Professora do Insper analisa dados e critica nova metodologia do ministério da Economia
por Fernanda Oening em 31/03/21 18:02
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira (31) que os números da taxa de desemprego no trimestre encerrado em janeiro bateram 14,2%. No período, o total de brasileiros em busca de emprego era de 14,3 milhões. Segundo o IBGE, esse é o maior número de desempregados desde o início da série histórica em 2012.
Mesmo tendo batido recordes, a taxa se manteve estável em relação ao trimestre móvel encerrado em outubro e ainda traz resultados dos efeitos de crescimento do emprego nos últimos meses de 2020, quando o comércio e o setor de serviços contratam para as festas de fim de ano.
O Instituto ainda constatou outro recorde. Cerca de 5,9 milhões de pessoas desalentadas, que são aquelas que gostariam de trabalhar, mas não procuraram emprego.
“Estamos falando, por enquanto, de dados de janeiro. Mas devemos ter valores não muito agradáveis para o desemprego em fevereiro e quando fechar o mês de março, porque estamos enxergando um aumento da incerteza, a demora na vacinação, uma nova onda da Covid-19 que faz com que as pessoas voltem para suas casas e assim começa a desativar o setor produtivo”,avalia a professora de economia do Insper Juliana Inhasz, .
“Esse desemprego é muito fruto e reflexo do que acontece hoje na economia brasileira. Uma economia que tem risco, que não cresce, que não sabe quando vai conseguir, de fato, retomar sua trajetória de crescimento sustentável e que também não sabe quando vai conseguir fazer reformas para resolver o problema fiscal que é tão grave e tão evidente e que se agravou mais nos últimos tempos”.
Em contrapartida aos números crescentes do desemprego, divulgados pelo IGBE, o Ministério da Economia divulgou na última terça-feira (30) os dados do Novo CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Segundo a pesquisa, foram criadas 401.639 vagas formais em fevereiro, o que foi motivo de comemoração do ministro Paulo Guedes. Mas, apesar de ser um número positivo, especialistas não enxergam motivos para comparações porque o método na coleta dos dados foi alterado em 2020 e o levantamento passou a usa uma metodologia diferente.
“Antes o CAGED contabilizava empregos formais, ou seja, aqueles com carteira assinada. Foram incluídos na pesquisa outras categorias que antes não faziam parte, como trabalhadores temporários, autônomos e estagiários, por exemplo. Ou seja, mudou a base de pessoas investigadas. Quando falamos em mais de 400 mil vagas criadas, neste último mês, na verdade o CAGED está sendo inflado por outras categorias que acabaram sendo consideradas, mas isso não é comparável aos períodos anteriores. É importante considerar que teve uma mudança”, analisa Inhasz. “Quando a gente coloca na ponta do lápis, o que são essas 401.639 vagas perto dos quase 15 milhões de brasileiros desempregados?”
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