A determinação do presidente Jair Bolsonaro de trocar o comando da Petrobras, com a indicação do general da reserva Joaquim Silva e Luna, para ocupar o cargo de Roberto Castello Branco, repercutiu na imprensa internacional, além de afetar os mercados. O assunto foi destaque no Financial Times, Wall Street Journal e Bloomberg, entre outras publicações estrangeiras.
Ao longo da segunda-feira (22), a reportagem sobre a reação do mercado a uma ingerência política na estatal brasileira esteve entre as matérias mais lidas da Bloomberg no mundo. O texto destacava o silêncio do ministro da Economa, Paulo Guedes, sobre o tema.
No americano Wall Street Journal, a matéria pontuava que a decisão de Bolsonaro para a empresa “gerou uma crise de confiança no compromisso do governo sobre as políticas de livre mercado”.
Segundo um estudo desenvolvido pela consultoria Curado & Associados, o episódio levou a empresa a atingir um iVGR (índice de Valor, Gestão e Relacionamento) de – 4,66, em uma escala que vai de -5 a +5. A consultoria aponta que crises de imagem começam quando o indicador está em -2.
“A mensuração, com base no material publicado sobre o caso, revela a imagem de uma empresa extremamente vulnerável, exposta a ser gerida de uma maneira inconsequente”, aponta a consultora de imagem Olga Curado, sócia-fundadora da Curado & Associados. “A imagem está associada a valor de mercado”, lembra. “Você tem aí um impacto de imagem extremamente negativo e assustador do ponto de vista do investidor”.
Em 2020, segundo estudo feito pela consultoria, a gestão brasileira na pandemia e a política ambiental do governo Bolsonaro fizeram com que o Brasil vivesse uma “crise de reputação” no exterior.
“Um tema que saltou os olhos é como o Brasil é relacionado, de maneira negativa, à política ambiental e, em especial, aos cuidados com a Amazônia e o Pantanal”, afirmou. Ela lembra que as reportagens publicadas sobre o Brasil são uma espécie de “cartão de visita” sobre o país. A percepção, segundo ela, é extremamente negativa do ponto de vista ambiental e sobre a gestão da pandemia – os temas que mais se sobressaíram em relação ao Brasil.
A pesquisa analisou 1.792 publicações de 7 veículos internacionais — os americanos The New York Times e The Washington Post, os ingleses The Guardian e The Economist, o espanhol El País,o francês Le Monde e o alemão Der Spiegel. Dessas matérias publicadas, 92% traziam um viés negativo sobre o Brasil.
Ao longo do ano, o estudo identificou que a imagem que prevaleceu sobre a gestão de governo de Bolsonaro foi de incompetência e vulnerabilidade. Sobre o aspecto ético, o atributo de irresponsabilidade manteve uma média de 20% de participação ao longo do ano.