Comissão Nacional de Saúde confirmou mais de 5 mil testes positivos, frente a cerca de 1.300 no dia anterior. Desde então, a situação tem influenciado nas expectativas e no desempenho dos mercados globais.

No cenário doméstico, movimentações para conter a disseminação, como escolas fechadas, a volta para o home office e paralisação de pontos comerciais, voltaram a ser cenas corriqueiras em grandes cidades.

Entre as áreas afetadas pelas medidas restritivas estão alguns dos principais centros econômicos do país, como Shenzhen e Xangai. Empresas multinacionais como uma representante da Apple paralisaram suas operações à medida que o governo chinês expandiu as áreas em confinamento – ao sul, na província de Jilin, por exemplo, os habitantes foram obrigados a permanecer em quarentena.

Fila para testagem em Xangai.

Fila para testagem em Xangai. Foto: Reprodução (Redes)

Em Shenzhen, conhecida como a Vale do Silício chinesa, o governo impôs um lockdown de cinco dias aos mais de 12,5 milhões de habitantes, e todos os serviços de ônibus e metrô foram encerrados. Yantian, que tem um dos maiores portos do mundo, por onde transitam 10,5% dos contêineres usados no comércio exterior chinês, também está sob ordens restritivas.

Liu He, vice primeiro-ministro chinês, em pronunciamento à imprensa local, afirmou que o país introduzirá “cautelosamente” medidas capazes de assistir a economia nacional: “Todas as políticas que tenham impacto significativo sobre os mercados de capital devem ser coordenadas com departamentos de gestão financeira para manter a estabilidade e consistência das expectativas”, alertou.

Impactos na economia

Nesta sexta-feira (18), visando priorizar a economia, as restrições foram parcialmente suspensas nas regiões de maior importância financeira, sobretudo em Shenzen – no último domingo (13), a cidade, que abriga milhares de fábricas do setor tecnológico, havia decretado confinamento total.

O presidente Xi Jinping ordenou na quinta-feira (17) a manutenção da política denominada “Zero Covid”, a fim de frear a propagação dos contágios. No entanto, foi incisivo ao destacar também a necessidade de “minimizar o impacto da epidemia no desenvolvimento econômico e social”. A sinalização do mandatário de que a China injetará dinheiro na economia para enfrentar essa nova onda fez com que os mercados respirarem um pouco mais aliviados.

Analistas do mercado, entretanto, descartam a possibilidade dessas medidas impactarem de maneira abrupta o ciclo produtivo chinês e mundial. Rodrigo Barros, analista e cofundador da Âmago Capital, afirma que consequências diretas configuram “um cenário improvável”.

“No entanto, caso o ciclo de produção chinês seja comprometido, o ciclo do mundo inteiro também será, uma vez que a manufatura chinesa corresponde a 28% de tudo que é produzido no mundo. Então, achar que é possível impactar a indústria chinesa e não contaminar o restante do planeta é totalmente fora de cogitação”, complementou Barros.

O gestor pontua ainda fatores políticos que podem influenciar no combate: “É importante ressaltar que a China não é uma democracia, fator que fornece algumas ferramentas para o controle da covid que as democracias não têm, por exemplo: até recentemente, se uma pessoa testasse positivo no país ela era compulsoriamente internada em um hospital, algo que não é aceitável no Brasil, nos EUA ou na Europa; a política de testes também é bem rigorosa. […] Com todos esses artifícios, será fácil conter essa onda. Até porque, caso eles falhem, haverá um impacto muito forte na economia nacional, na economia mundial via inflação, como também seria uma derrota política para o Xi Jinping”.

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No MyNews Investe desta sexta-feira, o atual cenário chinês e seus possíveis desdobramentos econômicos foram pautas do programa:

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